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Uma grossa e gelada chuva começa a cair por Londres no meio do nosso caminho até o meu hotel. Harry e eu tentamos nos proteger dos pingos gelados da chuva e ficamos escondidos embaixo de uma tenta de uma cafeteria. Mas, eu e ele decidimos enfrentar a chuva de qualquer jeito porque ela não vai parar de cair tão cedo.

Não demora para que as nossas roupas estejam encharcadas e eu não sei se vou conseguir entrar no hotel dessa forma. As regras são claras com respeito a sujar o ambiente — e eu vou sujar se pisar na recepção.

A ponta do meu nariz está gelado e os meus lábios estão começando a tremer — eles devem estar roxos por causa da chuva gelada. Tento ao máximo esfregar as mãos uma na outra para me livrar do frio, mas eu fico com mais frio.

Ergo o olhar para Harry e noto que ele chuta algumas pedrinhas para dentro de uma das poças. Não sei se é a chuva gelada que está congelando os meus neurônios, mas eu fico deslumbrada ao vê-lo todo molhado com a chuva.

Por algum motivo ver os pingos de chuva escorrendo pelo seu rosto me faz ter uma vontade súbita de tocar o seu rosto e tirar o cabelo que cai nos seus olhos. Sacudo a cabeça para tirar esses pensamentos da mente e me concentro nos meus passos.

— Eu estou tremendo de frio — resmungo cruzando os braços.

— Também estou. Nunca me acostumei com essa chuva mesmo morando aqui por toda a minha vida.

— Você mora aqui desde o seu nascimento?

— Sim. Nunca conheci nenhum outro lugar que não fosse dentro da Inglaterra — responde dando um sorriso fraco. — Os meus pais nunca permitiram que eu saísse daqui.

As nossas histórias são meio parecidas de alguma forma. No meu caso é o meu pai que é superprotetor comigo e com os meus irmãos e eu sou igual a Harry... Nunca tive a chance de conhecer nada sem a presença dos meus pais. Ele nunca deve ter tido a chance de conhecer o mundo ao seu redor como eu nunca fui — até esse momento.

Imagino que eu tenho muito em comum com ele.

Continuamos com a nossa caminhada em direção ao hotel. As pessoas ao nosso redor correm apressadas de um lado para o outro em busca de abrigo para a chuva.

Finalmente nos aproximamos da entrada do hotel após alguns minutos de caminhada na chuva. Não tenho a chance de dizer nada ao pararmos perto do hotel porque um dos funcionários corre na minha direção ao me reconhecer e me entrega um guarda-chuva.

Puxo a manga do sobretudo de Harry para que ele fique embaixo do guarda-chuva comigo.

— Hum... É melhor eu entrar e trocar de roupa porque não quero ficar doente — falo olhando para os perfeitos olhos azuis dele.

O meu coração bate fora do ritmo.

— É melhor eu ir embora também.

— Adeus, Harry.

Até breve, Melissa. Foi um prazer ter a sua companhia nesse dia frio e chuvoso em Londres. — Harry segura a minha mão e dá um beijo no dorso.

Dou o guarda-chuva para ele e entro no hotel com o seu olhar nas minhas costas. Eu me viro uma última vez antes de seguir em direção a recepção e o vejo acenando para mim antes de se afastar.

— Você está precisando de alguma coisa, senhorita Welling? — pergunta a recepcionista ao me ver totalmente encharcada.

— Preciso de toalhas, por favor — respondo.

— Certo. Irei mandar entregar novas toalhas e toalhas quentes no seu quarto dentro de alguns minutos.

— Obrigada!

Melissa Ann: Não posso te deixar ir - LIVRO 2 [NOVA VERSÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora