Finalizada em agosto de 2021
🌔 A Filha da Fúria 🌖 Vol. 1
O despertar da Loba
Arwen sempre soube da existência de um mundo sobrenatural, do qual ela não poderia fazer parte. Seu pai, Arthur, é um Licaon Alfa, mas sua ascendência materna é humana...
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Os vampiros originais de Vancouver são de uma casta pacífica. Esse foi um dos motivos que Arthur levou em conta, quando escolheu essa cidade para eu morar. Todavia, já não era tão raro encontrar alguns imortais nas baladas e clubes noturnos, onde passavam praticamente despercebidos. Poderia ser difícil reconhecer os mais discretos, mas alguns usavam o ceticismo e a descrença, pela existência do sobrenatural, para se mostrar descaradamente. Se passando por indivíduos exóticos ou simplesmente personalidades diferenciadas, conviviam entre os humanos descrentes e desatentos, sem levantar suspeitas sobre a sua verdadeira natureza. Recém criados podiam ser mais descuidados, ainda sob a euforia da imortalidade adquirida, porém os próprios criadores cuidavam de mantê-los sob vigilância e controle.
Saímos da cobertura e descemos para a garagem. Assim que entramos no carro e colocamos o cinto, Kylo acelerou, pois temos pouco tempo para pegar o nosso vôo. O trânsito para o aeroporto costuma ser pesado nessa época de início de férias, por isso me mantive calada a maior parte do tempo, evitando distrai-lo.
Toda minha quietude era aparente, pois minha mente trabalhava fazendo conjecturas e buscando respostas. Por que eu estava sendo atacada por vampiros? Se nunca fui ameaçada por nenhum sobrenatural e me mantinha afastada de qualquer um que parecesse ser. Seria a intenção do meu pai que eu me mudasse para a Grécia? Em quase todo lugar do mundo, existe uma alcateia. Então, por que especialmente deveria ser lá? Eu só esperava encontrar todas as explicações com a Luna Mirella Davos.
Meu silêncio o estava incomodando. Percebia seu olhar atento ao tráfego da avenida, que nos levaria ao aeroporto e quando me olhava de soslaio. Eu deveria lhe fazer mil perguntas, mas todas perdiam o sentido, quando seus olhos traíam suas palavras de incentivo. Quando revelavam tanta dor e dúvidas, quanto as que eu sentia. Kylo me pediu apenas para confiar e eu decidi segui-lo.
Em dado momento, ele retirou a mão da direção do carro e tocou de leve a minha nuca, fazendo arrepiar a raiz dos meus cabelos, instantaneamente. Aliás, todo meu corpo foi varrido por uma sensação morna e envolvente, como uma banheira de espuma. Ou uma xícara de capuccino no dia mais frio do inverno ou a lareira acesa e uma taça de vinho tinto. Eu só conseguia fazer essas comparações, pois era um sentimento novo para mim e era bom demais. Fechei os olhos para gravar o que sentia no mais profundo da minha alma. Se depois desta viagem, nós tivéssemos que nos separar, eu teria a melhor lembrança do Kylo, para preencher os meus dias de solidão.
Kylo
Eu peguei nossas sacolas de viagem e saímos do apartamento. Observei que havia homens vigiando a nossa partida, discretamente. De certo foram enviados pelo Alfa de Vancouver, a pedido do meu Beta. Entramos no carro e seguimos para o nosso destino. Arwen ficou quieta, olhando pela janela, parecia se despedir da cidade.
Eu tentava disfarçar meu olhar que fugia da avenida e se concentrava nela. A iluminação da rua refletia em seu rosto e revelava a simetria perfeita. Nariz, lábios, queixo e o colo que se movimentava a cada respiração mais profunda.
