Capítulo XXI

230 25 317
                                    

Alcatéia do Mestre Bernard Memorias

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Alcatéia do Mestre Bernard Memorias

Quando abri meus olhos, só havia dor. Tentei me mover para levantar, mas o meu corpo não obedecia. Assim como os Licaons tem o seu veneno e suas fraquezas, os vampiros também o tem.

— A maldita verbena, sempre tão eficiente. — amaldiçoei.

Eu contei que o Supremo me deixasse vivo, porém fui bastante castigado pelo lobo negro.
A última vez que senti tanta dor, faz muito tempo. Quando fui mordido por Nikolaus e a seguir, a sede insaciável que me fez matar indiscriminadamente, por muito tempo. Tempo demais e vítimas demais para recordar.

O mestre Bernard e a jovem estão cuidando dos homens feridos. Provavelmente vão partir o mais rápido possível de volta a alcatéia Tyrell. Ela se aproxima e me oferece uma mistura para beber.

— O que é isso?

— Uma infusão de hibisco e artemísia para acelerar a sua recuperação, já que a verbena impede que seu corpo se cure naturalmente.

Eu olho o ferimento que fiz no pulso da moça, coberto por uma bandagem e lembro o sabor do seu sangue.

— Seu sangue é diferente. Tem o dulçor das flores. Que tipo de bruxa é você?

A moça nada responde e continua a me servir.

— Esse encanto seria capaz de dominar a mais insensível das feras, porém você tem medo de usar ou teme o poder que possui.

— Megan, não dê atenção a esse monstro.

Ela se afasta de mim, obedecendo ao ancião.

— Beba e se cale, vampiro.

— Se ainda estou vivo é por que...

— O Supremo Tyrell achou por bem poupa-lo.

— Me leve até ele.

— Ele não está mais aqui, mas ordenou que você seja levado junto com os outros.

Sorrio satisfeito e fecho os olhos.

— Já que é assim, melhor eu relaxar. De alguma forma, eu vou ver a Luna.

Quando me choquei com a loba no lago, senti algo dentro de mim despertar. Seria meu lobo? Minha consciência? Meu antigo desejo de liberdade?

Bernard e sua neta se retiram. Sozinho, volto a me concentrar em minhas memórias. Do meu último dia como lobo e o primeiro como vampiro.

— Eu não posso matá-lo. Eu não posso desobedece-lo. Mas posso usar o que sei ao meu favor e sobreviver. — pensei comigo.

Não podemos matar nosso criador. E não é porque vamos morrer de forma mais dolorosa do que quando fomos criados. Sentindo o coração ser arrancado do peito. Ou secando por falta de sangue. Ou ser desmembrado vivo... morto. Simplesmente não conseguimos. E sim, eu tentei.
Quem instituiu essa maldita diretriz que não pode ser quebrada, foi muito inteligente em garantir sua própria sobrevivencia, porque 99,9% dos transformados odeiam seus criadores por muito tempo, talvez pela eternidade de suas vidas. Alguns tornam-se aliados. Poucos se tornam amigos. Muitos se sentem escravizados e levam a vida tentando se afastar, sem sucesso. Ao contrário dos lobos, podemos viver por longo tempo solitários.

🌔 A Filha Da Fúria 🌖 O Despertar Da Loba 🐺Onde histórias criam vida. Descubra agora