03. You are the Only Thing I Need Right Now

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BEBE
*oito horas atrás*

- Eu quero falar com você, eu preciso.

Sua voz carregava uma embriaguez diferente da que já estava acostumada, algo que lá no fundo ainda puxou uma onda de preocupação com alguém que eu não deveria mais nem estar trocando uma palavra sequer.

- Acho que não tem mais o que ser dito, Alex. Está muito claro pra mim a nossa situação, para você também deveria estar.

Tento falar baixo, conter a minha raiva, mas aquilo parecia quase impossível. Me encaixo por trás de algumas das caixas que guardavam o instrumento de algumas bandas, procurando o local mais escondido para atender a ligação de Alex (a única ligação desde o ocorrido).

- O que você quer que eu faça? Eu não posso mudar o que já aconteceu! - diz ele, dava pra perceber claramente que estava alterado.

- Isso não deveria ter acontecido, mas aconteceu. - digo, tentando buscar fôlego e tentando ao máximo não chorar. - Eu não preciso disso na minha vida, não agora.

- Besteira! Porra, Lizzie! Eu amo você, e não adianta negar que eu sei que você também me ama!

- Amo. - digo, doendo mais do que nunca, pois eu sabia que aquela seria a última vez que diria aquilo em voz alta. - Mas amor nenhum no mundo vai me transformar em uma otária! Adeus, Alex.

Desligo o telefone rápido, sem chance alguma dele tentar me fazer mudar de ideia. Puxo minhas pernas e encontro ao meu peito e me permito chorar por apenas um segundo, e aquele segundo seria para lembrar de nunca mais deixar cara nenhum me fazer prestar aquele papel.

Meu celular apita, avisando uma nova mensagem, então olho a tela mais uma vez.

"Não vou desistir de nós. Estou indo até você!"

Reviro os olhos quando bloqueio novamente o celular, por mais que não tivesse ninguém ali para presenciar. Eu queria um travesseiro, só um em que pudesse enfiar a minha cara e gritar o mais forte possível, gritar até machucar a minha garganta e Joey me conseguir uma licença de um ano fora dos palcos. Limpo meu rosto, quase não aguentando e voltando a chorar, e começo a andar pelos bastidores do festival, entrando no meu camarim e dando de cara com Lorie ajustando as cordas do baixo. Jogo o celular de encontro às maquiagens da penteadeira e meu gesto a fez levantar a cabeça e me olhar preocupada. "Alex?", ela balbuciou.

~~~~~~
00:00

Ele realmente tinha ido atrás de mim. Eu nem sabia que o Arctic Monkeys ia se apresentar no festival, mas aparentemente sim, e no dia seguinte (parabéns, Bebe. É isso que acontece quando você se recusa a acompanhar as notícias).

Jake e eu entramos no elevador, onde ninguém dá um pio. Certeza de que eu deveria estar mais pálida do que nunca, como se tivesse visto um fantasma. Não ouso olhar para Jake agora, eu estava morrendo de vergonha. Por mais que ninguém soubesse do meu relacionamento com Alex, eram apenas especulações que os fãs das nossas bandas faziam, nunca tínhamos confirmado nada. Mas algo em mim dizia que eu devia explicações para Jake, ou melhor, com certeza devia depois do olhar que Alex lançou para ele.

Sinto que vou começar a chorar. 
(Agora não, Bebe, por favor).

Encosto na parede do elevador enquanto cruzo os braços, Jake está na outra ponta, me encarando o tempo todo mesmo com a enorme distância entre nós e o silêncio infernal.

- Então... - diz ele, dando dois passos e ficando na minha frente. - O que foi aquilo?

- O quê? - digo, olhando para a porta do elevador.

ALMOST FAMOUS  // jake kiszkaOnde histórias criam vida. Descubra agora