17. Help

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BEBE

Joey ficou mais surpreso do que nunca quando eu apareci no seu escritório do prédio da Universal para dizer que: "Eu estou fora da Animals".

Ele até tentou me convencer do contrário, mas quando "Runaway Back Again" ficou em primeiro lugar das paradas nas semanas seguintes, de repente eu tinha virado a galinha dos ovos de ouro da gravadora; aí foi questão de tempo para que eu assinasse um contrato apenas como Bebe Bonham.

Lorie não sabia ainda, Matt também não, mas eu estava mais focada em saber se seria possível ou não a minha saída da banda. Eu também não sabia como falar isso pra eles, principalmente para Matt, que sempre colocou a Animals como a principal prioridade de sua vida. Queria poder dizer também que a minha saída não influenciaria no futuro da banda, mas eu sabia que aquilo não era verdade.

Pude contar com a companhia de Josh durante as últimas semanas, mas sempre achei que sua presença ali era mais para evitar que eu tivesse uma overdose ou coisa do tipo. Ele me ajudava a compor a melodia de algumas das letras que eu já vinha trabalhando, e aquele meio tempo em que passávamos horas juntos foi algo preocupante pra mim, por não saber lidar com o que eu tinha feito. Eu não sei... queria ter anulado cada uma das minhas atitudes do último ano.

Passei os dias e as noites focada nas folhas do meu caderno, e quando eu já tinha usado a última folha foi que percebi que não aguentava mais. Ter um caderno inteiro de repertório poderia ser incrível para alguns artistas, mas para mim estava parecendo mais um enorme diário que eu não saberia como mostrar para todos. Resolvi decidir entre duas atitudes:

1. Sair de casa e comprar mais cinco cadernos (só por precaução).

2. Procurar ajuda.

Eu tinha Josh, mas sabia que não seria suficiente, muito menos o Matt. Lorie ainda estava no Michigan, e eu tenho a evitado nas últimas semanas, recusando suas ligações e apenas mandando mensagens de "está tudo bem!". Mas ainda tinha uma pessoa, uma, e era a que tinha me ligado à alguns dias avisando de sua chegada, mas também era mais uma na lista de pessoas que eu preferia ignorar.

Mas eu estava meio que sem opções, não é mesmo? E foi aí que eu decidi ir para o último lugar da terra.

Hamptons parecia ser tão soberbo quanto eu lembrava. A última vez que tinha estado na casa de praia da família tinha sido no meu aniversário de quatorze anos, onde minha mãe decidiu fazer uma festa enorme em três dias, tudo isso por causa de uma briga com o meu padrasto. Desde então é assim, sempre que os dois brigam é questão de tempo para receber uma ligação dela dizendo: "Estou indo para Hamptons!".

Quando toco a campainha, prendendo a mão no bolso traseiro da minha calça. Quando se tem uma mãe como a minha, pequenos truques para aliviar a ansiedade nunca são demais, mas eu tinha muitos.

A porta se abre pouco tempo depois, o que já era suficiente para que eu soubesse que não era a minha mãe a atendendo. John abre a porta como que para qualquer um, mas assim que vê que se tratava de mim ele abre aquele tipo de sorriso que faz a pessoa chorar ao mesmo tempo. Ele não fala nada, apenas me abraça de uma vez só, me pegando de surpresa.  Eu não odeio o meu irmão, mas acho que nunca irei me acostumar com a sua presença, por mais que isso já tenha doze anos...

Ele estava usando o cabelo um pouco maior do que a última vez em que nos vimos, poderia facilmente ter saído de uma comédia adolescente dos anos noventa. Seus fios loiros entregavam que era filho de Peter, mas os olhos eram definitivamente de nossa mãe. Nós até nos parecíamos fisicamente, mas essa história de que "o sangue chama", nem sempre é verdade.

ALMOST FAMOUS  // jake kiszkaOnde histórias criam vida. Descubra agora