ALMOST FAMOUS // jake kiszka

05. And The Grammy Goes To...

BEBE

Em meio aos trabalhos para elaborar o álbum novo me veio à cabeça a ideia de relembrar cada "caso amoroso" da minha vida. Ideia estúpida, já que desde o começo eu já imaginei que iria me magoar com os possíveis resultados deste meu estudo.

1. Brad Collins.
Nos conhecemos na escola, cada um aos 11 anos, e foi a primeira vez na minha vida que senti meu coração acelerar só de ouvir o nome da pessoa ser citado. Ele tinha os olhos mais verdes que eu já tinha visto, o cabelo castanho como as folhas do Central Park que caiam no outono, e segundo toda a escola; ele tinha a bicicleta mais legal do Brooklin. Durante o baile de inverno o convidei para dançar, ele disse que não, e depois disso decidi nunca mais olhar na cara dele. Decidida Bebe Bonham sempre foi.

2. John Benson.
15 anos, e John com certeza era o cara errado para estar apaixonada. Na época, ele tinha 18 e estava bem na minha frente na escola e nos conhecemos na detenção. Ele tinha os dedos tatuados, o cabelo penteado para trás e matava quase todas as aulas para fumar atrás do ginásio. Saímos duas ou três vezes, até que quando me recusei a transar com ele, o idiota me fez sair do carro no meio do nada. Até hoje acredito que a principal lição que levei de John foi: nunca confie em um cara que segue cegamente uma religião baseada nas letras do Black Sabbath.

3. Alex Turner.
17 anos, durante uma viagem que era para ser um "presente de pré-formatura", esbarro com o vocalista de uma das minhas bandas favoritas em um bar de Londres. Fiquei tão ludibriada com aquele ambiente de comédia romântica barata que talvez por isso tudo tenha acontecido tão rápido quando estive com Alex. Nós passamos um final de semana inteiro juntos, conversando e andando pelas ruas da cidade, tocando com o pessoal da banda no apartamento de Alex; e mesmo quando estávamos longe ainda passávamos todo o tempo falando um com o outro. Quando voltei para New York acreditei mesmo que todo aquele romance tinha acabado, até que na noite do meu baile de formatura o Arctic Monkeys surgiu no palco daquele ginásio do Brooklin e fez um show improvisado. Foi a coisa mais romântica que alguém já tinha feito por mim, e em seguida vinheram as músicas, os álbuns (quando após uma briga, passamos três meses separados, semanas depois a banda lança o álbum AM, que mais deveria se chamar BEBE). Alex me deu o mundo apenas para esmaga-lo toda vez que fazia alguma merda, e isso eu não iria tolerar mais.

4. Jake Kiszka?
22 anos, mas com certeza não aprendi nada com os últimos três. Como, depois de tantas decepções, vou me apaixonar por um cara que conheci por uma noite? Porra, Bebe! Não, você não vive em um filme romântico, a vida não é um conto de fadas, amor não é como nas letras dos Beatles e Oasis! Mas com Jake eu me sentia exatamente assim. Durante grandes momentos da minha vida, momentos realmente bons, sempre que me perguntavam como eu me sentia com isso, eu respondia: "Eu não sei". Eu não sabia como me sentia em relação com Jake. Não tinha uma explicação plausível pra me sentir tão mexida com alguém que conheci só por uma noite.

O som da porta do quarto se fechando ainda é claro na minha mente, e por mais que eu repetisse milhões de vezes que Jake foi um caso de uma noite só, meu coração me mostrava outra coisa. Lorie passou horas me chamando de estúpida por ter feito aquela pergunta a Jake, seguida por mais algumas horas sobre como eu deveria ter deixado as coisas fluírem. Não consegui explicar os meus reais motivos, mas basicamente, eu estava exausta. Por Brad, John e Alex. Só não queria entregar meu coração para alguém apenas para que ele fosse destruído mais uma vez.

Estava com a cabeça tão cheia que durante todos aqueles dias no estúdio em Manhattan não me ajudaram em nada, criativamente. Elaborava uma melodia ou outra, conseguia terminar parte de uma música, só para Josh rir e dizer que tínhamos virado uma banda Emo por causa das minhas letras melancólicas. Agora mais do que nunca me sentia irrelevante como artista. Por isso mesmo que não queria de forma alguma voar para Los Angeles só por um final de semana por causa do Grammy.