q u i n z e .

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Mellanie

Sento na minha cama e abro a cortina da minha janela, eu vejo o Luke e o Mike jogando bola juntos. Apoio meu rosto nas costas da minha mão e respiro fundo, mas minha respiração calma se vai quando o Vincent aparece. Ele está com a camiseta pendurada em um dos ombros, está sorrindo e falando algo aos irmãos enquanto aponta alguma coisa, depois fala algo mais alto e some da minha visão.

Por algum motivo eu quero continuar a vê-lo.

Bufo e volto minha atenção ao meu caderno com os vários exercícios de física que eu preciso terminar.

— Droga — resmungo e pego meu celular, tem várias chamadas perdidas da Theodora e inúmeras mensagens não respondidas do Vincent.

Faz quase um mês que eu não o vejo, com exceção de agora. Eu decidi isso sozinha, quero distância dele pra tentar deixar minha vida normal como estava antes dele aparecer. Voltei a fazer terapia com minha terapeuta de sempre que já me conhece há anos.

Na maioria das mensagens ele está perguntando como estou, se melhorei, se estou chateada com ele, ou se ele fez algo. Eu não respondi, mas isso não o impediu de mandar mais. Meus olhos voltam pra janela e o Vincent está bem no meio com a cabeça erguida me encarando. Me assusto e arregalo os olhos, fecho a cortina rapidamente e me afasto da janela. Pego meu caderno e me concentro no meu dever.

°

— Oi, garoto — sussurro para o Bee deitado no sofá, ele abana o rabo e lambe as costas da minha mão. Pego um copo de água e caminho até a porta, a abro e saio lá fora. Já é madrugada, quase 2 da manhã, mas eu não consigo dormir, talvez um ar fresco me ajude a ter sono.

Sento na escada de casa e me apoio no corrimão com meu celular na mão e o copo de água na outra, fecho os olhos e respiro fundo, mas me assusto com meu celular vibrando. O pego e encaro a mensagem, é ele.

"Sem sono?"

Levanto os olhos pra varanda da casa da Emma, mas está vazia, até que uma luz piscando várias vezes vinda de uma janela no andar de baixo me chama atenção, é o Vincent. Ele acena e sorri com uma lanterna na mão.

Meu celular vibra de novo.

"Não precisa ter medo, não vou sair daqui de onde estou. Não se preocupe."

Engulo seco e respondo:

"Não tenho medo de você."

"A não? Não é o que parece já que tem me evitado esses dias todos."

Bufo e o encaro, ele já está me olhando. Respondo:

"Não foi por sua causa. Não exatamente. É mais por mim."

"Essa é uma nova versão do “não é você, sou eu”?"

Reviro os olhos.

"Não, não é."

"Tudo bem, não quero te deixar desconfortável nem nada. Preciso ir dormir. Boa noite. Vai dormir também, já está tarde demais pra ficar sentada fora de casa."

Levanto os olhos pra ele na janela, mas já está tudo escuro. Então respiro fundo.

"Boa noite."

Levanto e volto pra dentro de casa.

°°°

— Quanto? Um "A"? Merda! — Theo reclama quando vê minha prova. Ela bate no braço do Nicolas e bufa. — Ainda bem que o Nico também tirou uma nota ruim — comemora sorrindo.

Mellanie - Intocável [2° história]. Onde histórias criam vida. Descubra agora