Monster (Harry Styles)

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- Estou saindo, não me espere acordado. - pego minhas chaves e coloco na bolsa.
- Espera - ouço seus passos vindo do banheiro e ele aparece na sala - Onde você vai?
- Nós moramos juntos isso não quer dizer que manda em mim. - abro a porta e saio.
- Ei - ele segura a porta e sai também, segurando meu braço com certa força - me fala onde você vai? A única coisa que vai conseguir com essa atitude é me deixar preocupado.
- Vou sair para dançar com Branca, Jasmin e Dave. Não volto tão cedo.
- Que? Vai à uma balada com outro homem? Você já tem dono.
- Viu por quê não queria falar? Tem muitos erros na sua frase, Styles. Para começo de conversa, você não é meu dono, é namorado. Eu vou sair com outro homem, sim, meu melhor amigo e mais duas amigas. Aqueles que você conseguiu me impedir de viajar, mas não vai mais me impedir de fazer o que eu quero.
- S/n! - ele me segura mais uma vez.
- Que é?
- Te amo. - ele me puxa pela cintura e me beija com bastante intensidade - vou te esperar.
- Está bem. Apesar de tudo, também te amo. - reviro os olhos e saio.
- Não demore tanto, vamos passar a noite juntos. - ele pisca e espera até que eu saia com o carro.
Já dentro da boate, a batida é alta e as pessoas apenas se agitam, cada um com sua dança interna. Ligo para Dave e os encontro no bar. Os três acabaram de voltar de uma viagem maravilhosa, a qual eu ia junto, mas Harry fez um escândalo por causa de Dave, de quem ele sempre teve muitos ciúmes, e depois de uma longa discussão, acabei não viajando, porque perdi o voo. É claro que fiquei sem falar com Harry e ele pareceu entender o lugar dele, mais ou menos.
A história é que ele é muito possessivo, mas normalmente eu consigo contornar a questão. Nós nos amamos, mas as vezes ele tem uma crise de achar que eu não o quero, e acho que ele é muito inseguro, senão saberia que eu não o abandonaria, a não ser por essas crises. Namoramos há dois anos e ele virou minha vida de cabeça para baixo desde o começo. Minha prima diz que tem medo dele, mas sei que ele não é agressivo ou coisa do tipo, do contrário não estaríamos mais juntos. A gente se dá tão bem sem esse ciúme doido dele, mas eu não sei o que fazer.
- GENTE - eu grito e me jogo em cima deles, em um abraço - estava com saudades! - eles passaram duas semanas nas Ilhas Maldivas.
- Eu também - Dave me pega no colo e roda comigo. Rio.
- Como foi? Quero saber tudo! - abraço Branca e Jasmin.
- Ai, eu não sei descrever de tão maravilhoso. Aquela água claríssima e aquele sol quentinho. Nossa, já quero voltar! - Jasmin suspira. Os três estão muito bronzeados e sinto uma leve inveja. Eu podia ter ido junto.
- Eu tenho fotos! - solta Branca, de repente, parecendo se lembrar. Enquanto isso Dave me entrega uma bebida. Ele está mais bonito, deve ser o bronzeado, não sei. - Olha que coisa mais linda...olha a cor desse céu, dessa água. Mana, a água é tão transparente que os barcos parecem que estão voando. Você ia amar aquilo tudo, achei tão sua cara.
- Branca - ouço Dave. E aí ela percebe que eu fico meio triste por não ter ido.
- Perdão. Foi mancada minha, mas ainda vamos fazer muitas viagens juntos, pode apostar. - ela dá um sorriso e me abraça. Sorrio com ela. Ela não tem culpa.
- Tudo bem. Vamos dançar? - bebo dois shots direto.
- Ei, vai com calma que isso não é água. - Jasmin ri enquanto faz a mesmíssima coisa.
- Mais um, moço. - falo por cima da música e viro mais um shot.
- Agora chega - Dave me puxa para a pista de dança e as meninas vêm logo atrás. Já sinto o álcool no meu organismo, me sinto mais solta.
- Vamos arrebentar! - grito rindo e começo a pular com as meninas, que também parecem um pouco alteradas.
- Já vi que vou ficar de babá. - Dave revira ou olhos.
- Que? Não mesmo, se solta Dave. - seguro seus braços e o puxo para pular com a gente.
Dançamos mais um pouco, mas paramos para beber mais. Ainda estou meio revoltada com Harry por mais que não queira falar e essa noite, vou encher a cara. Bebo algumas misturas esquisitas e voltamos para a pista. Agora a música é uma eletrônica muito louca e eu me sinto tão louca quanto ela enquanto danço. Jasmin sai para atender o celular e eu danço com Branca e Dave. Todos estamos bêbados demais ao que parece. Estou pendurada no pescoço de Dave e Branca está agarrada à minha cintura por trás, estamos nos movimentando juntos demais, mas isso não me incomoda. Rimos à toa e isso é tão bom.
Em algum momento Dave me solta e está dançando com Jasmin, que já voltou. Agora eu estou abraçada a Branca, dançando no ritmo da música e estamos tão perto que em um certo momento tenho a sensação de que ela vai me beijar. Talvez eu tenha bebido demais. A solto e começamos a pular como duas crianças e Jasmin e Dave entram na brincadeira. Paro por um momento, sentindo o mundo girar. Tem alguma coisa errada. Tenho a sensação de que me drogaram, a bebida não estaria fazendo esse efeito. Me apoio numa cadeira, tonta. Quando olho para meus amigos, Branca e Jasmin estão se beijando. Meu Deus. Olho em volta e todos parecem muito felizes, dançando. Felizes demais. O segurança me encara e fala algo no rádio, uma menina aparece me oferecendo vodca, aceito mesmo sem saber o porquê e ela sorri, indo embora.
Me recomponho e volto mais animada que antes para a pista. Dave me pega pela cintura e jogo meus braços para o ar, curtindo a música. Dave ri, assim como eu.
- Precisava disso! - grito por cima da música. Dave apenas ri.
Parece que a boate tinha diminuído ou o número de gente ali dentro tinha aumentado, porque eu estava dançando muito, mas muito colada em Dave, e ao mesmo tempo sentia as meninas dançando coladas nas minhas costas também. Olho em volta e vejo aquele mar de gente dançando colados até com desconhecidos e eu parecia ser a única que achava aquilo estranho. Ou talvez fosse o álcool. Sei lá. Viro de costas para Dave e volto a dançar, mas em pouco tempo uma mão segura firme em meu braço. Dói. Me viro o mais rápido que posso em meio àquela gente toda.
- Harry? O que você...
- O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO?!
- Eu? - rio, sentindo meu corpo meio mole - Dançando, meu amor! - dou uma gargalhada e me viro de costas de novo. Dave continua agarrado em mim.
- VOCÊ VEM COMIGO E É AGORA! - ele começa a me puxar pelo braço.
- ESTÁ ME MACHUCANDO! - puxo o braço de volta.
- OLHA O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO?! VOCÊ É MINHA! E FICA SE ESFREGANDO NESSE BABACA? VAMOS EMBORA AGORA! - ele puxa meu braço de novo, já está dolorido, certeza de que vai ficar roxo.
- EU NÃO TENHO DONO - grito pausadamente - SE QUISER PODE IR EMBORA, VOU FICAR COM MEUS AMIGOS.
- Cara, ela disse para você ir embora! - Dave diz, apenas.
E como se mais nada bastasse, apenas vejo Dave cair no chão com sangue escorrendo do nariz. A mão de Harry ainda está no ar.
- VOCÊ NÃO MANDA EM MIM! - ele grita e me segura de novo. As pessoas recuam à nossa volta e agora estamos no meio de uma roda.
- Nada de brigas aqui. - o segurança resolve entrar na discussão e dessa vez sou eu que seguro o braço de Harry.
- Dave...
- Está tudo bem. - ele dá um sorriso fraco em minha direção.
- Eu já volto. - e com isso, puxo Harry para o lado de fora. Ele parece assustado com minha força. Agora estou mais sóbria que o normal. - O QUE VOCÊ PENSA QUE ESTÁ FAZENDO?!
- BUSCANDO MINHA MULHER, QUE PELO QUE PARECE, PREFERE FICAR SE ESFREGANDO EM OUTRO ENQUANTO ESTOU EM CASA! - sua fúria é enorme, mas a minha é maior.
- Eu não sou sua mulher - digo pausadamente entredentes - você sempre me impede de fazer o que eu quero, mas isso não vai mais acontecer. Já passei muito tempo sendo idiota e te desculpando por tudo que você faz, esperando que você mudasse, que voltasse a ser aquele homem por quem me apaixonei. Mas eu sei, agora eu sei, que isso não vai mais acontecer.
- Que? Do que está falando?! Vamos embora, você bebeu demais.
- Harry, eu não vou com você. Está tudo terminado. Volte para casa, sem mim dessa vez - sinto lágrimas escorrerem pelas minhas bochechas - eu te amo, mas eu também me amo e não posso deixar as coisas como são.
- Eu... - Harry rosna e levanta uma das mãos. Parece transtornado.
- Não ouse levantar a mão para mim, Styles.
- Que? Eu nunca levantaria a mão para você. - ele parece confuso, as mãos agora nos bolsos do moletom - s/n, eu te amo. Por favor, me escute. Vamos embora e conversamos melhor em casa. Por favor.
- Se me ama tanto quanto diz, - abaixo a cabeça e fecho os olhos - vá embora. Vá embora e esqueça que um dia eu existi.
- Amor...
- Adeus, Harry.
- Por favor! Eu imploro se quiser. Me ajoelho e peço perdão por tudo. - ele se ajoelha e abraça minha cintura.
- Não faça com que seja pior para nós dois... - não consigo parar de chorar e com Harry praticamente suplicando, meus soluços são altos. Mas não posso deixar as coisas assim. Não mais. - Adeus, Harry. - consigo me soltar de seus braços e volto correndo para dentro da boate.
Tento abrir caminho entre a multidão de corpos pulando em sincronia. Todos estão tão colados uns nos outros que tenho que aplicar certa força. O bloco de gente me atrasa, mas ando o mais rápido que posso. Encontro Dave sentado no bar com um pano no nariz estancando o sangramento. Jasmin e Branca estão ao seu lado parecendo preocupadas, e agora, tão sóbrias quanto eu. Assim que elas me vêem, correm na minha direção e me abraçam. Acho que pelo meu estado já sabem o que aconteceu.
- Ah, s/n - Branca tenta limpar minhas lágrimas e me abraça.
- Vai ficar tudo bem. - Jasmin parece não saber muito bem o que fazer e acaba me abraçando também.
Naquela noite dormi na casa de Branca. Jasmin também dormiu lá. O negócio é o seguinte: eu me mudei para cá e fui morar com o Harry, meus pais não são de Los Angeles, então não tenho onde ficar. Dave foi buscar minhas malas que eu mesma mandei Harry fazer, e trouxe para a casa de Branca, onde pretendo passar pouco tempo.
E foi o que aconteceu, durante uma semana tive uma colega de quarto e eu não queria mais incomodar. A mãe de Branca dizia que eu podia morar ali se quisesse, mas sei que em algum momento eles gostariam de estar só, e eu estaria ali, atrapalhando. Branca, como sempre, esteve do meu lado a todo momento, e precisou estar também quando tomei uma grande decisão. Estávamos sentados no sofá da sala dela: eu, Dave e Jasmin.
- Eu amo muito vocês - sorrio para os três que mantém toda sua atenção em mim - e quero dizer que decidi voltar para o Brasil.
- Que?! - Dave deu um pulo na cadeira - você...como...
- Dave, eu preciso passar un tempo fora, longe de tudo isso, longe de encontrar Harry na rua, e longe de ter alguma possibilidade dele querer falar comigo. E para minha sorte, tenho uma casa fora do país - abro os braços rindo, com lágrimas nos olhos.
- Mas e a gente? - Jasmin parece menor.
- Eu... - engulo em seco e tomo coragem - eu chamei os três aqui, porque quero passar o máximo de tempo com os meus melhores amigos, antes de sumir. Não vou manter contato com vocês, isso também me arrasa, mas preciso de um tempo só com os meus pais, como era antes de eu conhecer o Harry, e infelizmente, vocês.
- Na...
- Me desculpem. De verdade. E eu digo que isso não é um "adeus", só um "até logo", não espero que entendam, porque nem eu entendo, mas peço que me apoiem.
- É claro que vamos te apoiar - Dave se levanta do sofá e se agacha na minha frente. Pega minhas mãos, ele, assim como todas nós, tem os olhos cheios d'água - mas isso não quer dizer que não sentiremos sua falta. Muito. - ele sorri e me abraça, as meninas me abraçam também.
- Tudo bem, chega de choro - limpo a bochecha de Jasmin - agora vamos aproveitar nosso último dia? - abro o maior sorriso que posso.
Volto à minha terra natal amanhã. Hoje, vamos curtir, vamos fazer tudo o que não fizemos nos últimos anos em apenas uma noite. Dave tem a ideia de um parque e nós compramos a ideia. Talvez dar umas voltas de cabeça para baixo me faça esquecer, por um momento, o que vai acontecer. E faz. Durante toda a noite nós rodamos, pulamos e gritamos como quatro crianças sem responsabilidades, como se não houvesse amanhã. Mas houve, e foi doloroso.
- Promete que vai voltar - Branca já está agarrada a mim, me fazendo chorar. Prometi a mim mesma que não o faria. Nada deixa uma despedida mais triste que ver quem você ama chorando.
- Prometo. Prometam que não vão esquecer de mim, porque eu não vou.
- Abraço coletivo - Jasmin nos esmaga e acabamos rindo. Só ela poderia nos fazer rir.
Jasmin me entrega um cordão como lembrança. Claro que isso me faz chorar mais. Dave me dá um livro que eu mesma disse para ele ler e Branca me entrega uma cópia da chave de sua casa. "Sempre aberta para quando voltar." Nos despedimos uma última vez e eu entro no avião, pronta para encontrar minha família.

Anos depois...

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