Acordei há duas horas atrás, mas continuo deitada encarando o teto. Moro sozinha há uns oito meses e como se não bastasse essa mudança na minha vida, terminei com Phil. A verdade é que não consigo parar de pensar nele. A forma como terminamos foi, no mínimo, esperada. O problema é que todos percebiam e eu não. Sempre fui apaixonada por ele, mesmo quando diziam que ele não era ''do tipo que namora'', mas eu acreditei plenamente quando ele disse que faria qualquer coisa por mim e me pediu em namoro. Ainda não decidi se sou trouxa ou burra.
- Bora acordar para a vida, dona s/n - falo para o teto e respirando fundo, me levanto.
Tomo um banho e me arrumo, hoje é terça-feira, mas como uma mulher de vinte e quatro anos desempregada, não tenho obrigação nenhuma com ninguém. Ignoro todas as mensagens no meu celular e pego uma caixa com diversas lembranças do Phil. Dou uma última olhada no espelho e coloco meus fones, saindo de casa. Sigo para a padaria em que eu e ele sempre fomos, seria a última vez que eu iria lá, e hoje seria o dia em que Phil sairia da minha vida de uma vez por todas.
Passei os últimos oito meses pensando no fato de que tudo o que o amor faz é partir, queimar e acabar, mas decidi que Phil não pode acabar com minha vida sem nem estar mais nela, pelo menos não literalmente. Estaciono o carro e entro na padaria, me sento na nossa mesa de sempre, que fica em um canto reservado de forma que eu não seria incomodada por ninguém. Coloco a caixa enfeitada em cima da mesa e a encaro com todo o significado que ela tem.
- S/n? Nossa, quanto tempo! - Nely, a garçonete que sempre me atendeu me assusta. - Phil continuou vindo aqui e você não, imaginei o que aconteceu. Senti sua falta. - ela ri meio sem graça e eu a abraço.
- É, a gente terminou - sorrio para ela e nós nos sentamos - mas essa aqui será a última vez que venho aqui. Essa padaria tem um grande significado que eu pretendo deixar para trás. Talvez eu volte daqui a alguns meses, talvez anos, mas por enquanto vou manter distância.
- Entendo. Vou sentir falta dos seus pedidos doidos. - ela ri - mas espero que fique bem e volte. Pode contar comigo para o que precisar - ela coloca a mão dela em cima da minha e mostra um sorriso doce.
- Obrigada. - aperto sua mão.
- O que quer comer? Vai ser por conta da casa! - Nely se levanta empolgada.
- Não posso aceitar.
- Claro que pode! Darei ordem para ninguém aceitar seu dinheiro. - ela cruza os braços - Agora me diz, qual o pedido? O de sempre?
- Não. Sim. Não, calma. - paro para pensar. Estou muito confusa. - Trás o de sempre, um chocolate quente e uma fina fatia de torta de chocolate. - digo por fim.
- Saindo - ela estala os dedos e some. Rio sozinho. Nely era muito louca e eu gostei dela desde a primeira vez que vim aqui.
Volto minha atenção para a caixa e abro. Espalho sobre a mesa diversas fotos de momentos com Phil e também pequenos desenhos que ele fazia de mim. Sim, o idiota desenhava bem e ainda por cima me desenhava. Entendem por quê me apaixonei? Havia também na caixa, chaveiros e cartões postais de todos os lugares que ele ia e ''lembrava'' de mim. Tirando a grande quantidade de ursinhos de pelúcia que eu joguei fora e os que ainda estão aqui. Tinha um grande, que ficava na minha cama, que eu me recuso a jogar fora.
Respiro fundo e olho todas as fotos. Uma de um piquenique que fizemos no parque e começou a chover do nada. Sorrio com a lembrança. Ficamos molhados e aproveitamos para entrar no rio, o guarda quase expulsou a gente do parque à pauladas. Pego outra foto, essa de um aniversário que fomos juntos, e até hoje não sei de quem era a festa, simplesmente entramos e ninguém viu a gente. Incrível como pessoas bêbadas não ligam para quem entra em sua casa durante uma festa.
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Imagines Why Don't We/KPOP/1D
Ficção GeralAVISO: Zona da ilusão! K-idols, Corbyn, Daniel, Jonah, Zach, Jack, Zayn, Louis, Liam, Harry, Niall...