Imagines Why Don't We/KPOP/1D

Sad Song (Jungkook/BTS)

Suspiro. Meus olhos estão fixos no chão à minha frente. Estou sentada, em meio a várias pessoas, muitas conhecidas, mas muitas desconhecidas também. De onde Jungkook tira essas pessoas? Alguém está falando, mas não presto atenção, estou pensando no que vou falar. Nunca fui boa em falar em público, mas observo o sorriso ao meu lado e ele me deixa mais confortável. Sorrio de volta e encaro o chão novamente. Jungkook. Jeon Jungkook. Sorrio me lembrando do dia em que nos conhecemos. De repente muitas memórias me vêm à mente, todas ao mesmo tempo. Já esqueci tudo o que tinha pensado em falar, vai ter que ser de improviso, mas não me importo. Falta bastante gente para falar ainda, então me deixo prender às memórias que me invadem.

Nos conhecemos num parque. Na época, meu sonho era ser dançarina. Acho que tínhamos por volta de dezoito. Por aí. Ele cantava muito bem, mas até então eu não sabia disso. Eu estava andando de bicicleta pelo parque e o vi sentado em um canto, de fone e balançando a cabeça, apenas curtindo a música. Acho que estava começando a escurecer. Acontece que ali onde ele estava era o lugar que eu costumava usar para dançar. Eu copiava algumas coreografias da internet, só para ensaiar mesmo. No final daquele ano ia acontecer um teste e eu tinha que apresentar uma coreografia que eles mandariam depois da inscrição. Enfim. O parque estava vazio e ele estava sentado de costas. Pensei ''por que não?''. O fone não ia deixar que ele me percebesse.

Apoiei a bike num banco, coloquei a música no meu celular e comecei a dançar. Ensaiei por quase duas horas. Ao final, eu estava completamente suada e cansada. Minha água tinha acabado, então sentei no banco que apoiei a bicicleta e tornei minha meta de vida conseguir puxar o máximo de ar possível. Estava mexendo no celular por alguma coisa, de cabeça baixa, enquanto respirava ruidosamente. Algum tempo depois um par de tênis parou na minha frente e quando levantei a cabeça dei de cara com ele.

- O-o que?

- Não está com sede? - ele segurava uma garrafa com água e admito que demorei para pegar. Ele era um desconhecido, por que colocaria a boca no mesmo lugar que ele? Mas ele entendeu - Não bebi ainda.

Ainda sem entender e muito desconfiada, peguei a garrafa. Depois ele apontou para o laptop que estava na mesa e eu entendi tudo. De onde eu estava, dava para ver meu reflexo pela tela do notebook. Imagine a vergonha! Eu ali dançando toda escondida e ele simplesmente viu tudo! A essa hora o parque parecia realmente não ter mais ninguém. Fiquei ali conversando um pouco com aquele estranho. Minha mãe provavelmente brigaria comigo por isso se soubesse na época. Foi conversando que descobri que ele estava em treinamento para ser cantor, mas ficou com vergonha de cantar para mim. Não o culpo, também não cantaria para uma estranha. Nem nossos nomes dissemos um para o outro.

Minha mãe me ligou e eu voltei para casa. Depois daquele dia, nos encontramos várias vezes e juro que todas foram sem querer. Em alguma das vezes perguntei por que nunca o tinha visto antes do dia do parque. Tinha acabado de se mudar. Claro. Nos esbarrávamos correndo na rua, no mercado e no parque, onde eu deixei ele usar um pouco do meu espaço para ensaiar as coisas dele. Na casa dele tinha muito barulho, ele dizia. Ele tinha se mudado para uma quadra de distância da minha casa. E então, teve um dia que ele resolveu que não queria me encontrar por coincidência e me convidou para um encontro. Pois é!

Acho que depois disso, a gente se encontrava muito mais. Meus pais gostavam dele e eu achava a mãe dele muito estilosa. Minha melhor amiga reclamou um pouco, porque eu quase não saía mais com ela. Juro que a culpa não era minha, era impossível dizer ''não'' para Jungkook. A gente deitava no meu telhado de noite e enquanto olhávamos as estrelas, fazíamos planos para o futuro. Posso dizer que não deu certo. O ensino médio me deixou sobrecarregada e eu parei de ensaiar. Acabei fazendo faculdade de direito. Antes que ache que não tive escolha, sim, eu tive. Gosto de mandar nos outros, isso é um defeito, também sei disso, mas quando me imaginei fazendo direito, pareceu...certo. Gosto muito do meu trabalho.