Agent Mills

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Sozinha em uma sala de treinamento da S.H.I.E.L.D., onde cheguei há cerca de meia hora, prendo o meu cabelo em um alto rabo de cavalo e dou uma volta em torno de mim mesma, examinando, pela milésima vez, o meu novo uniforme de trabalho. Sorrio levemente, muito satisfeita com o que vejo.

Não é por nada não, mas eu fiquei um verdadeiro pitel com o traje que a diva Natasha Romanoff me orientou a vestir assim que chegamos nesta base secreta. Acho que o tom grafite me deu um ar profissional e imponente, ao mesmo tempo em que o tecido versátil colado em meu corpo realçou minhas curvas, me deixando bem gostosa.

Rá! Sim, eu estou me sentindo a última bolacha do pacote. Me julguem.

Gostaria muito que o meu gafanhoto magia estivesse aqui. Queria ver a sua reação e o provável olhar libertino que ele lutaria para disfarçar quando me visse com esse traje provocante e intimidador.

Aliás, gostaria muito que Loki descesse o zíper frontal da parte superior com um movimento rápido, ágil, cheio de segundas intenções, revelando a minha lingerie e...

Foco, Olivia! Foco! Você sabe muito bem que o trapaceiro irresistível dificilmente faria isso neste momento, afinal ele não gostou nem um pouco dessa história de agente da S.H.I.E.L.D. Para ser mais exata, Loki detestou a novidade.

Bem, mas voltando ao meu primeiro dia no novo emprego, Natasha e o seu gavião magia me trouxeram até aqui depois que eu apareci na Torre dos Vingadores esta manhã, admitindo que aceitei a proposta da S.H.I.E.L.D., mas que não fazia ideia de onde seria o meu local de trabalho. Simplesmente esqueci de perguntar isso para o tal Phil Coulson quando tive oportunidade. Pois é, comecei bem.

Independentemente disso, o casal de Vingadores assegurou que cuidaria de tudo. Momentos depois, fomos até o hangar da Torre, entramos em um Quinjet e os dois revezaram a pilotagem da banheira voadora até chegarmos a este lugar. Detalhe: eu não tenho ideia de onde estou. Tudo o que sei é que o lugar se chama Playground, que o percurso durou algumas horas e que, apesar do meu medo de voar, eu consegui relaxar e tirar uns cochilos em alguns momentos.

Pergunto-me se terei que fazer essa viagem de segunda a sexta-feira religiosamente, se será viável trabalhar tão longe assim do meu cafofo e se, em um futuro próximo, eu vou parar de pensar que o Quinjet vai cair, explodir, se desintegrar no ar a qualquer momento, essas coisas meigas.

Sim, eu tenho fobia de aviões e de qualquer coisa que voe — podem incluir baratas cascudas na equação.

Sobre meios de transporte voadores, acho que assisti muitos episódios de Mayday - Desastres Aéreos e fiquei com a pulga atrás da orelha. Também fiquei meio traumatizada com a forte turbulência que eu e minha saudosa avó pegamos em nossa primeira viagem à Disney, quando eu tinha uns oito anos.

Sorrio ao relembrar a viagem, esquecendo o incidente do avião completamente, mas logo sou trazida de volta à realidade quando Natasha abre a porta e adentra a sala.

Vejo que ela está com o seu uniforme também, mas isso não é novidade, pois a ruiva diva o vestiu ainda na Torre. A única coisa diferente agora é o seu semblante. A Viúva Negra está com uma cara fechada e um olhar de poucos amigos, enquanto se aproxima sorrateiramente, cruzando a sala acolchoada e vindo em minha direção.

Inocentemente, indico minha roupinha nova e pergunto com um largo sorriso:

— E então? Como eu estou?

Para minha surpresa, a diva não responde o meu questionamento. Ao invés disso, simplesmente me dá um senhor empurrão nos ombros — o que me desequilibra consideravelmente — e ordena entredentes:

— Lute.

Confusa, desmancho o sorriso, olho para os lados, volto a fitá-la e balbucio com um fio de voz:

Trapaças do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora