Exílio

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Nota: Capítulo pela visão da Amy.

Às vezes, mesmo uma vitória pode ter um gosto amargo no final. Ultron nos mostrou isso, há pouco mais de vinte e quatro horas.

Os Vingadores, meu favorito, Loki e Liv pensaram que tinham o vencido, mas ainda havia uma última batalha, um último filho da mãe de platina a derrotar. Eles o venceram por fim, porém houve consequências. Alguns civis se feriram durante o confronto em Sokovia. Boa parte da imprensa e das autoridades culpam os heróis pelo ocorrido. Mesmo tendo salvado o planeta da extinção, eles ainda são encarados com olhares de desconfiança por uma parcela considerável da opinião pública.

Mesmo Loki, que claramente não é mais uma ameaça para nós desde que minha melhor amiga o colocou na linha com seu cabresto, não teve o seu esforço reconhecido. Ao invés disso, as pessoas se apegam ao passado e questionam sua presença na Terra. No fundo, ainda o temem.

Tenho certeza que ele não se importa com essa última parte. Talvez até se orgulhe um pouco por ser temido assim. O fato é que, neste momento, duvido que Loki esteja pensando de fato nesses meros detalhes. Seus pensamentos devem estar focados apenas em Olivia. Uma das pessoas feridas. A única que realmente importa para ele.

Angustiada devido a tudo o que houve, desligo a televisão, interrompendo a repórter que atualizava a cobertura acerca da batalha de Sokovia. Algo que ela disse sobre o Hulk me incomoda profundamente. Por que é tão difícil entender que ele é um herói?

Respiro fundo, pego meu celular sobre a mesa de centro e checo as mensagens. A última informação que tive sobre minha amiga foi que Loki a levou para Asgard às pressas, logo após destruir o último Ultron. Parece que ele não quis confiá-la aos cuidados da S.H.I.E.L.D. ou Stark, preferindo uma tal sala de cura, em Asgard. Pelo menos, foi isso o que Thor alegou antes de seguir o irmão.

Uma parte de mim diz que Olivia ficará bem, afinal ela é especial e já escapou da morte uma vez. Seu DNA alienígena permite que ela se regenere rápido, certo? Por outro lado, minha amiga não é imortal e eu não sei a gravidade dos seus ferimentos. Será que ela vai ficar bem? Desejo com todas as minhas forças que sim.

Ainda mais preocupada, digito uma mensagem para a agente Romanoff, perguntando se Thor ou Peter Quill — que também foi para Asgard —, voltaram com alguma novidade. Segundos depois, ela responde que infelizmente não, pede para que eu não me preocupe, diz que me avisará tão logo tenha notícias e questiona se, por acaso, eu sei onde Bruce está.

Estranho sua pergunta e respondo com outra:

"Não, por quê?"

Pouco tempo depois, a Viúva Negra revela:

"Nós perdemos contato desde Sokovia. Um dos jatos desapareceu e está em modo furtivo. Não se preocupe, provavelmente ele só precisa de um tempo."

Ainda estou assimilando o peso de suas palavras e pensando no que lhe dizer em retorno, quando ouço um ruído vindo do céu. Coloco o celular no bolso da blusa, levanto do sofá e caminho até a saída. Assim que saio da casa e alcanço a varanda, avisto o Quinjet pousando no meio da fazenda. Surpresa e adivinhando quem está a bordo, sigo lentamente até lá.

Detenho o passo a poucos metros do jato, no exato momento em que a porta se abre devagar. Não demora muito e Bruce Banner aparece no meu campo de visão. Ele sustenta o meu olhar por um momento, parecendo pensativo e hesitante. Depois começa a descer os degraus.

Analiso-o melhor à medida que se aproxima. E devo dizer, Bruce está acabado. Com certeza, se martirizando por tudo o que houve. Aparenta cansaço, culpa e desolamento. Ainda assim, algo nele é tão bonito e sereno que faz minhas bochechas queimarem um pouco e um calor aconchegante se espalhar pelo meu corpo. Sinto-me irremediavelmente atraída por sua presença, é fato. E intrigada também.

Trapaças do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora