O inevitável

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Eu poderia estar chateada por ter ficado de fora da missão a Seul para recuperar o Berço Regenerador e libertar a Dra. Cho do controle de Ultron, porém, para minha própria surpresa, não estou.

Claro que é frustrante, mas tentei ver as coisas pelo ângulo de Phil Coulson e dos Vingadores. E a verdade é que eu realmente preciso me preparar melhor para um embate direto com Ultron. Principalmente, no que diz respeito a minha super força alienígena. Preciso entender e controlá-la melhor.

Apesar disso, juro que se da próxima vez me deixarem chupando dedo novamente, Olivia Mills vai rodar a baiana a la Vera Verão. Ah, se vai!

Estou pensando nisso enquanto esmurro repetidamente o saco de areia pendurado por ganchos metálicos diante de mim, em uma sala de treinamento da Torre.

Clint esteve aqui mais cedo e me colocou a par da situação em Seul. Saber que tivemos uma importante vitória e que em breve o trapaceiro irresistível estará de volta me ajuda a manter o foco e a determinação.

Com esse espírito, procuro me concentrar ainda mais em cada golpe, aumentando a intensidade gradativamente. O saco de areia se move cada vez mais para longe do meu rosto à medida que deposito mais força nas mãos protegidas por luvas especiais — desenvolvidas pela S.H.I.E.L.D. para preservarem minhas articulações.

Quando o saco finalmente chega ao limite de distância e altura, giro o corpo com agilidade e dou um salto não muito alto, só para elevar e esticar a perna direita, acertando-o em cheio com o máximo de força que consigo convergir e centralizar.

Fecho os olhos e ouço o baque dele caindo alguns metros a frente, depois de ter sido varrido dos ganchos e espalhado areia pelo caminho.

Por fim, observo com satisfação e orgulho mais um saco estourado com sucesso, fazendo companhia aos seus amigos que jazem junto à parede.

Limpo o suor da testa com o dorso da mão e ouço meu estômago roncar vergonhosamente, fazendo-me levar as mãos à barriga por instinto.

— Arre-égua!

Estou treinando há horas, sendo que este foi o segundo bloco de maratona pesada do dia. Preciso repor as energias se ainda quiser correr um pouco na esteira a fim de melhorar meu condicionamento físico e fôlego em campo.

Então deixo a sala de treinamento e sigo pelo corredor, determinada a filar a boia na cozinha e causar uma baixa considerável no estoque de guloseimas de Tony Stark. Rá!

Detenho o passo quando uma gritaria inflamada chama minha atenção. Ao perceber que as vozes vêm do laboratório de Bruce, sou obrigada a adiar meu plano de comilança e mudo de direção.

À medida que me aproximo da entrada, consigo distinguir algumas vozes, entre elas a do próprio Bruce dizendo que poderia torcer o pescoço de alguém sem nem ficar verde. Agressividade é a cara do Hulk, mas não combina com seu alter ego fofíneo. Algo incomum e grave está acontecendo por aqui.

A todo momento, Steve ordena que algo seja desligado, e Tony o ignora magistralmente, retrucando vez ou outra.

Ao reconhecer as vozes de Clint e Natasha no meio da confusão entre eles, e também a de duas pessoas que esperava não ver nunca mais ou pelo menos não por aqui, paro sorrateiramente na entrada do laboratório e observo a cena como um todo.

Atônita, vejo os gêmeos Maximoff a alguns metros, Tony e Bruce próximos ao Berço Regenerador, o restante da equipe do outro lado da enorme e vítrea sala. Nem sinal do gafanhoto. Meu coração fica apertado.

Em dado momento, o Capitão América insiste com veemência para que Tony e Bruce parem o que estão prestes a fazer, mas os dois parecem relutantes e determinados a prosseguirem com o que quer que seja.

Trapaças do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora