O rei da cocada preta

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Só tem uma coisa que me irrita mais do que bater o dedo mindinho nos móveis. É quando eu solto uma bomba, digo algo realmente importante e tudo o que recebo em troca é uma impassível cara de paisagem. No meu caso, há sete delas me encarando — lê-se os Vingadores e Phil Coulson — depois que expus meu plano para pregar uma peça na Hydra.

Ao contrário de mim, Loki parece se divertir com a falta de reação de todos. Mas como estou cansada de esperar, batuco os dedos sobre a mesa e disparo:

— Digam alguma coisa, criaturas. É falta de educação deixar alguém tanto tempo no vácuo.

Os heróis e o Diretor da S.H.I.E.L.D. se entreolham, como se estivessem decidindo quem irá se pronunciar primeiro ou como se não soubessem o que dizer. Tenho quase certeza que está mais para a segunda opção.

Estou quase abrindo a boca de novo, quando Tony Gênio Bilionário Playboy Filantropo Stark limpa a garganta e questiona:

— De quem partiu essa ideia... brilhante?

Ignoro o tom irônico, troco um rápido olhar com Loki e respondo:

— De mim, apenas de mim, o gafanhoto não teve nada a ver com isso. Na verdade, ele fez bastante doce antes de concordar com ela.

— E por que ele mudou de ideia? — é a vez do Gavião Arqueiro indagar, intrigado.

A fim de evitar uma possível discussão e também para preservar o Deus da Trapaça de uma exposição constrangedora acerca de seus sentimentos por mim, sou evasiva:

— Ele teve seus motivos.

Apesar de eu não ter entrado em detalhes, o Homem de Ferro parece conhecer muito bem a peça diante de si, já que deduz com o olhar cravado em Loki:

— Claro, nos provocar, presumo. E inflar o próprio orgulho, com certeza.

De repente, não quero mais preservar a imagem indiferente e fria que o Deus da Trapaça faz questão de manter perto dos Vingadores e ressalto cheia de mim:

— Ei! Me dê um pouco de crédito também, Homem de Lata. Eu tenho o meu charme.

É batata! Dito e feito! Incomodado com a exposição, o trapaceiro irresistível se mexe desconfortavelmente na cadeira e tenta desconversar:

— Midgardiana...

Para seu desespero, Steve o interrompe e o expõe ainda mais ao concluir:

— Oh... Ele está fazendo isso por você.

— Que fofo — Stark provoca e arremata fazendo um coraçãozinho com as mãos.

Não consigo conter um sorriso de concordância e balbucio orgulhosa:

— Não é?

Tudo seria perfeito se o assunto tivesse terminado aqui e partíssemos para os detalhes do plano em si, porém a Dona Aranha resolve ir mais além, volta-se para o Deus da Trapaça e solta a máxima:

— Isso é amor, Loki?

Engulo em seco e mentalizo um buraco embaixo dos meus pés. Minha vontade é pular dentro dele e desaparecer. Me julguem, mas a palavra amor faz meu rosto corar automaticamente. É uma palavra tão forte e com tanto significado. Tudo bem, o gafanhoto significa muito para mim, mas não precisamos dar nomes aos bois, certo? Eu podia ter ficado sem essa, agente Romanoff. Com certeza, Loki também já que, quando ergo meu olhar, ele parece desnorteado com a gracinha que a Vingadora diva soltou, mas disfarça prontamente.

— Eu entendi a referência! — o Capitão Porto Rico dispara de repente, sorrindo.

Com isso, percebo que Natasha não disse tal coisa aleatoriamente, como eu havia imaginado a princípio. Ao que tudo indica, ela devolveu na mesma moeda algo que o deus trapaceiro lhe disse em algum momento do passado.

Trapaças do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora