Quem é Olivia Mills?

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A misteriosa tempestade, que assolou esta área de Nova York de súbito, por fim começa a cessar, de uma forma repentina também. Logo, apenas alguns pingos me separam do olhar incisivo de Loki. Os trovões também silenciam. Em algum lugar da cidade, Thor deve ter dado o ar de sua graça. Provavelmente, na Torre dos Vingadores — o ponto de encontro e local de partida para o casório de Natasha e Clint. Só não entendo o que o Deus da Trapaça está fazendo aqui. Não que eu não esteja feliz por revê-lo, só gostaria de compreender melhor o que está acontecendo.

Não sei por quanto tempo fico assim, paralisada e o encarando em meio ao caos que sua presença causa na Terra, mas em dado momento finalmente paro de bestagem e me encho de coragem. Já que Loki está aqui, eu quero entender o motivo e evitar uma possível confusão.

Agindo por puro instinto, desafivelo o cinto de segurança e abro a porta do carro. Saio devagar e me apoio no veículo por um segundo antes de fechar a porta e dar alguns passos a frente. A chuva a essa altura parou de vez.

Sigo caminhando e não me detenho nem quando sirenes de polícia ecoam por toda a parte e crescem no ar à medida que duas viaturas aproximam-se rapidamente. Elas derrapam alguns centímetros antes de pararem a poucos metros do deus asgardiano. Alguns policiais nova-iorquinos saltam e apontam as armas para ele aos gritos de "Não se mova!"

Loki não se intimida. Ao invés disso, olha com certo divertimento para os defensores da ordem e segurança pública, ri com incredulidade e zomba:

— Perdoem-me, mas nós já não passamos por isso? Eu já não derrotei suas primitivas e inofensivas armas antes? Já não foi o bastante? Vocês querem mais? Que espécie perseverante vocês são. É louvável, admito. E estúpido.

Enquanto os policiais hesitam, sem saberem se tentam almejá-lo ou se será mesmo desperdício de tempo e munição, o Deus da Trapaça volta-se para a multidão que resistiu ao ímpeto de correr para as colinas e agora cerca toda a área, encarando-o com revolta.

— Povo de Midgard, por que me tomas? Por que tanto desprezo nesses rostos patéticos? Vocês não acompanharam as últimas notícias? Sem a minha pronta ajuda em Sokovia, nenhum de vocês estaria aqui hoje. Vocês seriam meras cinzas agora.

Reviro os olhos e, enquanto continuo andando até ele, resmungo baixinho:

— E lá vamos nós...

Neste momento, acho que um dos policiais nota minha presença e deduz qual é a minha intenção, já que ouço uma ordem muito enfática:

— Senhorita, para trás! Não se aproxime! Ei! Eu disse para trás! Mantenha distância! Ele é perigoso! Senhorita?!

Ignoro-o e paro diante do Deus da Trapaça. Ele, por sua vez, faz questão de fingir que não me viu e, bem mais à vontade, prossegue com seu discurso inflamado:

— Isso mesmo, eu, Loki de Asgard, os salvei de um desfecho trágico. O mais impressionante e que vocês talvez ainda não saibam: a pedido dos ilustres Vingadores. Exato, os grandes heróis, os defensores oficiais de Midgard, não foram capazes de conter a situação sozinhos. Eles precisaram de mim. Vocês precisaram de mim.

— Pelo relógio do Ben 10, fica quieto, gafanhoto — recrimino, porém sou ignorada de novo.

— Senhorita, afaste-se daí imediatamente! — outro policial berra, irritado, mas também com uma ponta tangível de preocupação. — É uma ordem!

— Eu sei que em alguns anos, poucos anos, isso não fará a menor diferença, afinal vocês terão morrido de qualquer forma, são tão efêmeros e frágeis. Mas, um pouco de gratidão agora é o mínimo que eu espero. Portanto... — O deus abusado abre os braços e arremata com um sorriso cretino: — Ajoelhem-se perante Loki. Agora.

Trapaças do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora