Epílogo: Todo final é um recomeço

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Sempre achei bem clichê e sem sentido noivas nervosas no dia do casamento. Se a criatura aceitou o pedido do boy magia e sabia que teria que passar pela cerimônia para serem declarados oficialmente marido e mulher, por que raios ficar uma pilha de nervos?

Bem, digamos que, neste momento, vivendo essa experiência na pele, eu não julgo mais estas pobres mulheres incompreendidas.

A expressão o mundo dá voltas nunca fez tanto sentido quanto agora. Aliás, não só por eu estar experimentando todo o nervosismo, expectativa, tremedeira e frio na barriga que boa parte das mulheres sente no grande dia, mas também porque é muito maluco pensar em tudo o que me trouxe até aqui. Até o meu grande dia.

Eu, Olivia Mills da Silva Sauro, vou juntar as escovas de dentes com ninguém mais ninguém menos do que ele: Loki, o Deus da Trapaça.

Quem diria que aquele cosplayer de gafanhoto que, literalmente, despencou na minha vida com o seu ego enorme fosse ser a minha famigerada tampa? Quem diria que o sapo fosse virar príncipe? Quem diria que iríamos despertar no outro o que despertamos? Quem diria que chegaríamos aqui? Neste fatídico momento.

Só de refletir sobre isso e constatar que, em poucos minutos, iremos trocar alianças, o nervosismo ganha força dentro de mim.

Segurando meu vestido de noiva pela barra e andando feito barata tonta pelo enorme quarto de hotel, alugado por Tony Stark para que eu me preparasse para a cerimônia, despejo a plenos pulmões:

— Jesus, Maria e José! Mamma Mia! Arre-égua!

Obrigo-me a deter o passo no meio do recinto e me acalmar o mínimo que seja. Fecho os olhos e respiro fundo algumas vezes. Esqueço e passo as mãos nos meus cabelos. Com isso, quase levo à ruína o penteado super divo que Amy fez e que lhe deu um trabalhão danado.

Minha melhor amiga, que também é uma das madrinhas, está lá fora, na praia, com Josh ao seu lado. A trupe toda está lá, aliás. Os Vingadores em peso, Guardiões da Galáxia, meu terapeuta gato, Coulson, até mesmo Odin abriu uma exceção e veio visitar nosso planeta a fim de participar deste momento tão importante para o filho.

Ah! Claro, o noivo também está lá fora. E se bem o conheço, deve estar incomodado com a minha demora além da conta e tentando disfarçar a ansiedade, enquanto se mantém o mais imóvel possível diante do altar.

Altar! Noivo! Casamento! Socorro!

Eu não vou conseguir sair deste quarto. Estou muito nervosa diante do grande passo que vamos dar. Vou acabar tropeçando nas minhas próprias pernas e estragando tudo. Vou virar motivo de piada. O Homem de Ferro vai jogar tal gafe na minha cara para sempre. Talvez o gafanhoto até desista de mim. De nós.

— Macacos me mordam... — Exausta, despenco no sofá atrás de mim e respiro fundo.

De onde estou, consigo ver a varanda. A noite está linda lá fora, um céu estrelado do jeito que eu sempre sonhei. E mesmo assim, não consigo me acalmar. Será que são os hormônios da gravidez mexendo ainda mais com a minha cabeça já desmiolada por natureza?

Sempre achei que fosse exagero das mulheres na minha situação, mas, sentindo a experiência na pele, também não as julgo mais. Devem ser os hormônios. E claro, o meu instinto natural de hesitar diante de grandes mudanças.

Não que eu não deseje mais do que qualquer coisa me casar com o trapaceiro irresistível. A essa altura do campeonato, não tenho a menor dúvida. Porém, sinto que me falta um empurrãozinho para levantar desse sofá, sair desse quarto e conquistar o meu final feliz de fato e definitivo.

Cada pessoa que bateu na porta até agora não conseguiu me fazer arredar o pé daqui. Inclusive meu papi soberano, que está ansioso para me conduzir até o altar. Perdi a conta de quantas vezes menti para ele e para todos, dizendo que estou quase pronta. Tolinhos...

Trapaças do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora