Um verdadeiro doce

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Impaciente, estreito o olhar na direção de Bruce Banner, a fim de lembrá-lo que ele já estava de saída. Afinal, ouvi muito bem quando ele disse que transmitiria a Phil Coulson mais uma ideia genial que o tormento acabou de ter e acertaria alguns detalhes.

Me julguem, mas eu fiquei incomodado quando adentrei a cozinha midgardiana de Stark e encontrei Olivia conversando tão intimamente com o alter ego da besta verde. Longe de ser ciúme, é claro, apenas incomodado com a ideia de dividir a atenção do tormento com mais alguém.

Finalmente entendendo o meu recado, o Dr. Banner se despede de Olivia com um meneio de cabeça, passa por mim lançando-me um rápido olhar e nos deixa sozinhos.

Aparentemente, ele quis evitar um atrito desnecessário. O que, de certa forma, me surpreende e me leva a crer que a trégua pode mesmo estar virando algo sério por aqui. Quem diria?

— Bruce Banner é meu amigo. Assim como todos os Vingadores — Olivia sentencia repentinamente, despertando-me para a realidade. Em seguida, caminha até mim, joga os braços em volta do meu pescoço e acrescenta com um leve sorriso: — Você é o meu boy magia.

Mais plácido diante do seu argumento, que me lembra o quão importante e essencial sou para ela, porém incapaz de me expor sobre minha postura anterior, faço-me de desentendido:

— Eu não disse uma palavra.

O tormento de pantufas ridículas me analisa por alguns instantes, enquanto eu deduzo o que está pensando.

— Eu sei, só quis lembrá-lo, chuchu. — Ela pisca para mim.

De certo, eu não consegui esconder minha insatisfação diante da cena que presenciei e Olivia supôs que eu estava com ciúme de sua amizade com Banner.

Abro a boca para assegurar que ela está sendo completamente ridícula, mas a criatura convencida se afasta e segue rumo ao balcão enquanto muda de assunto:

— Então... O que você disse mesmo sobre os meus amigos? Midgardianos insolentes, hum? É bom rever os seus conceitos, gafanhoto, porque, como Olivia Mills, você terá que ser um verdadeiro doce com os dois ou eles irão desconfiar, e a Hydra pode descobrir a farsa antes da hora.

— Não se preocupe, eu serei um verdadeiro doce — asseguro, contendo um sorriso travesso enquanto me aproximo dela sorrateiramente.

Olivia ri da minha promessa e, distraída, volta-se em minha direção. Enquanto leva um pedaço de chocolate à boca, seu corpo se choca com o meu e ela fica visivelmente encabulada com nossa proximidade.

Regozijado diante da reação natural e inevitável que lhe causo, endireito a postura e mantenho o teor profissional apenas para provocá-la:

— Então, como isso vai funcionar exatamente? O que eu preciso saber sobre aqueles dois seres imensuravelmente encantadores? Sobre o que vocês conversam quando estão juntos? Além do seu fascínio por mim, é claro.

Meu último comentário causa uma reação imediata, cortando o clima no ar. O tormento pisca algumas vezes, voltando à realidade, cruza os braços contra o peito, ri sem humor e alfineta irritada:

— Menos, gafanhoto. Eu não falo de você para os meus amigos.

Antes que ela prossiga, aproveito a deixa e a incito novamente:

— Mas fala alguma coisa.

Olivia engole em seco, o que me deixa subitamente curioso. De repente, estou ansioso para me aproximar de fato de Josh e Amy e descobrir o que Olivia Tormento Mills fala de mim aos dois. Será deveras interessante usar essas informações ao meu favor no futuro e constrangê-la de alguma forma com isso.

Trapaças do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora