Capítulo 7

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O café da manhã foi um banquete de frutas, das quais me mantive bem longe, bolos, pães, chás, café e sucos, me deliciei com os pães frescos que derretiam na boca e com o café com o melhor cheiro que já senti, sou uma pessoa de doces, mas aquele café era divino, ao menos, de outro mundo. Eu não parava de rir daquela piada sempre que eu a fazia, mesmo que mentalmente, porque eu estava em outro mundo, o que era uma loucura.

Observei minha companhia fazer o desjejum tranquilamente, conversando sobre os planos para algum festival, olhei para Daphmis que sorria abertamente e me oferecia ainda mais comida, ela parecia sentir um prazer estranho em me ver suspirando a cada novo sabor, Nestha não removida seus olhos coruja atentos de cada movimento meu e Cas a dizia para relaxar a cada três segundos até que ela lhe deu um belo olhar ameaçador e ele se voltou para Mor, a diva estava trançando os cabelos enormes enquanto cantarolava alguma música local, Amren não estava, Cas não disfarçava que estava atento a cada respiração minha enquanto tomava seu chá e Rayvis, não fosse pelo ataque do dia anterior eu poderia suspirar a esse nome, ele estava sentado, com os braços cruzados se recusando a comer olhando para o centro da mesa com cara emburrada.

Todos sorriam, ou quase todos, conversavam e falavam de festivais. Aquilo era lindo, poder ver eles se preocupando com festivais e não ataques e guerras e caldeirões.

A manhã foi uma apresentação da biblioteca e como a traça que eu era, estava praticamente abraçando as estantes, em geral eles me olhavam com curiosidade, ao menos, Daphmis olhava e ria, já Rayvis apenas mantinha os braços cruzados e o olhar para o lado em que eu não estava, Mor sempre estava no enlaço, a vigia, protetora e tia.

Pela tarde Cassian mostrou o platô de treino e derrubou Rayvis algumas vezes como demonstração. Perguntei a Daphmis se ela também lutava.

- Sempre e eu sou bem melhor que o senhorzinho ali, acho que ter facas sendo atiradas diariamente dentro de casa ajudou a desenvolver alguma agilidade precoce.

Eu podia imaginar Nestha gritando com Cassian e um bebê no meio da briga assistindo as facas passarem por questão de milímetros sem o arranhar, era de certa forma fofo, mas brutal.

- Pode mostrar?

- Ah, hoje estou com meu vestido, mas amanhã eu poderia lhe ensinar algumas coisas... À não ser que já saiba.

Era uma pergunta e eu sabia que não havia sido acidental ou desintencionada, informações estavam sendo coletadas e Mor estava por perto para saber se eram verdade ou não.

- Eu já fiz um pouco de judô quando tinha dez anos, mas não lembro nem de uma pose.

- E quanto a lâminas?

- Máximo que já fiz foi cortar uns legumes, exige mais força que se pode pensar.

Ela riu e eu vi que aquilo era um sinal de alívio também.

O jantar foi servido e a cada refeição eu ansiava ainda mais pela próxima, cada mordida era uma explosão de sabores prazerosos, não importava se era um vegetal ou uma carne e devo informar que vegetais e Lianna eram verdadeiros inimigos mortais. Em algum momento Cassian surgiu com uma garrafa de vinho, observei enquanto ele servia as taças para todos até chegar na minha e eu recusar.

- Por quê?

Suspirei.

- De onde venho não tenho idade para beber e mesmo em outro mundo, minha consciência me persegue.

A consciência tinha o rosto e a voz da minha mãe, até mesmo a pose de negação. Ele acenou e todos ergueram suas taças.

- A Velaris!

Rayvis falou, Feyre complementou antes que as taças fossem baixadas.

- E à nossa convidada.

Eles bateram os cristais uns contra os outros e consumiram o vinho. Me perguntava se por acaso seria o mesmo que tinha deixado Feyre alterada no primeiro livro, se caso eu o bebesse ainda seria afetada ou realmente tinha todo o conjunto feérico apesar da minha aparência ainda ser praticamente a mesma com exceção das orelhas.

Eles não pararam na primeira taça, nem na primeira garrafa, eu devia ter passado no teste de alguma forma já que estavam tão animados. Depois de algumas horas pedi para ir pro quarto e Nuala foi quem me acompanhou. Me deitei e ainda, por longos minutos não conseguia adormecer e quando o sono finalmente caiu sobre mim, após sonhar com livrarias sombrias com ossos enfeitando as estantes acordei com algo caindo sobre mim com impacto. Ao abrir os olhos vi Rayvis.

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