Capítulo 23

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Eu me lembro de quando tinha quinze anos e aquele livro foi lançado, estava na livraria com minha mãe escolhendo os livros porque tinha ganhado um daqueles vales de presente no aniversário e ela levantou Corte de Espinhos e Rosas dizendo que era o livro daquela autora que eu dizia ser minha favorita, estranhei porque eu não sabia que ela lançaria outra serie e achei que minha mãe tinha se enganado, mas quando peguei o livro realmente era da Sarah e quando vi aquela sinopse ele foi escolhido de imediato, voltei para casa com três livros e era final de ano, aquele período em que as últimas notas importavam mais, não quero me gabar, mas eu não estava preocupada com os simulados então escolhi um livro da estante e comecei a ler. Na primeira noite fui dormir tarde e quando vi o tanto que tinha lido decidi me impor um limite de capítulos por dia para não ser rápido demais e nisso eu sempre extrapolava um ou dois capítulos, até que em uma semana, na última noite eu quase virei ela lendo o livro e chorando e chorando mais porque ele tinha acabado e eu queria mais, mas não tinha. Esperei outro ano e lá estava o outro, aquele pré-lançamento mais caro básico, mas eu tinha juntado o dinheiro da mesada pra isso e depois mais uma vez e outra, até que veio aquele extra e eu estava viajando com minha mãe, sabia que não poderia esperar voltar pra casa para comprar então eu a arrastei até aquela loja bizarra com aquela velha bizarra, por isso, porque eu preciso viver o momento, porque não posso deixar para depois. Por isso eu me virei e não me importei que tipo de consequências poderiam vir, ou o que iria acontecer quando segurei o rosto de Rayvis e dei um beijo nele. Agora, vou ser sincera, para uma garota que tinha toda a experiência baseada em livros eu não esperava que o meu primeiro beijo fosse com um cara tão lindo que ainda retribuiria. Minhas mãos estavam geladas, mas as dele eram quentes quando me puxou para si, assim como a boca dele. E... Ah céus! Eu não acreditava que tinha feito mesmo aquilo, mas não me arrependia nem um pouco, só que arrependimento e vergonha são duas coisas totalmente diferentes então quando ele me soltou eu mordi a boca e corri para dentro sem olhar para ele.

Não me julgue por ser uma garota tímida, eu tinha acabado de me atirar no filho da Feyre e do Rhysand e não queria enfrentar qualquer consequência tão cedo, não agora que já tinha feito. Portanto me misturei entre as pessoas e logo me perdi. Dando rodeios tentando encontrar algum norte, como o elevado onde o grão senhor estava, acabei topando em alguém, ele era extremamente alto e grande.

- Desculpe.

Pedi enquanto apertava o nariz.

- Você está se envolvendo demais.

Ele falou com uma voz grossa e familiar, quando olhei para seu rosto mais uma vez meu coração ameaçava parar, mas não em um bom sentido, era o mesmo macho que tinha visto em Velaris, mas sem as asas. Dei um passo para trás.

- O que você quer?

Ele parecia calmo com aquela taça nas mãos enormes.

- Apenas voltar para casa.

- Então porque não vai?

Dei outro passo.

- Porque precisamos de você.

Então uma mão agarrou o meu braço e eu quase gritei até que vi Elon.

- O que há com você?

Olhei para a frente mais uma vez e ele tinha sumido.

- Eu achei que tinha visto...

Tinha sido uma ilusão?

- Vamos, eu estou te procurando há um bom tempo para a nossa dança.

Ele já estava me puxando para o centro antes que eu voltasse completamente a mim. Quando paramos estávamos bem no meio e as pessoas abriam espaço para nós.

- Cercil não avisou que não sei dançar?

Ele sorriu.

- Não se preocupe, eu vou te ajudar.

Não sabia o que tinha com aqueles machos que achavam que poderiam me fazer ser uma dançarina se eles apenas insistissem, mas Elon realmente conseguiu tornar tudo bem mais fácil, os movimentos eram repetitivos e bem parecidos com a valsa que somos obrigados a aprender para entrar no ensino fundamental.

Logo que acabamos, Cercil apareceu e me puxou para mais danças e comidas sem me dar tempo para pensar no macho estranho que não tinha mais certeza se realmente tinha visto ou no que eu tinha beijado.

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