Capítulo 8

5.6K 663 123
                                    

Um grito ficou preso em minha garganta e me sentei imediatamente.

- Se apresse ou eu terei que levar você. - ele parou por um segundo e os olhos violeta brilharam - E você pode escorregar.

Pisquei assustada, quando olhei para meu colo vi um conjunto de roupas.

- O que está acontecendo?

Ele já estava fechando as portas, parou por um segundo com mais um alerta.

- Se apresse.

E as fechou. Olhei para as vestes, eram quase as mesmas que tinha usado no dia anterior, mas com um pouco de renda. Escutei a voz de Daphmis através da porta.

- Acordou ela?

- Se aquilo fosse acordada...

O som de um tapa e uma exclamação de dor.

- Você tinha que ser delicado.

- Olhe para mim, eu sou um illyriano.

- E também o herdeiro bobão da Corte, devia ser mais educado.

Eu ri e resolvi me trocar já que Daphmis estava ali fiquei mais tranquila. Fiz uma trança no cabelo e amarrei com meu elástico, sai e vi a garota mais linda de todas sorrindo para mim.

- Então, o que faremos?

Ela deu outro tapa no ombro de Rayvis, porém dessa vez ele não reclamou.

- Para Velaris, é claro!

Meu coração pulou de alegria, meus olhos se abriram tanto que talvez pudessem ver as órbitas ósseas e minha boca se abriu em um sorriso gigante.

- De verdade?

Daphmis acenou e eu pulei com meu coração.

Mas o sorriso se desfez quando chegamos àquela varanda e o vento me deu um aviso da distância vertical que me separava da cidade dos sonhos. Ao olhar para trás vi tanto Daphmis quanto Rayvis abrirem asas grandes e belas, imediatamente a cena de Feyre tocando as asas de Rhys me veio na cabeça e soltei um risinho.

- Como eu vou?

Perguntei segurando as memórias para mim mesma e tomando um ar mais sério apesar de não conseguir conter nenhuma emoção.

- O tio Az vai carregar você, depois será de nossa total jurisdição.

Daphmis falou com orgulho, não muitos segundos depois Az chega, silencioso ele me toma nos braços e logo depois estamos voando, todos os meus instintos gritando que eu iria cair e que o vento facilmente me tiraria dos braços dele, logo eu vi o rosto de Rayvis, o sorriso dele diante de meu desespero e agradeci aos céus por estar com Az e não ele.

Por os pés no chão nunca foi tão bom. Ainda mais no chão de Velaris. Estava nevando, ao que parece logo seria primavera e logo eu estava pensando na outra corte, mas tão rápido quanto o pensamento veio ele se foi com a visão daquelas pessoas belíssimas, eu me encantava com cada passante, apesar de não serem tão belos quanto Daphmis ou Rayvis eles eram como as celebridades de Hollywood, eles ficavam assustados com meu olhar fixo e apressaram os passos, Daphmis sorria sempre que alguém passava mais rápido e era nesses momentos que eu lembrava da presença deles, ela tinha o braço enlaçado com o do herdeiro, ele as mãos nos bolsos olhando para todos os lados menos na minha direção, corri na direção deles.

- Para onde podemos ir?

- Qualquer lugar.

Rayvis interrompeu ainda sem olhar para mim.

- Você já não conhece tudo?

- Ah! - respondi sem ter o sorriso abalado - Mas é totalmente diferente ver as coisas na imaginação e depois ver de verdade. Ler e depois ver... Não há imaginação que coloque tantos detalhes.

Olhei ao redor para enfatizar e ver mais coisas que não tinha imaginado nem reparado.

- Então por que não escolhe um lugar que queira ver?

Olhei para a princesa ou talvez eu devesse chamar de anjo, até asas tinha, só não eram plumosas.

- O rio!

Saltitei a cada passo pro Rio que refletia como arco íris líquido, cada detalhe era belo e colorido, cada lembrança que eu acumulava ali era mais preciosa que minha vida, mesmo que o príncipe dos sonhos obscuros possivelmente me odiasse, mesmo que eles ainda desconfiassem de mim, tudo era maravilhoso e eu não sabia quando iria voltar, ou se iria voltar, mas tinha que saborear cada segundo inconsequentemente, exceto pelo detalhe de prezar pela minha vida.

Passeamos por cada lugar que eu indicava, saboreei a comida de muitos pontos tudo tão perfeito e maravilhoso por horas igualmente preciosas, até cheguei a ver Rayvis sorrir quando escorreguei na neve e como aquilo era bem melhor que a carranca de quem iria me matar, bom, esse momento foi o melhor até o instante em que um cara estranho pousou na minha frente.

Corte de Livros e SonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora