Capítulo 24

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Pelo restante da noite evitei ao máximo Rayvis, não queria enfrentar logo de cara as consequências de meus atos. Dancei com Cercil até que meus pés doessem mesmo parada, já tinha me tornado uma verdadeira dançarina àquela altura. Depois acompanhei Feyre no ataque aos doces e depois Rhys me ofereceu uma bebida que me deixou realmente alegre, lembro de Feyre o beliscar por isso, e sempre que via o objeto de meu desejo se aproximar eu me virava para o lado oposto e me mesclava com a multidão. A música não deixou de tocar até que fosse manhã e algumas vezes eu arrastei Daph para me achar mais daquela bebida fonte de felicidade, era doce e dourada e tinha um sabor realmente encantador, talvez aquilo fosse o que os deuses olimpianos chamavam de hidromel, eu não me importava, precisava aproveitar meu tempo ali e fugir de Rayvis para talvez ganhar mais.

Mas é como o ditado diz, se fugir o bicho pega e se ficar o bicho come. Bem, eu tinha fugido a noite toda e quando estava a caminho do quarto aos soluços e tropeços faltava apenas abrir a porta quando uma mão me impediu. Olhei para ela, acho que ela brilhava, depois acompanhei o braço enquanto girava e ele pareceu tão comprido quanto uma corda de um poço e depois os ombros de um gigante e o rosto de um anjo, ou seria demônio? Eu ri.

- Olá gatinho.

Ele não parecia de bom humor.

- Estive tentando falar com você a noite toda.

- E eu fugindo de você a noite toda. - agarrei a roupa dele tentando o puxar - Mas agora me arrependo.

Ele se aproximou.

- É mesmo? Vai arcar com as consequências de seus atos?

- Atos? Que atos?

Sorri feito uma boba e ele estava ficando mais perto para minha felicidade, então eu solucei. Ele sorriu.

- Ficou embriagada enquanto fugia de mim?

O puxei com mais força, mas quem se moveu fui eu, indo de encontro com o peito dele. Ah! Era tão confortável. Envolvi ele em um abraço.

- Só se foi com o seu cheiro.

Ele não se moveu. Lembro de ter escutado risos do lado de fora e de tentarem abrir a porta.

Depois meus olhos estavam se abrindo e minha cabeça doía muito com a claridade, me sentei e depois de vários segundos vi que estava na cama e que ainda usava o vestido túnica, só que com o cinto frouxo, os sapatos também tinham ido e o penteado desmanchado, na verdade eu estava completamente assanhada. Lembrava de Rayvis, de o abraçar e depois nada. Me levantei apesar da dor terrivel nas pernas, Daph não estava na cama dela, então saí do quarto, me deparei com uma visão um tanto surpreendente. Na sala comum, numa poltrona, Daph dormia com os pés no encosto e a cabeça pendente, no sofá estava Mor e Cas, apoiados um nas costas do outro, as portas do quarto de Rhys e Feyre estavam escancaradas, mostrando o grão senhor deitado no chão e a grã senhora meio sentada apoiada na cama. Aquela era uma visão de pessoas que tinham chegado ao limite na noite anterior e dormido de qualquer jeito, eu sorri até ouvir uma porta se abrir e quando me virei vi Rayvis, ele estava tão assanhado quanto eu e tinha um arranhão no pescoço, na verdade, quatro.

- O que aconteceu?

Questionei preocupada e sussurrando para não acordar os demais. Ele olhou em volta então se virou e entrou novamente no quarto, parando apenas para me chamar para dentro. Dei uma última olhada na corte e segui ele me arrependemos amargamente no momento em que ele fechou a porta.

- Você não deve se lembrar, já que perguntou, mas foi você quem fez isso.

Ele respondeu sério. Eu não conseguia olhar para ele, procurei algum lugar para me esconder ali, mas o lugar era bem limpo e amplo. Talvez eu não devesse perguntar, mas...

- Como?

Esperava esclarecer algumas dúvidas que tinham surgido.

- Você me abraçou e depois dormiu em pé, tive que te levar para a sua cama e quando estava saindo você me puxou.

Meu rosto corou enquanto imaginava a cena em que eu, como uma gata selvagem e raivosa o agarrou.

- E você me mordeu - me virei e vi ele indicar o ombro - quando me desvincilhei de você, ganhei isso.

Ele mostrou o arranhão no pescoço.

- Desculpe.

Falei timidamente, um tanto aliviada e constrangida. Ele se aproximou.

- Não sei. Primeiro me beija e depois me agride.

Ele me encurralou ainda mais conforme eu tentava me afastar, evitando ao máximo olhar diretamente para ele até que não havia mais espaço para fugir.

- O que eu deveria fazer com você?

Ele segurou meu queixo e quando olhei para ele, já não conseguia mais resistir.

- O que você quer, Lianna?

A voz, o olhar, a proximidade.

- Maldição...

Sussurrei quando ele se inclinou e eu vi, outro beijo, bem ali. Mas a porta se abriu e lá estava Rhysand, ele olhou para como estávamos, piscou para Rayvis e fechou a porta. Eu podia morrer de vergonha ali mesmo.

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