Eu sei que o nosso sonho, como leitoras, é se tornar a protagonista da própria história, mas sabemos bem que todos os protagonistas passam por dificuldades absurdas e muitas situações de quase morte, muitas perdas e etc, então imagine essa informação na minha cabeça quando percebi que aquele abraço e aquela cena podia ser o início de um protagonismo, então o que eu fiz? Eu me afastei subitamente e no processo bati a cabeça no queixo de Rayvis e nisso a vergonha ficou grande demais e eu tive que me levantar, quando levantei aquela velha hipotensão ortostatica bateu e me desequilibrei, estava tudo escuro então me agarrei na primeira coisa que encontrei que foi algo frio e metálico, mas aquilo não tinha apoio então eu cai pro lado e depois tudo se foi.
Aquele momento foi o mais clichê da minha vida e eu só descobri isso depois de acordar do desmaio (clichê) e descobrir por Daph que Rayvis tinha me segurado e chamou por ajuda (ainda mais clichê) e depois ele dormiu ali enquanto eu estava desacordada (triplo clichê) e eu tive certeza absoluta que tinha caído na grande armadilha do romance impossível entre pessoas de mundos diferentes, mas aquilo me deu certa esperança, amores impossíveis entre pessoas de mundos diferentes significava que alguém voltava pro mundo de origem e eu podia ficar tranquila, a não ser que alguma coisa desse muito errado.
Bem, Rayvis foi quem dormiu ao meu lado enquanto eu estava desacordada, mas quando acordei quem estava lá era Daph, pelo visto tinha passado bastante tempo o que me fez questionar se apenas a mudança de pressão tinha feito que eu, uma garota que nunca foi um clichê, desmaiasse, sim, essa é minha forma de dizer que eu nunca perdi a consciência sem repetir a mesma palavra duas vezes no mesmo parágrafo.
Recebi visitas de Feyre em seu belo traje de voo ao lado de seu parceiro lindo maravilhoso e perfeito que não tinha a menor cara de alguém que já era pai de um possível protagonista.
Então Mor olhou como eu estava, depois Elain, ver a queridinha das Archeron me fez querer muito questionar como foi para ela depois do caldeirão, mas achei que seria desrespeitoso alguém que ela via pela segunda vez apenas querer saber de algo que ela pouco falou ao longo de algum século, além disso, Nestha não parava de me olhar com seriedade mesmo quando Daph chegou para ficar comigo e contou sobre nossos dias ali incentivando que eu participasse da conversa, Nestha era mais assustadora e fria de perto, mas ela se mantinha quieta, enquanto Elain tinha um olhar gentil e era educada na conversa. Elas não ficaram muito o que me fez perguntar porque tinham ido até mim, era apenas o segundo dia em que eu estava na cama e sempre que eu tentava levantar Daph me obrigava a deitar novamente, não que tivesse sido tedioso naquela cama, a jovem dama conseguiu encontrar as mais variadas distrações e até um baralho que se parecia um tanto com o normal, ensinei a ela o jogo mais perigoso na Terra, poker, mas não haveria grandes riscos de vício já que ali eles preferiam outros tipos de jogos com apostas, sei que terminei ganhando uma refeição de doces de Daph. Apenas no terceiro dia eu pude sair do quarto, quando eu realmente não tinha apresentado mais nada, talvez fosse para fugir dos treinos cansativos de Cassian, mas Daph disse ao pai que eu ainda precisava tomar cuidado, me questionei mais uma vez porque tinha desmaiado, várias teorias de formaram em minha mente, começando por tumor cerebral, mas não sabia se aquilo era possível em um mundo como aquele com corpos como aquele, parecia... real demais, então achei que poderia ser algum efeito de viagem inter planetária ou dimensional, ainda mais água bem dizer em qual se encaixaria melhor, depois me questionei se por estar em um livro eu teria passado por algum processo de... caracterização de personagem fictício e agora também estava sujeita a clichês, catástrofes e mágica, mas aí entrava a coisa de não ter nenhum poder... descoberto... ainda. Caramba! Eu queria muito ter um super poder, iria me sentir a próxima Kylie Galen, ou a Blue das Winx, e se eu tivesse asas!?Por um momento eu realmente emergi naqueles pensamentos e depois eu não pude deixar de rir de mim mesma.
Nós fomos para a cozinha onde Nuala e Cerridwen tinham deixado um grande aparato de ingredientes organizados para que Daph pudesse pagar sua dívida e como não havia nada melhor pra fazer, eu iria ajudar, o que eu não esperava era encontrar Rayvis ali, analisando o livro que devia ter receitas cuidadosamente.
Ok, eu não falei isso antes mas deve ter ficado implícito que depois de acordar eu não vi Rayvis durante aqueles dois dias e claramente eu não tive coragem de questionar sobre ele porque depois de me imaginar como possível par romântico dele um grande constrangimento me atinge sempre que pensava nele. Não me leve a mal, mas eu já me apaixonei por tantos personagens fictícios que nunca tinha imaginado a possibilidade de realmente entrar em contato com um e eu sei que uma grande armadilha dessas viagens é se apaixonar por alguém que não é do seu mundo, barra, dimensão. É bem compreensível tentar evitar isso, certo? Mas quando se está realmente ali, como evitar um dos personagens principais, claramente ele vai aparecer em centenas de páginas.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Corte de Livros e Sonhos
FanficLianna é uma leitora voraz, perdidamente apaixonada por personagens que nunca se tornarão reais. Porém isso muda quando o último livro de sua saga preferida acaba, a série Corte de Espinhos e Rosas chegou ao fim para todos, menos Lianna pois agora e...