Capítulo 17

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A conversa com Feyre as vezes me dava calafrios, outras me fazia pensar que eu não devia ficar me lamentando o tempo todo, apenas aceitar as circunstâncias e tirar proveito delas, até porque o que ela disse tinha quase gritado que Rayvis gostava de mim, o que eu ainda questionava quando ele falava que minhas roupas me faziam parecer gorda, que eu comia como uma selvagem, que eu ria como um naga, o que eu nem sabia se realmente fazia sentido.

Atravessar até a corte invernal levou certo tempo pelas questões de ir de uma corte a outra, enfrentando calor até chegar ao frio, não encarar Rayvis durante nossas pausas foi impossível e ele na maior parte do tempo ignorava até olhar fixamente de volta o que eu não sabia se era um aviso ou qualquer outra coisa, Feyre também me observava enquanto Daph escutava todas as maravilhas da Corte mais gelada, das irmãs Archeron, apenas Feyre estava ali, da Corte, somente Amren e Azriel não estavam acompanhando, o espião devia estar em alguma missão, me privando do deleite de sua vista, sim, meu maior crush fora Rhysand era Azriel, claramente porque não tinha lido nenhum trecho sobre a beleza que Rayvis tinha se tornado e, mamma mia, eu não tirava os olhos quando tinha qualquer chance de vislumbre dos detalhes, Daph chegou a comentar sobre isso alto o suficiente para que todos escutassem e me garantisse vermelhidão até as orelhas o que rendeu algumas risadas até que finalmente estávamos ali, de frente para o território que ficava nevado e nublado como se uma pintura gigante e 3D estivesse bem na minha frente.

- É bom se aquecer.

E um casaco enorme estava sobre meus ombros, colocado por Rayvis e tirado de seu arsenal de outra dimensão. Olhei para ele que ainda mantinha as duas mãos em meus ombros e estava posicionado mais ao meu lado, Sob a Montanha estava atrás de nós, Feyre segurava a mão de Rhysand enquanto Mor agasalhava Daph, ele olhou para mim e eu pensei que se ele realmente gostava de mim, se aquela palpitação toda que me invadia como um choque elétrico fosse realmente aquilo que eu mais temia, talvez valesse a pena ficar ali, talvez valesse mesmo o risco de perder ele o ter por apenas alguns instantes e depois eu poderia viver o resto da vida em meu mundo real com o coração partido incapaz de encontrar qualquer outra coisa ou pessoa que pudesse encher o buraco que ele deixaria no meu coração, com essa linha de raciocínio o risco deixou de valer a pena, então, ao invés de perguntar se ele gostava de mim e se ele queria viver cada maldito segundo como se fosse o último porque seria, eu falei.

- Afinal, quais os seus poderes?

Ele riu.

- Então tem alguma coisa que você não sabe?

Ah, aquele sorriso estava me fazendo voltar pro início do raciocínio mais uma vez.

- Bem, saber toda a história dos seus pais não me garantiu saber sobre o produto deles dois.

Dei de ombros e ele refletiu por um instante.

- Então não tinha nada sobre mim naqueles livros?

- Apenas uma ideia de como você se pareceria, graças ao... - me aproximei dele e sussurrei - entalhador de ossos.

Quando ia me afastar ele me segurou com força impedindo a distância e sussurrou em meu ouvido, causando arrepios por todo o meu corpo.

- Então, porque não escrever uma continuação?

O que era aquilo? Alguma espécie de cantada de viagem dimensional? Porque se fosse, era muito boa.

Quando ele se afastou e dei o passo que faltava senti muita vontade de pedir para ele ficar do jeito que estava antes, mas acabei me agarrando a Daphmis que também tremia mais que uma gelatina em um terremoto.

O castelo deles me fez pensar bastante na Elza, do filme Freeze, e se eu fosse uma rainha com poderes congelantes, definitivamente aquele seria um bom jeito de ostentar o meu poder, havia uma leve diferença, as lareiras, eram inúmeras e faziam o gelo brilhar como lâmpadas além de garantir um belo aquecimento. Kallias e Viviane nos receberam, a encarnação de beleza elfica das altas fantasias, com seus cabelos brancos, olhos azuis e coroas de gelo, lindos como espadas, não se podia dizer menos de seus gêmeos, os garotos idênticos eram como espelhos prateados um do lado do outro, ambos falaram primeiro com Rayvis, oferecendo abraços, pelo que eu tinha entendido ali, eles tinham idades bem próximas e também eram bem próximos, eu podia muito bem secar a saliva, ou tentar desgrudar o gelo que ela tinha formado, depois de ver aquele trio de perdição, os dois olharam para mim com curiosidade enquanto abraçavam Rayvis, já que eu havia me posicionado à sombra do herdeiro enquanto Daph tinha corrido para falar com Viviane ao lado de Mor. Minha vontade era de segurar a manga de Rayvis e não soltar, me sentindo intimidada com tanta beleza e estranheza.

- Quem é essa belezura?

Ok, elogios novos para mim, mas também não iria recusar eles, sorri de nervosa.
Rayvis se virou para mim e olhou para eles com as sobrancelhas unidas.

- Está falando de Lianna?

Um deles avançou em minha direção sem tirar o olhar de mim o que me deixou desconfortável.

- E de quem mais seria? Então seu nome é Lianna?

Olhei para os lados desesperada, aquilo era investida demais.

- Sim...

- Eu sou Cercil, o mais velho.

- E eu sou Elon.

O outro também avançou além de Rayvis, cada um pegou uma de minhas mãos e a beijou como naqueles filmes antigos. Aquilo foi ao mesmo tempo constrangedor e desesperador, olhei em súplica para Rayvis.

Alguém riu alto, Viviane.

- Vejo que seus filhos não são tão lentos quanto o pai.

Mor comentou e Viviane riu ainda mais alto.

- É claro, fiz questão de os ensinar a agirem o quanto antes.

Eles se afastaram de mim, mas agora quem se aproximava era a bela dama da Corte invernal.

- Sou Viviane.

- Lianna.

Ela acenou em cumprimento.

- Espero que não se incomode com a atitude de meus filhos, eles foram atraídos por sua beleza incomum.

Eu pesquei diversas vezes, comum era o que mais tinha me definido por um longo tempo, beleza não era algo que eu esperava no meio daqueles seres estonteantes.

- Fico... lisonjeada.

Porque eu não sabia que diabos tinha na cabeça deles e se aquilo não era nenhuma pegadinha, provavelmente eram muito loucos.

Vi Feyre cobrir um sorriso e Rhys abrir um torto na direção de Rayvis e quando olhei para ele o vi com a expressão mais irritada de todos os tempos.

- O que acham de aproveitarmos a oportunidade para uma velha competição?

Os gêmeos se viraram para ele.

- Claro.

Disse o que eu achava ser Elon.

- Somente se o prêmio for ela.

Cercil me indicou e eu engoli em seco, definitivamente loucos.

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