Capítulo 22

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Elon era o centro das atenções e ele realmente estava encantador naquele dia, Cercil me recebeu com um sorriso largo e antes que eu tivesse a chance de me despedir de Rayvis e Daph ele já me levava pelo salão em meio a tantas pessoas com suas roupas flutuantes e brilhantes que se eu desse dois passos para o lado provavelmente me perderia, não estava apertado ou sufocante como os shows.

As pessoas ainda não estavam dançando, eu vi uma mesa de comidas e quis muito um daqueles bolinhos doces que eu não sabia de que eram, mas eram muito gostosos. Cercil me levou até a mesa e pegou um para ele e um para mim garantindo um sorriso não só meu, mas dele também. Apesar de ser Elon o centro de tudo naquele dia, Cercil começou a ser notado e algumas pessoas paravam ele para conversar, enquanto isso eu olhava para aquele povo brilhante de cores claras, eles eram como a corte das belezas, ainda mais para alguém como eu que tinha queda por cabelos pretos e brancos, elfos eram a minha raça preferida nos jogos e agora eu estava rodeada por eles, eu era uma deles e ainda que fosse um tanto estranho para mim, as vezes tinha me pego olhando para as orelhas em um espelho ou reflexo qualquer.

- As danças vão começar, vamos!

Cercil me puxou pela mão bem para o salão e eu vi as pessoas se posicionarem para a primeira dança, Cercil se afastou ficando na minha frente, era como aquelas danças antigas dos filmes históricos. A música começou e eu olhei para o lado, tentando acompanhar o que as fêmeas perto faziam, mas acabei me enrolando e girando a mais ou não girando, indo pra frente quando era para trás e quando eu pisava no pé de Cercil ele ria.

- Você não conhece essa dança?

Ele me perguntou no final.

- Eu não sei dançar.

Afirmei enquanto ajustava o vestido túnica. O vi erguer a sobrancelha branca. Bem, não era que eu não sabia, mas as danças dali eu não sabia mesmo e uma coreografia individual não era a mesma coisa que aquilo.

- Por que não me disse?

- Nenhum de vocês quis perguntar.

E eu não ia sair recusando eles dizendo isso ou achariam que era simples desculpa.

- Os seus pés não estão doendo?

Ele olhou para as botas e bateu de leve no chão.

- Não, Akelai pisa neles bem mais que você.

E quando procurei a garota a vi ao lado dos pais, sentada e quieta, cheguei a ver alguém a chamar para dançar e ela recusar. Bem, ao menos naquela noite ela não iria grudar em Rayvis.

- Talvez prefira apenas observar.

- De maneira alguma, eu vou te ensinar.

E ele me puxou para outra dança e então mais uma e outra, eu já estava exausta até que Rayvis surgiu exigindo a dança dele. Cercil parecia estar de bom humor e imparável, logo depois de passar minha mão para a de Rayvis ele puxou uma moça para o centro.

Olhei para Rayvis.

- Espero que não se incomode de ter os pés esmagados.

- Eu vi o que você tem feito com os de Cercil e não nego que gostaria de ver você se atrapalhar mais um pouco, mas não vamos dançar hoje.

Inclinei a cabeça.

- Não?

- Vamos.

Ele ignorou meu questionamento e me levou para fora, com as camadas de tecido que estava usando não senti frio de imediato e sentamos em um dos bancos no jardim, estava escurecendo e com o céu nublado dali era bem rápido. Suspirei aliviada por sentar, meus músculos estavam quase rijos depois de tanto esforço.

- Você está bonita.

- O que?

Olhei para Rayvis, mas ele encarava o céu.

- Mais cedo, vocês disseram que queriam ouvir...

Ah, então era aquilo. Por um momento tinha sentido tudo parar, mas foi por nada. O silêncio imperou por tempo demais e eu já começava a sentir o frio invadir até os ossos e por mais que gostasse de frio decidi falar com Rayvis.

- Vamos entrar?

Ele olhou para mim. O cabelo penteado se rebelando, os olhos brilhando e a forma como ele estava tão perto fizeram meu coração acelerar. Me levantei.

- Está frio.

Falei sem olhar para ele ou eu não sabia o que faria em seguida. A mão dele agarrou a minha.

- Espere.

Escutei ele se mover, estava se levantando, ele colocou as mãos nos meus ombros e me virou numa direção diferente, ficando atrás de mim, então senti seu rosto e corpo se aproximarem.

- Olhe ali.

Ele indicou e eu estreitei o olhar, então vi o que ele estava mostrando, com a pouca luz os flocos de neve que caiam refletiram dourados e era como se estrelas caíssem minúsculas e milhares dos céus.

- É lindo.

- Sim.

Senti a expiração dele em meu rosto, quente, próxima. Virei minha cabeça e olhei para ele, Rayvis também olhava para mim...

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