Capítulo 15

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O olhar que Feyre e Rhys trocaram quando falei sobre voltar para casa já me dizia tudo. Eles disseram que iriam procurar por informações e, depois que falei sobre o suriel, eles pediram que eu fosse paciente e que primeiro deixasse aquilo com eles e eu concordei porque, quem, em qualquer mundo, diria não para aqueles dois?

Saí da sala um tanto abatida e poucos segundos depois Rayvis estava ao meu lado.

- Eles vão achar uma forma.

Aquela tentativa de me consolar apenas fez meu coração se quebrar, ele pegou minha mão, mas puxei ela de volta logo.

- Você já ouviu a história de Amren? E a do entalhador? Dos três irmãos? Se já, então deve saber o que tem em comum entre eles, todos vieram de outro mundo, mundo com magia, o que o meu já não tem, e nenhum deles jamais conseguiu voltar. Entende o que eu estou dizendo? Provavelmente vou acabar como eles, presa aqui...

Meus olhos estavam cheios de lágrimas, a saudade de uma mãe era mais arrebatadora que eu podia imaginar.

- Qual o problema em ficar? Seria tão ruim assim?

Ele tinha ficado alterado mais uma vez, talvez ele fosse primo do Tamlin de alguma forma. Fechei minha boca, não por não ter respostas, mas porque queria me afastar dele, dali, daquele lugar, porque eu tinha medo, medo de que quanto mais ficasse, mais motivos para continuar acharia e eu não podia, porque essa era a grande armadilha daquele tipo de história. Então eu me virei e saí deixando ele para trás.

- Lianna!

Talvez fosse pelo fato de ele chamar meu nome, a voz, o tom um tanto irritado e desesperado, mas eu hesitei, não me virei porque meu rosto estava todo molhado, aquele dilema, aquela dor, saber que tudo não passava de uma grande armadilha e por um instante eu pude entender o amargor que Amren carregou por tanto tempo, eu parei e fechei as mãos em punho, não conseguia seguir adiante nem voltar atrás, estava estagnada em um ponto, não só daquele corredor, mas na minha vida desde o momento em que percebi o que estava fazendo ali. Então eu senti ele atrás de mim, achei que passaríamos uma eternidade ali então um braço passou pela minha frente envolvendo meus ombros e outro a minha cintura.
Ele não disse uma palavra, mas mais uma vez ele estava lá quando eu derramava lágrimas e quando ele soltou minha cintura e passou a mão pelo meu cabelo, da mesma forma como uma mãe costuma fazer em sua criança, eu desabei mais uma vez e me desvencilhei dele apenas para me virar e o apertar enquanto chorava, ele me abraçou enquanto eu deixava despejar toda a aflição que me enchia e quando finalmente eu parei ele passou a mão pela minha cabeça mais uma vez.

- Você vai encontra-la de novo.

Era uma promessa, mas não ousei dizer que o que eu mais temia não era não ver mais minha mãe, mas preferir ficar ali.

▪▪▪

Mais uma semana se passou e mais uma vez eu me juntei ao treinamento bizarro dos dois, Rhysand apareceu no meio de um dos treinamentos, eu estava aprendendo a mirar uma flecha com Daph enquanto Rayvis criticava cada flecha minha que passava longe do alvo, meu nível de irritação estava bem alto, o Grão-Senhor lançou uma roupa para o filho, Rayvis a desdobrou estendendo um casaco com as mãos.

- O que seria isso?

Rhys olhou ao redor e piscou para Daph que sinalizou de volta animada, soltei a última flecha que tinha preparado e observei os dois.

- É para proteger do frio, não conhece um casaco?

- É óbvio que sei, mas qual o sentido de me entregar isso?

- Amanhã visitaremos a Corte invernal.

Rayvis olhou para mim imediatamente e Daph segurou minha mão.

- Lianna irá conosco.

Rhys piscou mais uma vez e Daph soltou um gritinho. Eu olhei para ela sorrindo, eu iria ver o povo que montava ursos polares!

- Nós vamos arranjar um novo guarda roupas para você, temos que preparar um vestido belíssimo...

Olhei para Rayvis e ele acenou para mim com um sorriso discreto.

- Tio, podemos ir à cidade?

Rhysand pensou longamente, mas abriu um sorriso encantador.

- Tudo bem, mas dessa vez, eu irei acompanhar.

Daph gritou mais ainda e correu para abraçar Rhysand.

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