Capítulo 16

4.1K 549 166
                                    

Era realmente chocante andar pelas ruas com o Grão senhor e não estar rodeado de soldados e nem ser interceptado ou pelo menos cumprimentado com diversas reverências. Aquele lugar era incrível, ainda mais estando à sombra de Rhysand.

Daph segurava minha mão e me puxava na direção de vitrines, devo admitir, compras nunca foram tão interessantes quanto naquele momento. Entramos em lojas diversas, desde roupas até de móveis, precisávamos de roupas que suportassem o frio absoluto da Corte Invernal então seriam roupas quentinhas, experimentamos vestidos, conjuntos e no fim, quem escolheu nossas roupas foram Rayvis e Rhysand, sentados e analisando as nossas provas, aquilo foi divertido mas também constrangedor, imagine só! O grão senhor e seu filho escolhendo as roupas de uma garota de outro mundo! Eu queria muito que Feyre também estivesse ali para aliviar a vergonha, ou Mor, mas as duas estavam fazendo algo que o Grão senhor não quis informar.

Ao que parece seria a comemoração de aniversário dos gêmeos de Viviane, eu estava ansiosa para aquilo, eu estaria lá e nem que eu precisasse abrir minha mente para Rhysand explorar cada canto eu queria ir, contudo já estava convidada. Eu vestia as roupas e me sentia uma boneca e mesmo que não fosse fã de vestidos, estava bem empolgada em usar um, contudo no final escolhemos roupas que misturavam as características das da Corte noturna, com aquele estilo indiano, só que quentinhas e que cobriam tudo, para meu alívio, porque, não sei você, mas eu odeio muito mostrar minha barriga, criada por uma mãe que colocava minhas calças altas e as blusas "decentes" o hábito passou a fazer parte da personalidade. As calças folgadas eram alguns tons mais claras que as blusas, me senti ao mesmo tempo um general coreano e uma rainha egípcia. Ok, daquele jeito estava mais pra general coreano, mas aquelas roupas de classe bonitas que a gente vê nos doramas, quando eles usam aqueles chapéus com a pena de pavão. Depois pudemos seguir em Velaris, aproveitando o que não pudemos da outra vez, com direito a aperitivos doces maravilhosos.

- Você quer provar o meu?

Daph ofereceu estendendo para mim o copo com conteúdo que lembrava muito sorvete na consistência, mas não era gelado, peguei uma colher e o dela me pareceu algo como abacaxi com canela, o meu era como limão e morango.

- Hummm, o seu é bem melhor.

Ela comentou e de repente mais uma colher foi tomada do meu copo.

- Realmente...

- Ei!

Exclamei contra Rayvis que tentava pegar a segunda colherada.

- Se vai tomar do meu, deveria ao menos me compensar com o seu.

Ele olhou pro dele e enfiou a colher, a retirou e estendeu. Olhei para a colher com o doce estranho.

- Não vai querer?

Olhei para ele confusa e ver aquele rosto perfeito não me ajudou em nada, logo senti minhas orelhas queimando.

- Eu posso pegar eu mesma.

E tentei fisgar um pouco com a minha colher, mas ele afastou o copo.

- Nem pense, é isso ou nada.

Ele estendeu a colher mais uma vez na minha direção.

- Então você vai ficar...

Minha boca foi invadida e eu senti o gosto que lembrava chocolate e laranja. Olhei para ele.

- Gostou mesmo mais do meu?

Ele acenou.

- Então vamos trocar!

Rayvis aceitou e depois alcançamos Daph e Rhys. Com mais alguns quarteirões eu me vi em uma rua mais tranquila e quando eles pararam eu vi mais um sonho se realizar, através daquela vitrine era possível enxergar uma mulher coberta de tinta, segurando um pincel e criando uma linda imagem de três jovens deitados, duas garotas e um rapaz, o mais bonito dos mundos, uma das garotas tinha cabelos loiros que chegavam na curva inferior das costas, com lindos olhos azuis ela estava do lado da com cabelos castanhos, com olhos que não sabia dizer se eram pretos ou marrons, ela era linda, sorrindo daquela forma, o quadro era perfeito. Não pude deixar de levar a mão ao rosto, era daquela forma que Feyre me enxergava, como era possível?

- Vamos entrar!

Daph puxou minha mão enquanto Rhysand abria a porta para nós, p sino tocou e Feyre finalmente nos percebeu, ela sorriu e meu rosto esquentou mais uma vez quando Rayvis parou bem ao meu lado, com o braço tocando no meu.

- O que acharam?

- Está lindo tia! Especialmente a Lia, está realmente perfeito!

Eu piscava tentando assimilar aquilo.

- Gostou, Lia?

Acenei timidamente.

- É lindo.

O rosto de Rayvis surgiu na minha frente.

- Desde quando é tão tímida? Lembro de ter falado alto mesmo quando Azriel colocou uma faca no seu pescoço.

- Aquilo foi porque eu achava que era um sonho!

Eu falei mais alto e logo cobri minha boca.

- Ser ameaçada com uma faca seria um sonho?

- Não! Quer dizer... sim, se for o Arziel da história que eu conheço.

Abri um sorriso, o olhar de Rayvis ficou sombrio.

- Agora sabe que não somos apenas um livro.

Feyre bateu as palmas chamando atenção.

- Bem, já que está aqui, por que não aproveitar para que você veja os quadros?

Me contive para não pular de alegria e segui ela pela galeria, o chão era todo mancando de tintas de diversas cores, haviam pinturas que nunca foram descritas nos livros, como a das montanhas, uma de Amren com o colar de rubis, outra de Rayvis e quando vi uma dele com Daphmis lambuzados de comida sorri.

- Você não considera ficar?

Olhei para ela, uma mulher, uma fêmea estonteante, em seu auge de feminilidade e poder, perguntando se eu não considerava ficar ali, naquele mundo. É claro que sim, eu queria responder.

- É isso que me assusta.

Desabafei. Ela se virou para mim e eu escutei a risada de Daph daquela sala aberta de onde tínhamos vindo, podia imaginar que ela tinha feito algum comentário sobre Rayvis na pintura e ele estava emburrado naquele instante.

- Vocês são incríveis, esse lugar mais ainda...

Eu sabia que somente ela poderia entender completamente, somente ela e Amren.

- Não tem como não querer ficar, mas... Minha mãe ainda está lá e... quanto mais eu quero ficar aqui, mais eu sinto que não vai me ser permitido.

Ela colocou a mão em meu ombro e eu senti aquela palidez da qual sentia tanta falta.

- Não sabemos como veio parar aqui, mas deve ter algum propósito, e... Lianna. - Ergui o olhar para ela e somente depois ela prosseguiu. - Faríamos tudo por Rayvis... e pela felicidade dele.

Ali estava a mensagem subliminar, as entrelinhas. Ela tinha visto que aquilo estava acontecendo, ela viu antes mesmo de mim pra que armadilha eu estava caminhando, se eu não ja tivesse caído.

Corte de Livros e SonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora