Enfrentando o passado!

599 88 26
                                    

O caminho de volta para casa foi silencioso. Eu me segurava para não derramar todas as lágrimas que estavam acumuladas.

Eu não queria que meus amigos sentissem pena de mim, nunca suportei a pena de ninguém. Aliás, eu mereço tudo o que está acontecendo. Eu fui uma pessoa horrível. 

Chegamos em casa e eu estava indo direto para o meu quarto, mas fui parada pelos meus amigos.

- Betty, conversa com a gente, por favor - falou Cher se aproximando de mim e me abraçando.

- Agora não, eu só quero deitar um pouco, estou cansada.

Eles assentiram e foi a vez de Verônica falar.

- Bee, tudo bem. Descansa um pouco, mas vamos conversar depois, ok?

Eu assenti e fui para o quarto. Preciso de um banho.

Quando entrei embaixo do chuveiro, junto com a água vieram as minhas lágrimas. Eu estava sentindo uma dor tão grande, eu não me conformo de não ter percebido que tinha algo de errado. Quantas vezes ele se queixou de dores de cabeça?

Quando ele me abraçou no meu aniversário de quinze anos e chorou em meus braços eu sentia que tinha algo de errado porque Jughead não era de se emocionar assim, mas eu deixei pra lá, porque ele me disse que não tinha nada de errado.

Burra.

Eu sou uma tremenda de uma idiota.

Saí do banho e me enrolei somente em uma toalha, já que não levei roupa no banheiro.

Quando abri meu guarda-roupas foi impossível não procurar pela caixa com as minhas melhores lembranças. Eu peguei ela e fui até a cama. A primeira coisa que eu vi foi o livro que ele me deu no meu aniversário de treze anos, essa foi a melhor dedicatória que eu poderia ter recebido.

A caixa estava repleta de coisas nossas. Nossas fotos, os presentes que ele me deu, os bilhetinhos que a gente trocava as vezes, a primeira flor que ele me deu.

Inclusive a embalagem do remédio que ele me comprou para a cólica. Eu guardei porque eu disse que isso ia me fazer lembrar todos os dias o quanto ele era a melhor pessoa do mundo. Mas eu falei.

Abri o livro e passei meus dedos sobre as letras, naquelas palavras que tanto aqueceram o meu coração naquele dia.

Ela é forte, mas ao mesmo tempo é doce. Ela é a calmaria, mas ao mesmo tempo é a tempestade. Um minuto de conversa com ela e o seu mundo fica mais colorido, porque é esse o efeito que Elizabeth Cooper tem sobre as pessoas. Você pode estar tendo um dia de merda, mas ela sempre vai o tornar melhor, somente por sorrir”

E só de pensar que ele causava essas mesma sensações em mim e eu estraguei tudo.

- Eu te amo tanto, Juggy. Me perdoa por ser a pior amiga desse mundo – sussurrei entre soluços enquanto me agarrei ao livro e deitei sobre a cama.

°•°•°•

- Betty, acorda – ouvi uma voz me chamar ao mesmo tempo que as cortinas do meu quarto eram abertas.

- Me deixa aqui Ronnie, eu não quero sair. – falei cobrindo a minha cabeça.

- Chega Elizabeth Cooper, você está aqui há três dias. Você só levanta dessa cama pra ir no banheiro, pelo amor de Deus, você não vai fazer nada? Vai ficar aí deitada nessa cama vendo o tempo passar sem fazer absolutamente nada?

Ótimo, Verônica não estava sozinha.

- Você não entende Cheryl, não tem o que fazer. Eu fui uma idiota, ele foi embora de novo e pronto, acabou.

- Deus, desde quando você se tornou tão covarde assim? Porque a Betty que eu conheço não estaria deitada nessa cama jogada as traças vendo o tempo passar, ela já teria resolvido tudo, já teria pensando em diversas coisas pra mudar essa situação toda.

- Eu não mereço ele. Eu não mereço tudo o que ele já fez por mim. Vocês entendem o que eu fiz? Entendem o quanto eu fui uma idiota?

- Betty, a gente não entende absolutamente nada, caramba. Porque desde o dia que Jughead foi embora a única coisa que a gente sabe é que ele tem ou tinha um tumor cerebral, você não disse mais nada além disso, nós estamos no escuro e assim fica impossível te ajudar.

- Eu não tenho mais nada pra falar, se falar sobre isso fosse resolver toda a situação, eu falaria sem pensar duas vezes, mas...

- Nada de mais – falou Kevin entrando no quarto. – Eu cansei te ver assim. Agora mesmo você vai levantar na porra dessa cama e vai nos contar tudo o que aconteceu, inclusive como você descobriu a doença. Tudo. – ele estava irritado, isso é perceptível.

Eu me sentei assim como eles pediram e contei toda a história, desde o momento que Archie veio até aqui, até o momento do livro em que eu descobri que o motivo de ele ter ido embora é porque estava doente. Eles estavam chocados, mas não disseram nada enquanto eu não terminei de contar tudo.

- Então, é isso. E agora ele me odeia, porque eu sou a pessoa mais desprezível desse mundo.

- Espera ai – disse Cheryl – Então você está nos dizendo que Jughead escreveu um livro sobre vocês? – eu assenti – Meu Deus, isso é a coisa mais romântica que eu já vi. – falou com um brilho incrível no olhar.

- Elizabeth, o que é que você está fazendo que ainda não foi atrás dele? – perguntou Verônica, mas Kevin não deu tempo que eu respondesse.

- Você é a pessoa mais idiota do mundo. Como você pode dizer que ele te odeia se você não terminou de ler o livro?

Ele tem razão, mas eu não tenho coragem para ler. Eu não sei se estou preparada para ler que ele me odeia.

- Eu não posso fazer isso Kev, eu tenho me...

Fui interrompida novamente.

- Se você tiver a ousadia de dizer que está com medo, você vai se ver comigo. Você é a pessoa mais forte e corajosa do mundo, pelo amor de Deus garota. Nós vamos sair daqui e você vai terminar de ler esse livro. Ok? 

Meus amigos não estavam com uma cara muito boa. Então eu fui obrigada a assentir.

Então vamos lá.

É hora de enfrentar o passado de uma vez.

°•°•°•

Jughead foi embora sim (mas em breve ele volta, ou não)

Já vou começar a escrever o próximo capítulo, mas só posto quando tiver no mínimo dez comentários (chantagista no nível hard)

Até daqui a pouco.

Eu sempre te amei - BugheadOnde histórias criam vida. Descubra agora