Eu sou exatamente aquilo que falam!

955 108 35
                                    

Quatro anos depois

Mais um dia que eu me pergunto o porquê de eu ter me inscrito em uma faculdade. Meu Deus, como isso é cansativo.

Estou indo para o meu segundo ano da faculdade de jornalismo, que sempre foi o meu grande sonho, na realidade continua sendo, mas agora posso incluir uma dose de cansaço e estresse nisso.

Desde criança eu queria ser uma jornalista de renome e acho que essa foi a única coisa que não mudou em mim em todos esses anos, por que o resto? Bom, o resto não existe mais. Eu sempre fui uma garota boa, tímida, que sempre colocava o problema dos outros a frente dos meus. Mas a vida me fez mudar, acho que quando você apanha muito da vida, você acaba criando uma barreira de frieza, para assim evitar que se machuque.

Às vezes eu prefiro afastar as pessoas a me apegar nelas e depois ser abandonada e sofrer. Minha melhor arma anti decepções é não criar vínculos com ninguém. Bom, posso dizer que houve algumas falhas durante o caminho, já que obviamente existem pessoas que foi impossível não me apegar, Verônica, Cheryl e Kevin, os melhores amigos que alguém poderia ter. Eu tentei não me aproximar deles, mas foi impossível.

Nos conhecemos a mais ou menos três anos e desde então somos inseparáveis.

- Vamos Betty, desse jeito vamos nos atrasar pra aula – Cheryl me chama na porta do meu quarto. V, Cher e eu dividimos o dormitório no campus da faculdade.

Verônica e Cheryl fazem o curso de moda, já que ambas são apaixonadas por essa área. Kevin faz teatro e eu como já disse, faço jornalismo.

Eu posso dizer que eu mudei muito de um tempo pra cá. Antes eu era a menina doce que se importava com todo mundo, hoje eu só me importo com aqueles que de fato merecem. As pessoas definitivamente não merecem a minha doçura, por isso ofereço para elas a minha total frieza.

As garotas e eu fomos pra aula, para mais um dia entediante. Bom pelo menos hoje já é quinta-feira e de quebra temos uma festa em uma fraternidade qualquer para ir, eu realmente estou precisando me distrair desse inferno chamado faculdade.

As aulas passaram arrastadas, parece que quanto mais pressa à gente tem, mais as horas demoram para passar, mas finalmente chegou o momento da liberdade do dia.

- E ai minhas lindas, estão prontas para a noite de hoje? – Perguntou Kev se aproximando da gente.

- Eu nasci pronta Kev, você sabe que eu não perco a chance de poder me vestir para matar, a noite de hoje vai ser incrível. – Respondeu Verônica com uma animação que às vezes só ela tem.

- Eu não vejo a hora de poder encher a cara e relaxar. Meu Deus, por que isso tem que ser tão cansativo? – disse Cher deitando a cabeça em meu ombro e enganchando o braço no meu. – E você Betty não vai responder nada?

- Ah, eu estou tão cansada hoje, que estou com preguiça até de respirar, mas eu preciso ir para essa festa extravasar um pouco.

- Ei ei ei mocinha, não se esqueça que amanhã ainda tem aula e a senhorita fica num mau humor do cão quando está de ressaca, então por favor, vamos maneirar.

- Ai Kev, eu te amo, mas deixa de se careta, se for para ir na festa e não causar, eu nem vou. – eu disse rindo.

Pois é, quem diria que a garotinha perfeita de antes estaria falando isso agora. Realmente eu mudei e com certeza foi para a melhor. Não me arrependo de me tornar quem eu sou hoje. Eu sou forte, independente e não preciso de ninguém para sobreviver, apenas de mim mesma. Sempre.

•°•°•°• •°•°•°• •°•°•°• •°•°•°• •°•°•°• •°•°•°•

Já estamos na festa tem meia hora e posso dizer que a única coisa que tem aqui é gente bêbada e se pegando. Coisa que daqui a pouco eu também vou fazer.

Verônica e Cheryl já acharam o caminho para os quartos com uns carinhas que acharam por ai, pois é minhas amigas são rápidas. E Kevin, bom ele nem chegou a entrar na casa, encontrou uns amigos lá fora e ficou por lá mesmo.

Então cá estou bebendo sozinha, espero que por pouco tempo. Eu gosto de ficar sozinha quase sempre, mas em uma festa isso não é nada legal.

Estava distraída com meus pensamentos que acabei me assustando quando alguém pegou em meu braço.

- Ai porra, que susto – disse me virando com uma das mãos sobre o peito.

- Me desculpa, eu não quis te assustar – disse o rapaz totalmente envergonhado. E que não posso negar que era um gatinho. – É que eu vi que você estava sozinha e vim oferecer companhia, já que eu também estou. 

Meu Deus, ele é muito fofo, que vontade de apertar.

- Sem problemas, vou adorar a companhia. Em chamo Elizabeth, mas pode me chamar de Betty. E você, como se chama? 

- Eu sou o Mike, é um prazer te conhecer Betty, você aceita dançar comigo ou prefere ficar aqui e tomar mais alguma coisa?

- Dançar, com certeza dançar, depois a gente bebe mais um pouco. – respondi animada. Algo nele me encantou logo de cara. E olha que isso é realmente difícil de acontecer.

Fomos até a pista de dança improvisada, ou seja, no meio da sala da casa e dançamos muito e conversamos também.

Mike é uma cara incrível, ele está no curso de literatura, já está no segundo ano, em breve estará no terceiro e agora fico me perguntando como não nos conhecemos antes. Na realidade ele me disse que já me viu por aqui e como eu sou “popularzinha” nunca se arriscou conversar comigo antes.

- Quer beber alguma coisa agora? Você parece cansada – Perguntou parando no meio da música.

- Seria ótimo, vamos? – Peguei em sua mão e fomos até o barzinho, também improvisado.

- Você definitivamente não parece em nada com o que falam sobre você.

- Ah é? E o que dizem sobre mim?

- Não é nada demais, isso não vem ao caso agora, não é verdade mesmo – Disse meio incomodado, Mike definitivamente não esconde as suas reações.

- Você começou agora fala – respondi já meio impaciente. Mais um detalhe de Elizabeth Cooper, eu me estresso fácil, fácil e quando quero algo, eu quero na hora.

- Eles dizem que você é uma pessoa fria que não se importa com as pessoas, mas eu sei que isso não é verdade.

- Ah meu caro Mike, é ai que você se engana. Eu sou exatamente aquilo que falam e para ser sincera não tenho problema nenhum em assumir isso. – respondi sincera – Além do mais, eu só sou assim com quem merece – Eu disse antes de puxá-lo para um beijo. E que beijo.

Eu sempre te amei - BugheadOnde histórias criam vida. Descubra agora