Ele sempre esteve ao seu lado!

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- Se lembram daquela vez em que nós brigamos com a Betty e vocês dois resolveram fugir de casa? – disse minha mãe, relembrando o passado pela vigésima vez na noite.

Realmente um dia meus pais brigaram comigo e eu resolvi fugir de casa, foi logo quando eu e Jughead nos tornamos amigos. Ele resolveu fugir comigo, por que segundo ele eu poderia correr grandes riscos fora de casa, então precisaria me proteger.

Jughead era assim, ele sempre colocou as minhas necessidades acima das dele, e nunca se importou com isso. Pensando bem agora, durante toda a nossa amizade foi assim, ele me protegendo independente de qualquer coisa. Talvez seja por isso que eu tenha surtado quando ele disse que ia embora, acho que eu estava acostumada com ele sacrificando tudo por mim. Bom, eu o chamei de egoísta quando ele disse que ia se mudar, talvez a egoísta tenha sido eu. Assim como ele disse.

Tirei a concentração do meu prato e encarei Jughead, ele estava sentado na minha frente, seus olhos estavam em mim, mas assim que direcionei o meu olhar para ele, Jug voltou a olhar para o seu prato. Foi assim o jantar todo, ele cumpriu com a promessa, não me olhou, não falou qualquer palavra, realmente é como se ele não estivesse aqui, tirando o fato daquela sensação estranha que eu tenho no estômago toda vez que ele está por perto. É a única coisa que denuncia a presença dele aqui.

Eu odeio ser ignorada, essa é uma das piores sensações do mundo. Pode ser que agora eu entenda o motivo de ele ter ficado tão chateado, mas se ele está achando que vai me ignorar o resto da noite, ele está redondamente enganado. Vou chamar a sua atenção, de uma forma ou de outra.

- Como esquecer mãe? Só voltamos pra casa por que o Jughead ficou com medo da mamãe e do papai – falei com um certo tom de sarcasmo, o que fez ele direcionar a sua atenção para mim.

- Bom, não fui eu que na primeira hora estava desesperado porque resolveu fugir se casa e não levou comida – ele falou pela primeira vez desde que nos sentamos a mesa e me encarou com a sobrancelha arqueada. – E além disso, eu só estava com dor de cabeça.

Realmente, um dos principais motivos de termos voltado para a casa é que ele passou mal, teve uma enxaqueca das grandes, coisa que se tornou comum com o passar do tempo.

O encarei com um olhar mortal e ele deu um risinho falso. Imbecil.

Minha mãe e a Gladys se entreolharam e percebi que elas queriam dizer alguma coisa. Em seguida coçaram a garganta e ficaram nos encarando.

- O que foi? – perguntamos juntos.

- Que foi o que? – perguntou Gladys na maior cara de inocente.

- A gente conhece essa cara de vocês, sempre faziam isso quando éramos mais novos e queriam nos dizer algo que tinha medo de a gente não gostar. – respondeu Jughead encarando a sua mãe.

- Tem razão, querido – foi a vez da minha mãe falar – Bom, a Betty ainda não sabe, mas o FP e a Gladys vão oltar a morar aqui na cidade. Gladys estava em tratativas com o dono da sua antiga casa, por isso essa semana ela e Jughead estão aqui, mas enquanto não fecham negócio e para não precisar ficarem em hotel, eu chamei eles para passarem essa semana aqui em casa – finalizou minha mãe com um sorriso enorme no rosto.

Jughead nem disfarçou a sua irritação e votou a sua atenção para a mãe.

- Você me disse que eram dois dias e que íamos ficar em um hotel mãe – ele sussurrou para a Gladys, mas foi perfeitamente possível de escutar o que ele disse e ainda perceber o tom de irritação na sua voz.

- A Alice nos convidou e fiquei feliz em aceitar, faz tempo que não nos vemos e essa é a oportunidade perfeita para matarmos a saudade. E para de agir como um menino de cinco anos.

- Bom, eu vou para um hotel – disse Jughead se levantando, pelo visto agora é ele quem não quer ficar no mesmo ambiente que eu.

- Filho... – Gladys tentou argumentar, mas ele não deu bola.

- Muito obrigada pelo jantar Sra. Cooper – agradeceu a minha mãe e deu um abraço nela – Tchau Elizabeth – falou simplesmente e foi para fora acompanhado da mãe.

Assim que saíram minha mãe me direcionou um olhar repreendedor.

- Você sabe o porquê de ele estar indo para um hotel, não sabe Elizabeth?

- Eu? Eu não faço ideia mãe, se ele quer ir embora ele que vá, pelo visto essa é a especialidade dele mesmo. – respondi irritada.

- Já está na hora de você esquecer o passado filha, eu sei que vocês estão estudando na mesma universidade e tenho quase certeza que vocês já se esbarraram por lá. Você já parou para pensar que talvez o destino esteja dando uma oportunidade para vocês se acertarem? Para deixarem as mágoas de lado? Você não foi a única que sofreu com essa história toda Elizabeth. Eu nunca te disse nada, mas naquele dia que eles foram embora, eu encontrei o Jughead saindo daqui, ele estava devastado, eu pude ver a tristeza nos olhos dele juntamente com as lágrimas. O abraço que ele me deu naquele dia demonstrou toda a dor que ele estava sentindo e quis esconder de você.

Eu não conseguia processar tudo o que a minha mãe estava dizendo, ela nunca falou comigo desse jeito em relação ao Jughead, ela sempre me deu espaço quando se tratava desse assunto.

- Mãe...

- Não Elizabeth, eu fiquei esse tempo todo sem falar nada, tentei entender o seu lado mesmo sabendo que você não foi a única que sofreu. Mas hoje ao ver o olhar de tristeza desse garoto e o olhar frio que você direcionou a ele, eu não pude mais aguentar. Esse garoto sempre esteve do seu lado para tudo, era ele que te defendia dos valentões, era ele quem te dava a blusa dele quando você sentia frio, ele quem te carregava no colo quando você se machucava na educação física, foi ele que correu na farmácia comprar remédios pra cólica e absorventes quando você menstruou pela primeira vez. Aquele garoto que está lá fora que gastou todas as suas economias pra te comprar o presente de aniversário que você queria. Então eu estou mandando você ir lá para fora e convencer ele a voltar aqui e ficar essa semana com a gente. E se você não fizer isso, pode voltar para o campus amanhã mesmo.

Eu sempre te amei - BugheadOnde histórias criam vida. Descubra agora