Narradora on****
Século 13, Reino de Nostandt, limites do condado de Visiles.
Estava amanhecendo, as gotas de orvalho fresco caíam na grama úmida devido a tempestade noite passada.
A floresta estava quieta, nenhum pássaro ousava piar.
Helena havia dormido com seus pais devido os estrondosos relâmpagos e lampejos no céu. Os deuses estavam furiosos e não era à toa.
Caçadores estavam à uns dias rondando sua vila em busca de um suposto dragão que havia invadido as muralhas de Nostandt.
Helena abre seus olhos e sente o cheiro fresco de café.
A garotinha se levanta da cama de seus pais e caminha dentro de sua pequena e rústica cabana de madeira até a cozinha onde encontra seu pai.
O mesmo sorri para a menor, seus cabelos negros e pele clara destacavam sua beleza estonteante, seus incomuns olhos prateados davam à Richard um ar exótico e hipnotizante.
E Helena teve a sorte de nascer com os olhos de seu pai, assim ela poderia enxergar a bondade que o mesmo via em todas as coisas vivas.
Richard sempre lhe contava histórias sobre fadas e sereias e tudo aquilo que existia em seu mundo, deixando a pequenina cada vez mais curiosa.
Seu pai sempre dizia para a mesma: "nunca se deixar levar pela aparência, as vezes, as pessoas que mais precisam de ajuda são aquelas que demonstram nunca ter medo".
E Helena sempre ouvia os conselhos de seu pai, oras, um homem amável e esperto como ele sempre tinha razão.
Richard: acordou, dorminhoca? (Ele pergunta beijando a testa de Helena enquanto a mesma morde um pedaço de pão)
Helena: sim papai, onde a mamãe está? (Ela pergunta pondo uma mecha de seu liso cabelo negro atrás da orelha)
Richard: provavelmente está fazendo alguns medicamentos para as pessoas da vila. (Ele diz desconfortável)
Helena observa atenta a reação de seu pai. Ele sempre demonstrava angústia e...medo, quando falava do ofício de sua mãe.
Logo a porta é aberta e Richard sorri aliviado.
O homem caminha até a moça e deposita um longo e demorado beijo em seus lábios.
Helena sente suas bochechas arderem, ela queria que no futuro um homem tão perfeito quanto seu pai a pedisse em casamento.
Quando os dois se afastam a mãe de Helena permanece parada, com a boca entreaberta e os olhos semiserrados.
Tessa: aconteceu alguma coisa? (A mulher diz sorrindo)
Ela possuía um corpo voluptuoso e pele negra como a noite, seus cabelos longos e ondulados curiosamente possuíam a cor vermelha como fogo.
Seus olhos castanhos e lábios cheios destacavam a beleza exótica de Tessa.
Richard: não aconteceu nada, só fico muito feliz quando te vejo, meu amor. (Ele diz com um sorriso nos lábios)
Tessa sorri acariciando o rosto de seu amado e Helena sorri vendo a cumplicidade de seus pais.
Tessa encara sua pequena com uma sobrancelha erguida.
Tessa: quem está pronta para continuar nossa aula? (Tessa pergunta pegando Helena em seus braços)
Helena gargalha feliz agarrando o pescoço de sua mãe.
Richard: pelo menos terminem de...comer. (Ele diz sorrindo e suspirando quando as duas saem da casa)
Tessa caminha pela vila com Helena em seus braços que cumprimenta todos com um aceno de mão e umas risadas inocentes.
As duas param nos limites da vila em frente a floresta.
Tessa põe a pequena no chão.
Tessa: agora vá minha bruxinha, procure as ervas que estudamos semana passada. (A mulher diz se sentando embaixo de um pinheiro)
Helena sorrindo diz:
Helena: certo mamãe! (Ela diz e corre floresta a dentro)
A pequena sabia aonde ir, já havia feito isso muitas e muitas vezes.
Sua mãe havia ensinado a pequena a ler e escrever, e agora estava ensinando a cuidar dos outros.
Criando poções e pomadas que curam.
A natureza era a principal fornecedora de matéria prima para o trabalho de sua mãe.
E as ervas, uma de suas mais fiéis companheiras.
A jovem então ouve não tão distante dali um rugido que transmitia dor.
Helena: será que algum animalzinho está preso em uma armadilha? (Ela diz seguindo o som que ficava cada vez mais próximo)
Helena abre caminho entre arbustos e galhos até parar quando vê à uns 5 metros de distância um dragão jovem caído no chão.
Ele estava deitado numa poça de seu próprio sangue.
O dragão rosnava e rugia enquanto tentava se levantar, uma enorme flecha de metal estava cravada em suas costas.
A garotinha se aproxima mas para quando vê os olhos âmbar do mesmo em sua direção.
Ele estava atento e arisco.
Helena caminha devagar em sua direção.
O dragão fica inquieto, tentando constantemente se levantar.
Helena: pare! Por favor, pare senhor dragão! Só vai se machucar! (Ela diz se ajoelhando)
O dragão vê que a mesma não tentava mais se aproximar e aos poucos vai se acalmando.
Helena: eu preciso que deixe-me ajudá-lo, senhor dragão. Se não pode acabar morrendo...(Ela diz com sua face entristecida)
O dragão observa os olhos prateados da pequena e sua respiração aos poucos volta a normalidade.
A pequena se levanta e caminha até se sentar ao lado do dragão.
Os olhos de Helena brilham.
Helena: suas escamas são lindas, senhor dragão. Elas são escuras como a noite e brilham como estrelas! (Ela diz com seus olhos brilhando)
O dragão bufa baixinho, e então fecha os olhos.
Segundos depois ele rosna e por reflexo arranha o ombro esquerdo da garota que caí no chão.
Helena chora baixinho, pondo a mão direita na nova ferida em seu ombro.
Uma marca de quatro garras agora estava traçada em sua pele canela.
Seu vestido estava rasgado.
E em sua mão, a enorme flecha de prata.
O dragão observa o local onde a flecha estava alojada e seus olhos âmbar brilham.
Ele olha para a humana e vê a enorme flecha em sua mão, brilhando em vermelho vivo devido seu sangue.
O dragão que era um pouco maior que Helena se põe de pé.
Ele caminha mancando em sua direção e aproxima seu focinho da cabeça da garota.
Helena fecha seus olhos quando sente o mesmo fungar profundamente seus cabelos antes de dar meia volta e correr para longe da mesma.
Helena olha a poça de sangue e as pegadas do dragão.
Ela sabia que alguém malvado iria aparecer para procurar por ele.
Helena então se apressa para fazer algo que escondesse aquela bagunça, e leva consigo a flecha.
Quando a garota aparece para sua mãe, a mesma se levanta e corre assustada em sua direção.
Tessa: o que aconteceu Helena?! O que é isso na sua mão?! (Ela pergunta pegando sua filha nos braços)
Helena sorri.
Helena: eu ajudei um amigo, só isso.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Príncipe Dragão
FantasyNostandt, século 13. Minha mãe foi queimada quando tinha apenas dez anos, acusada de bruxaria. Eu e Meu pai fomos expulsos de nossa cidade, após isso fomos encontrados pela Ves, uma duquesa que nos acolheu e nos deu um lar. Ainda me lembro da prim...