Capítulo 71

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Narradora on****

Helena abre seus olhos ao ouvir uma melodia distante.

Uma voz suave e sedutora ecoava em sua mente nublada, a voz masculina cantava sua tristeza, a profundidade das notas refletia sua tamanha mágoa.

A voz ficava mais alta, Helena então sente alguém sentar ao seu lado e então ela vê uma mão enluvada acariciar seu rosto.

Os olhos âmbar daquele homem eram tão vazios quanto o fundo de um poço velho.

Porém ela via no olhar cansado daquela figura, um amor e mágoa que transcendiam os limites do tempo e do espaço.

Yure: vamos, Zihrael, acorde. (Ele fala, ajudando Helena à levantar)

A garota fica de pé, no meio do quarto, enquanto Yure, conhecido por seus inimigos como Malak, retirava suas vestes de seda com cuidado.

Os dedos de Yure puxam as pontas dos laços que prendiam o roupão de Helena junto ao seu corpo, e após isso a peça caí no chão frio.

Os olhos de Yure brilham na escuridão do cômodo. Um suspiro pode ser ouvido, o homem se aproxima de Helena e retira ambas as suas luvas com lentidão.

Ele oferece as luvas para Helena, a jovem segura as mesmas para o homem antes que ele cobrisse os olhos da bruxa com a fita de seda que tinha em sua posse.

Yure se aproxima por trás e lentamente leva seus lábios até o ouvido de Helena.

Yure: irei fazer você sair, Zihrael...(ele fala, baixinho)

Helena sente algo em sua pele, ele estava...vestindo ela?

E então Helena sente os dedos do homem se entrelaçando aos seus e a guiando para algum lugar.

Yure: você irá se lembrar, minha amada, da vida que compartilhamos, você irá voltar para mim, e irá me chamar com sua doce voz, irá me chamar pelo nome que me deu. (Ele fala, calmamente)

A fita então escorrega gentilmente pelo rosto de Helena e caí no chão.

Quando a bruxa abre os seus olhos o seu coração acelera, ela sente um peso em seu peito e lágrimas em seus olhos.

O lugar estava velho, o tempo havia feito o seu trabalho ali.

Mas as memórias...ah...as doces memórias, impregnadas em cada canto daquele lugar.

A bela estufa de vidro no meio das montanhas estava repleta de neve que entrava pelas frestras quebradas das vidraças. As plantas murchas ainda decoravam o ambiente.

No meio, um grande espaço oval, Helena ouve no fundo de sua mente uma melodia ecoar.

Parecida com as notas de um violino.

Ela se lembra da sensação.

E então as notas estão claras, a humana se vira e cora, seus olhos arregalados brilhavam.

Yure tocava com maestria um belo violino envernizado, seus dedos ágeis trocavam as notas com rapidez, o arco subia e descia, mesclando as notas mais densas com as mais finas.

Algo em seu coração desperta.

Uma memória distante.

Meu querido Yoru...

Helena lentamente vai até o centro da estufa, seus pés descalços não sentiam o frio.

E ela dança.

Seus cabelos negros se movimentavam com o vento, ela segurava as barras de seu vestido com as mãos para ter mais movimentação.

Seu coração batia acelerado.

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