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Olhamo-nos com medo nos olhos. Não estamos sozinhos e aquele grito não foi nada normal. Tenho a certeza de que é algum assassino ou... assassina?

- Quero sair daqui! Agora!- grita a Lela tentando bater nas janelas e na porta mas não produz efeito.

A Tavares aproxima-se dela e agarra-a, afastando-a do local.

- Acalma-te. A sério, isto não resolve nada. Vamos para a cozinha.- ordena ela dirigindo-se ao local onde as coisas estranhas começaram a acontecer. Todos as seguimos, ainda com receio do que possa acontecer.

Assim que chego olho para o chão e arregalo os olhos de tão chocado que estou; uma mensagem está escrita no chão, a sangue. 

" À meia noite."

- O que se está a passar? Quem escreveu isto?- pergunto olhando em volta. Estou irritado com eles, muito irritado mesmo.- Não estou a gostar desta brincadeira! Digam quem foi, agora!

- Acalma-te porra! Não foi nenhuma de nós! Estávamos todos lá na entrada, era impossível escrevermos isto!- defende-se a Santos, aproximando-se de mim.

- O William também estava cá dentro! Porque não haveria de estar mais alguém aqui!? Diz-me, quem foi?- pergunto aos berros, um efeito que o medo faz em mim é o stress.

- Porra Ricardo, cala-te! Não foi nenhum de nós! E fala mais baixo porque aquele berro psicótico de uma mulher qualquer não pareceu muito humano!- grita ela também.

Não digo nada e afasto-me, sento-me encostado à parede e dou um longo suspiro. Estou com medo, irritado e stressado. Quero chorar mas não posso, não neste momento. Não sei o que se está a passar, eu não acredito em magia mas parece cada vez mais que ela existe. 

- O que será que isto significa?- pergunta a Lela sem deixar de olhar para a mensagem.

- N...não sei.- defende-se o William, o único que já cá estava desde que chegámos.

- Vejam os telemóveis! Temos de pedir ajuda!- lembra-se a Tavares pegando no telemóvel dela. Faço o mesmo ainda chateado e reparo que não há rede. Nada, absolutamente nada.

Coloco-o de volta ao bolso e levanto-me. Precisamos de fazer algo, não podemos ficar aqui para sempre.

- Vamos continuar a explorar a casa. Tem de haver mais alguma coisa aqui.- decide a Santos. Ela sempre foi a mais decidida do grupo. Aceno afirmativamente e seguimos todos próximos uns aos outros com receio de algo mais acontecer.

Continuamos pelo local de onde o William apareceu e encontramos uma porta em frente. Tentamos abri-la mas está fechada. À nossa direita fica outra porta que também está fechada. E logo ao lado da porta existe uma escadaria de madeira.

Finalmente um caminho por onde seguir.- penso.

Começamos a subir, pisando os degraus um por um, enquanto a escada range. Cheira a mofo, e está tudo podre. Nem quero imaginar quem morava numa casa sinistra como esta.

Olho para o telemóvel. São 15:30. Se continuarmos presos cá dentro durante mais tempo os nossos pais vão começar a procurar-nos. E vamos apanhar um grande castigo, mas tenho a estranha sensação de que essa não é a maior das minhas preocupações.

Depois de chegarmos todos ao topo olhamos para os lados. Existem duas portas.

- Qual escolhemos?- pergunta a Iolanda, olhando tanto para uma como para outra.

- Vamos votar. Quem vota a favor da esquerda?- pergunta a Santos.

A Iolanda, a Tavares, a Lela e o William levantam a mão. Eu e a Santos preferimos a direita.

- 4 contra 2. Vamos pela esquerda.- diz ela suspirando, enquanto se aproxima da porta.

- Ok, mas e se tem algo lá dentro?- pergunto com receio. Ela pára, olha para mim e diz:

- Paciência! Estamos presos cá dentro! Mais vale explorar a casa. Queres esperar para ver quem é que gritou?

- Pois... Não, não quero.- digo revirando os olhos mas logo mantenho a atenção no que a sala nos reserva.

Quando olho para a sala, vejo algo que não estava à espera; algo simples, e não a tal dona do grito, como achava que ia acontecer.

No centro existe um grupo de cadeiras velhas e ferrugentas que formam um cí­rculo e no meio estão letras, provavelmente de um jogo qualquer.

- O que é isto? - pergunta a Lela tocando numa das cadeiras.

- Está uma carta no chão!- diz a Iolanda enquanto a apanha.

Rodeamo-la para vermos todos o que a carta diz mas ela lá em voz alta.

- Sentem-se .- ela diz alto o suficiente para todos ouvirmos. Ninguém se mexe. 

Alguém sabe que estamos aqui...

Então uma rajada de vento entra pela porta fazendo o cabelo das raparigas esvoaçar. Todos entreolhamo-nos e arrepio-me com este fenómeno.

- Não sei o que se passa mas eu vou sentar-me!- comenta a Tavares com a voz a fraquejar. 

Sentamo-nos nas cadeiras com receio do que possa acontecer a seguir.

Esperamos um pouco por algo até que as letras começam a mover-se sozinhas. Alguns de nós abafam um grito, outros agarram-se com força à cadeira. Eu sou um desses.

Ficamos todos pálidos quando as letras começam a mover-se em direção a cada um.

- A..a minha letra é..é um T.- gagueja a Santos, em voz baixa, depois de apanhar a letra à sua frente. Ela olha em volta à espera da resposta dos outros.

- A minha é um E.- diz a Tavares sem tocar nela mas mentando o olhar fixo na mesma.

Depois de todos dizermos as nossas letras ao todo, ficamos com as seguintes letras: a Lela fica com a letra U, a Iolanda com o P, o William com o M.

- O que significa?- pergunto, enquanto analiso a minha letra, um M.

- Não sei...

- Não olhem para mim!- defende-se a Lela.

- Guardem as letras dentro das vossas mochilas, podem ser precisas mais tarde.- comento abrindo a mala e colocando-a lá dentro. Olho para dentro da mochila e retiro um pacote de bolachas Oreo.

- Tu és estúpido? Com isto tudo a acontecer ainda tens fome?- pergunta a Santos desesperada.

- Se vou morrer, prefiro que seja de barriga cheia.- digo comendo uma bolacha.

- Dá-me uma.- pedem a Lela e a Tavares.

- Vamos para o quarto da direita?- pergunta a Iolanda enquanto comemos a comida que trouxemos. 

- Mesmo com estes acontecimentos ainda temos vontade de comer... somos mesmo estranhos...- comenta a Santos enquanto morde uma bolacha.- Mas sim, vamos.

Levantamo-nos depois de arrumar tudo e saímos da sala. Temos medo do que esteja no outro quarto. Algo de maléfico está por aí­, e eu não quero cá estar quando esse ser estranho aparecer.

Paramos em frente da porta. Como a Mariana Santos vai em primeiro, ela abre-a devagar com receio e quando a abre por completo dá um grito. Ela começa a chorar e afasta-se, empurrando-nos para trás. 

Ela afasta-se deixando-nos passar e quando consigo ver o que lá está dentro vejo-o.

O cadáver em decomposição de um homem morto.

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Então, o que estão a achar?

Quem é a vossa personagem favorita? E... um homem morto! Uau, quem será ele?

Votem e comentem o que estão achar porque eu adoro ler os vossos comentários! :D

Abraços!


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