O Plano começa à ser articulado

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Eles caminharam por um longo tempo, até chegar por onde tinham dormido antes, como saíram à tarde, não havia mais tempo para chegar no outro ponto da trilha onde ficariam. Dormiriam ali de novo. Armaram suas barracas, colocaram os cobertores para se cobrirem, e foram ajudar os homens no preparo do jantar. Fizeram um buraco no formato quadrado no chão, colocaram gravetos que tinham pego na mata, e acenderam o fogo. Pegaram uma grade de ferro e puseram em cima, para dar firmeza no preparo dos alimentos, ficou como uma churrasqueira caseira, mas dentro de um buraco. Começou o preparo do arroz, tinham trago latas de feijoada e puseram em uma panela grande para esquentar também, umas folhas de couve e tomate como salada, suco de garrafa já pronto pro consumo, no sabor laranja, para ajudar na digestão da feijoada, e esse seria o jantar de todos.

Cada um se serviu, sentaram perto uns dos outros, em uma roda, tinham trago umas almofadas plásticas e fofas para usar como assento, já que não teriam cadeiras, nem mesas, sentariam no chão e não podia ser no chão em si, as almofadas foi uma escolha perfeita, simples, prático e bem útil. Cabia perfeitamente nas mochilas, não ocupando tanto espaço. Ficaram ali, saboreando a refeição. Com tudo terminado, limparam as coisas, e foram conversar. A barraca das meninas era a maior, pois as três dormiria juntas. Cada uma levou uma parte da montagem dela para não ficar só pra uma, e não pesar na viagem. Cada uma levava uma coisa importante para organizar e distribuir melhor os itens necessários. Os homens levavam uma barraca para os dois. Os "amigos" Daniel e Lucas dormiriam juntos também, assim como os dois guias. Não seria nada confortável para as mulheres dormir com homens estranhos. Seria no mínimo, constrangedor. Eles não tinham essa coisa de preconceito, então estava tudo bem essa divisão.

Depois de conversar um pouco, foram para as barracas deitar. O cansaço tinha se abatido sobre alguns do grupo. Os dois guias e comandantes dormiram logo. Depois de passado uns minutos, Daniel se levantou devagar, sem fazer tanto barulho de sua barraca onde estava dormindo com Lucas, ele já dormia em um sono pesado, então Daniel saiu sorrateiramente e foi até a barraca das meninas, abriu o zíper bem devagar, e viu que todas também dormiam, ele começou à mexer na perna de mari, com sutileza para ela não se assustar, até que enfim, ela acordou e viu que era Daniel, depois de acordada, chamou ana, que se acordou rápido também. Elas entenderam o que se passava, pois antes de ir se deitar, eles haviam combinado que depois que todos dormirem, sairia os três e conversariam sobre o que lhes levou até aquela ilha: Bia. Como demorou um pouco para todos dormirem, principalmente bia que ficou conversando sem parar, elas não aguentaram por mais tempo e adormeceram com o passar das horas.

- Xiii. Devagar! Cuidado onde pisam, evitem fazer menos barulho possível! - Alertou mari.

- Você acha que eu não sei! - Dizia Daniel com irritação. -Você na maioria das vezes acha que a gente é criança mari, fica dando sermão, reclamando praticamente todo o tempo. Isso é insuportável. - Desabafou ele.

- Porque esse momento é tão importante, que eu não posso desviar minha atenção com nada. Tudo tem que sair perfeitamente perfeito. Faço isso só pra lembrar você dessa missão que vinhemos cumprir aqui.

- Não, não. Isso se chama chatice mesmo. Você é possessiva, explosiva, arrogante. Isso é só desculpa que você usa pra tentar desfaçar sua superficialidade. - Retrucou Daniel.

- Ei! Já chega! Podem parar! Isso só vai trazer problemas pro nosso plano. Depois vocês não precisam mais olhar um pra cara do outro, mas no momento, colaboração e união é fundamental. Querem acordar os outros com essa picuinha de vocês. Os dois tem personalidade fortes, os dois não gostam muito de pessoas, são egoístas, altruístas, orgulhosos e muito mais, ninguém é perfeito. Por isso se reunimos para fazer isso. Não somos muito amável com as pessoas, principalmente quando as odiamos. Agora parem! Tenham foco! - Disse ana irritada com a troca de farpas daqueles dois.

- Você tem razão Ana. Mais eu não gosto de ser confrontada. E você Daniel, faz muito isso comigo. - Falava mari.

- Nossa você também não faz nada comigo que eu não goste né mari, não gosto de ser mandado, receber ordens e é justamente o que você mais faz, olha que engraçado. - Ironizou Daniel. - Pra isso dá certo do começo ao fim, não faça o que não gosto, que eu farei o mesmo, respeitando o limite um do outro. Já te alertei sobre isso bem antes mari.

- Ok Daniel. Mas não faço de propósito.

- Claro que não. - Ironiza ele. - Porque você gosta de fazer as pessoas de idiotas! Usando, mentindo, manipulando elas, assim como você faz com essa estúpida da bia. É uma boneca, um fantoche em suas mãos.

- Tá bem! Já entendi! Vamos por favor falar sobre o que importa agora, que não somos nós o motivo da conversa em si.

- Vamos! Mas não me enche mais.

- Não se preocupe. Farei isso. Só falo com você o necessário.

- Obrigado! A minha pouca paciência agradece.

- Feito as pazes, vamos finalmente conversar pessoas!?. - Indagou ana, já cheia com aquilo. Aqueles dois não se entendiam de jeito algum e nunca se entenderiam. Só um alvo em comum para colocar eles próximos. Fora isso, eram como cão e gato.

-Então, quando executaremos o plano? - Pergunta Daniel.

- Estamos bem perto! Quando estivermos em uma área mas afastada e sem tantas pessoas por perto, terminamos com ela. - Disse mari.

- O modo de ataque você já sabe não é? - Indaga ana.

- É o que combinamos na cidade. - Responde mari. - Mas as coisas podem não ser como planejamos, então poderemos utilizar de  outros meios para a finalização do plano. Teremos que ter o plano A, B, C, D, até o Z. Isso vai ter de funcionar gente. E com discrição total, sem deixar vestígios nenhum.

- Nós sabemos que não podemos deixar rastros. Sem falhas, sem pistas. - Falou ana.

- Conforme avançamos na trilha, adentrando mais a mata, vamos conversando, articulando, pensando nas possibilidades à nossa frente. Temos que saber usar as circunstâncias, o que temos, ao nosso favor, se é na água, se é em terra, se é na mata, temos que acabar de uma vez por todas com essa situação. - Finaliza ele com firmeza e segurança.

- Falou bem Daniel! Não importa o ambiente, as pessoas, temos que fazer do limão, uma saborosa limonada. Damos um jeito nas pessoas que podem nos atrapalhar e depois na pessoa que mais nos incomoda e nos atrapalha a vida inteira, desde que ela surgiu das profundezas do inferno. Ô criatura insuportável! - Soltou mari.

Dizer aquelas palavras, era uma libertação para ela, tendo de ser atenciosa, carinhosa, amorosa, -nem tanto, ficando sempre perto da sua "amiga- irmã", que dizer em voz alta o quanto à odiava, era como um bálsamo pra alma dela, mas como as coisas que ela fazia não condizia com uma pessoa que tem uma alma, ou uma alma boa, aquilo só servia para alimentar o ego dela. A luxúria da carne, o egoísmo, altruísmo, ganância, inveja, avareza, orgulho, alguém que só pensava em si própria, em cargos elevados, dinheiro, bens materiais, e ela faria o que fosse possível para conseguir e tirar o que ela considerava dela, custe o que custar, uma mente fria, maquiavélica e ardilosa, ela tinha, mentia como ninguém. Era um corpo seco, sem alma, sem amor, sem valor.

Os dois começam a rir do comentário de mari, eles odiavam Bia o tanto quanto. Cada um com seu motivo, com seus argumentos vazios, frios e profanos. Que nada justificava a maldade que arquitetavam cumprir. Nada justifica a maldade do homem. Nada. O perdão e o amor, é sempre e sempre será, o melhor dos caminhos. Mas... Eles estavam cegos. Cegos pelo ódio, pela inveja, ambição, pela... Vingança. Queriam tudo que ela tinha, mas no fundo, no subconsciente, lá onde a verdade é enterrada pelas pessoas, ela gritava alto e bom som, eles queriam ser como Bia. Uma mulher independente, inteligente, reconhecida, admirada, respeitada, amada. Sempre crescendo, evoluindo, se  aprimorando, conquistando espaço e muito sucesso. Eles omitiam para si mesmos, mas queriam ser Ela. Pois sendo ela, teriam tudo que ela conquistou. Eles só se esqueceram que Bia não é um monstro cruel que tira a pessoas do seu caminho, como se fosse uma pedra. Não, ela não é assim. É boa, amável, graciosa, praticamente um anjo no corpo de gente, um amor de pessoa. Mas para Bia, pessoas más e psicopatas já haviam feito uma contagem regressiva da sua vida, desde o dia em que o caminho deles se cruzou. O relógio não para, TIC TAC, TIC TAC. O tempo está passando doce Bia, corra o quanto antes se puder.

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