Coração Ferido

A despedida

Os pais de Bia decidiram voltar para São Paulo, na cidade que moravam há bastante tempo, em Campos do Jordão, onde Bia nasceu e passou a adolescência, lá ela seria sepultada, na sua terra natal. Um sepultamento simbólico obviamente, já que não havia o corpo para colocá- lo no caixão e assim ela poder descansar em paz. Seria colocado então alguns objetos em sua homenagem, como fotos com parentes e amigos, pessoas que trabalharam com ela, e coisas que ela gostava, o perfume favorito, flores favorita, e cartas de despedida das pessoas que a amava imensamente.

Com tudo preparado para a cerimônia memorial, os familiares e amigos começavam à chegar, desde o acontecimento foram avisados. Já era 10:00 hrs da manhã quando tudo havia ficado pronto e só aguardava os entes queridos. Foi um momento de choque e muita tristeza pra todos ali reunidos. Muitas lágrimas e questionamentos, dúvidas pairava a mente de cada um. O motivo, o porquê Bia havia destruído sua vida. Ela sempre foi muito amada, querida, tinha uma vida instável,  bem sucedida, era tão alegre, otimista, tratava à todos com respeito, educação e muito carinho, uma pessoa carismática e amável, que todos gostavam de ter por perto.

A cerimônia durou até às 15:30 da tarde, depois começaria o preparo para o enterro. O carro com o caixão sai devagar na frente e os parentes e amigos vão logo atrás o acompanhando. Chegam ao cemitério, os funcionários vão levando o caixão até o local do sepultamento. Lá todos se reuniam, o padre inicia a prece, ao final todos se aproximam daquele objeto grande de madeira, na cor cereja e com um espaço interno aconchegante : o caixão. Dentro dele estava as homenagens para Bia. O gavetão onde seria colocado o caixão, estava pronto, só aguardando seu novo morador. Quando todas as saudações finalizaram, o objeto grande de madeira cerejeira, encontrou o chão frio e apertado daquele gavetão. Ele foi selado, a cerimônia encerrada e a  vida de Bia foi enterrada no chão frio e escuro, pra sempre.

Enquanto uns naquela noite choravam amargamente sua perda, outros comemoravam em uma boate no centro da cidade, regada á muita bebida, drogas pra quem gostava, som eletrônico, muita gente dançando e muita gritaria. Berros de comemoração. Daniel, Ana e Mari estavam próximos, um de frente para o outro, com uma taça de champanhe na mão de ambos, sorrisos estonteantes que não acabaria nunca mais na vida.

- Vamos fazer um brinde! - Dizia ana com um sorriso de orelha à orelha.

- Não um só brinde, mas vários pro resto de nossas vidas! - Gargalhava mari. Estava radiante.

- Calma meninas! - Daniel fala, sorri como um bobo. - Vamos ter bastante oportunidades para comemorar! Nada mais ficará em nosso caminho e se ficar, a gente resolve. - Falou se vangloriando do feito que fizeram, um golpe de mestre que não foi descoberto. Estavam ilesos e livres para festejar a vida.

- Isso mesmo Daniel! Ninguém nunca mais se atrevera à ficar em nosso caminho. Não vamos tolerar mais criatura alguma, os queridinhos, bobinhos e "amados por todos". Aí que saco! Gentezinha insuportável! Não aguentava ter que "conviver " com aquela idiota. Eu não vivia, sobrevivia com ela por perto. - Mari colocou pra fora todo seu veneno e quem realmente ela é. Uma farsa, perversa, manipuladora, egoísta e má, terrivelmente má. Todos eles. Com a alma enegrecida e corrompidas pela maldade e ganância.

- Nossa nem me fale! Odiava aquela estúpida! Era um tédiooooó ter que aturar aquela sem graça. - Ana fala com desdém.

- Ahahah. Eu não tinha que " conviver " tanto assim com ela, mas quando era necessário, era uma droga. - Ponderou Daniel. Na palavra conviver, ele fez aspas com os dedos, querendo esclarecer que era uma tortura a presença da garota. Ele ri com o sarcasmo e maldade das duas.

- Mas isso é passado e passado com todas as letras maiúsculas. Vamos contemplar um belíssimo futuro que nos espera! - Afirma mari.

- Certamente será um acontecimento fabuloso! - Diz Daniel. -

- Já consigo ver: Lucas inteiro para mim! Nós dois finalmente juntos, como um lindo casal que jamais deveria estar separados. - Ana fantasia em sua mente o seu intenso desejo de amor.

- Eu não. Eu quero mais e mais ser bem sucedida, triunfar majestosamente. Ter muito dinheiro, posses, jóias. Tudo que tenho direito. - Declara mari.

- Eu também almejo o sucesso! Ser reconhecido, valorizado e um homem poderoso, com grandes conquistas! - Daniel esbanja soberba e ganância. Ele e mari são ambiciosos, loucos por dinheiro e poder.

- Agora os familiares e amigos daquela tonta estão todos lá, enfurnados em suas casas e choramingando pela perda de sua queridinha favorita! Ahahah, me poupe! - Em um risada debochada e maldosa, mari tripudia da dor alheia.

- Aí, não quero nem pensar no quanto meu Lucas está sofrendo por aquela maldita. Mas eu o farei esquece - lá logo. Não há dor e nem luto que dure pra sempre! - Menciona ana. Seu tom de voz era de ressentimento e raiva.

- Relaxa ana! - Diz sua amiga.  - Breve vocês ficaram unidos! Ele vai esquecer aquela tonta. É só questão de tempo. Se você ficar ao lado dele, rapidinho ele se recupera do trauma. As duas caem na risada.

- Espero muuuiiito que isso aconteça rápido! Aquela cretina atrapalhou tanto minha conquista com Lucas. - Lamenta ana.

- Tem certas pessoas que só servem pra ser jogadas no fogo e virar cinza. - Brinca mari.

- Ou do penhasco. - Daniel abre um sorriso irônico e malicioso.

- Que maldoso Daniel! - Mari diz sorrindo e com sarcasmo.

- Vamos parar de falar na falecida. Não faz bem ficar falando dos mortos. Isso impede que eles "descansem"em paz no seu túmulo. - Ironizou mais uma vez Daniel.

- Tem total razão! Não vamos ficar lembrando de quem não está mais aqui. Os mortos fiquem no local dos mortos e os vivos no mundo dos vivos, do glamour, riquezas e muito sucesso! - Completa mari.

- Afinal, nós é que estamos aqui para desfrutar de tudo isso e muito mais! Só o melhor! - Afirma ana.

- É isso aí minha querida! Viva nós! Viva nosso sucesso! - Fala mari com um largo sorriso no rosto.

- Um brinde à nós!!! - Daniel diz, enquanto todos levantam suas taças com champanhe para o alto e brindam à nova vida.

- Tim tim! - Acrescenta mari enquanto as taças se tocam. Estão todos sorridentes, nada poderia acabar com a alegria daquele trio. A vingança foi completa. A vitória foi um trunfo merecedor de um troféu. O plano foi genial. Tudo estava perfeito agora.