De volta ao litoral da cidade

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A viagem foi praticamente toda em silêncio. Os ânimos não eram ideais para ficar de conversa. Estavam tristes, não tinham condição para longos diálogos. Os dois dias e meio demorou quase um ano, passava devagar, as coisas ocorriam como se estivesse em câmera lenta. Tudo sem sentido. Sem sabor. Sem alegria. Sem vida.

O barco atracou no porto pela tarde, às duas horas da tarde. Os guias disseram que era para deixar as coisas deles no barco e levar só o mais importante, como documentos, celular. Iam logo para a delegacia relatar o ocorrido. Depois de prestar queixa pelo desaparecimento da jovem, poderiam pegar suas coisas e ir para um hotel. E saíram rumo à unidade de segurança. Chegando lá, aguardaram a vez e os guias responsáveis pela tripulação foram conversar com o delegado. O delegado Heitor Garcia escutou todos atentamente, aceitou o pedido de busca, comunicou as outras unidades de segurança e proteção, como o corpo de bombeiros, que ajudaria nas buscas com os policiais, alguns profissionais da marinha também. Todos eram importantes e responsável pelo resgate da vítima. Mas deixou claro que precisavam primeiro ver os pertences da jovem. Ver se tinha pistas do sumiço dela. Concordaram. Os guias disseram que os pertences dela estava no barco. Foi mandado dois policiais para ir com eles até o barco.

Já no barco os policiais procuraram tudo que fosse suspeito. Revistou as coisas dos outros também. Nada encontrado. Então pegaram a mochila de Bia com todas as suas coisas e levaram para a delegacia. Pediu as jovens para se acomodar em um hotel ou em casa de amigos ou parentes, que naquele dia mesmo iriam encontrar em contato com eles, depois de averiguar tudo da vítima. O guia Ryan convidou eles para irem para sua casa, ele morava só e sua casa era espaçosa, dava de acomodar todos por lá. Alguns acharam melhor ir para um hotel, mas conversando, viram que aquilo ia demorar um pouco e gastariam dinheiro além do que tinham ficando em hotel. Na casa do guia, ajudariam mais com a alimentação e outras poucas coisas. Nada comparado ao gasto de hotel. As economias foram planejadas só para a viagem. Algo fora do planejado, seria grandes gastos. Na correria toda a hora passou rápido e já estava anoitecendo. Então após conversar, aceitaram. Mas antes foram no barco pegar suas coisas e foram em táxis para a casa do guia e comandante.

Chegaram à casa de Ryan e ele disse que poderiam tomar um banho se quisessem. A casa tinha uma sala média, a cozinha grande e dois quartos grandes com banheiro cada. Um era do guia, o outro era de visitas. Tinha também áreas rodeando a casa. E  perto da área de serviço da cozinha, havia um quarto com um banheiro do lado. Ele explicou que seus parentes moravam na cidade vizinha e que eles iam pra lá as vezes passear. Curtir as férias ou eventos especiais da região. Como ele morava no litoral, perto da praia e velejava um barco trabalhando com turismo, a família dele quase sempre estava lá. Por isso a casa espaçosa e aconchegante. Ele namorava, mas ela ia só as vezes em sua casa. Então não tinha problemas deles ficar em sua residência. Acharam aquilo bom. Agradeceram muito. As mulheres foram primeiro tomar um banho. Ryan foi para seu quarto também tomar um banho, tinha que tirar aquela energia ruim do corpo. Enquanto isso, Daniel e Lucas pediam duas pizzas mistas e grandes, e refrigerante de 2,5 litros para o jantar.

Quando as mulheres saíram do banho, os homens foram tomar seus banhos. Daniel deixou seu cartão de crédito com Mari e a senha para poder pagar o pedido, quando o entregador chegasse. Lucas insistiu em ajudar também e o guia, mas ele disse que estava tudo bem. No outro dia veriam isso. Mas hoje ele pagaria tudo. No seu interior, no secreto, ele estava comemorando pelo sucesso da missão. E depois que eles finalizaram o banho, estavam se trocando, então o entregador chegou. Pedidos recebidos, pagamento realizado, agradeceu ao homem e entraram de volta na casa, indo em direção à cozinha. Mari levava uma pizza, Ryan a outra e ana o refrigerante. Cortaram rodelas de limão para colocar na Coca-Cola e Ryan pegou a forma de gelo no frezzer, pratos, talheres, copos, guardanapos, e aguardaram os dois. Lucas e Daniel chegam já arrumados na cozinha, se sentam na mesa junto com os outros e todos começam á se servir. A vontade que os três assassinos tinham era de fazer um brinde. Mas seria inapropriado. Ficaria para a próxima ocasião. Oportunidade para comemorar teriam muito agora.

Enquanto saboreavam a pizza acompanhado da Coca-Cola com limão e gelo, os investigadores tinham uma lastimável surpresa ao começar a checar o celular de Bia. Encontraram a "carta" que ela havia deixado explicando o que aconteceu. Tinham que informar os amigos dela. E após um tempo, concordaram que dariam a triste notícia no dia seguinte. Estavam abalados pelo sumiço da amiga, seria terrível dar aquela notícia já de noite. Ao menos aquela noite, suas mentes descansaria para o baque que viveriam no outro dia. O policial ligou avisando que até o momento não tinha informações da desaparecida. Ainda checavam seus pertences. Podiam tentar dormir um pouco que cedo pela manhã entrariam em contato com mais informações, e logo partiriam para a ilha á procura da moça. Tentaram entender. Não tinha muito o que fazer. Ao menos os policiais estavam trabalhando duro para ter pistas dela. E com a ligação encerrada, Lucas se perguntava onde estava Bia. O que havia acontecido com ela. A lua não apareceu no céu, encoberta por uma densa nuvem impedia que ela brilhasse no céu, a lua estava de luto pela traição que Bia passou. Só ela era testemunha da atrocidade cometida àquela noite. Ah se ela pudesse falar . . .

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