De manhã o grupo de amigos, foram encontrar os pais de Bia no hotel onde estavam hospedados. Ligaram pra eles assim que terminaram de tomar café. Chegando lá, foram ao quarto deles, depois que o atendente do hotel ligou pra informar aos pais da chegada do grupo. Batidas na porta e quem abriu foi um homem alto, aparentava ter uns 50 anos de idade, cor parda, olhos verdes, cabelo castanhos claros e carregava no olhar um expressão de deprimido.
- Podem entrar. Fiquem à vontade! -Disse o homem para os jovens que estavam parados na porta frente á ele. Ele tinha uma voz firme, apesar de estar triste e abatido.
- Obrigado senhor Eduardo. - Agradeceu Lucas. E foram entrando, um á um.
Numa poltrona estava sentada uma mulher de idade madura, uns 40 anos, estatura mediana, olhos cor de mel, cabelos castanhos puxados para o marrom, cor branca, tinha o porte de uma mulher elegante e de classe. Ela os cumprimenta e pede para eles sentarem no sofá que tinha na sala. Seu nome é Angeline Montanhês e seu marido, Eduardo Montanhês. Era uma familia bem sucedida e dona de muitas posses, por dentro da alta sociedade. O sobrenome Montanhês, era de grande respeito e admiração. Vem de famílias de renome, honra, conquistas, excelentes lucros, reconhecimento. O apartamento onde se hospedavam era médio, com uma sala, cozinha, banheiro, lavanderia, um quarto com banheiro e uma varanda. Era bem aconchegante e espaçoso. Até porque não pretendiam ficar muito tempo ali.
- Como vocês estão? - Pergunta ela. Sua voz é doce, mas como de seu marido, triste e com expressão abatida.
- Estamos tentando ficar bem. - Diz mari. O baque ainda é muito forte. Difícil de entender tudo que aconteceu. - E a senhora, tentando ficar mais calma possível?
- Sim minha querida. Não é nada fácil. Não conseguimos compreender. Estamos sem chão. - Explica Angeline.
- Não vamos perder as esperanças, ela pode estar viva ainda. Pode ter mudado de idéia, e não cometido essa loucura que ela escreveu na carta. - Menciona Daniel. Tentava passar conforto para àquela mãe sofrida e angustiada. Cínico.
- Não se iludam jovens. Ela deixou claro na carta. Não há o que esperar. Só o seu corpo para enterrá- lo com dignidade. Só não consigo entender, o porquê. Mas foi a escolha dela. Não podemos fazer nada para mudar isso. Não vamos criar ilusões e fantasias. Essa é a dura realidade que nos encontramos. Essa é a verdade. Ela se foi. - Diz Angeline com uma voz triste, mas firme e séria.
Todos ficaram calados.
- Vocês querem comer algo, tomar um café? - Indaga seu Eduardo tentando ser gentil em meio àquela situação. E para quebrar o pesado clima.
- Nós já tomamos café. Obrigado! -Responde ana com um sorriso amarelo no rosto.
- Mas eu quero. Só uma xícara de café mesmo. - Diz Lucas.
- Também uma pra mim por favor! - Acrescenta Daniel.
- Tudo bem vou buscar! - Fala o pai de Bia. - Você vai querer minha querida? - Pergunta se referindo à esposa. Ela nega com a cabeça. - Ele continua. - E você jovem? - Questiona olhando para mari.
- Não meu senhor. Obrigado. - Responde ela.
- Só os homens beberam o café?! - Diz ele brincando. Tenta descontrair e amenizar o luto e dor que se agrupava na sala.
- Parece que sim! - Sorri Lucas de volta para o homem, com cordialidade. O homem também sorri.
Ele então se retira da sala e caminha até a cozinha buscar as xícaras de café.
Depois de apreciar o bom café, os amigos confortam os pais de Bia, os deixa à disposição para o que eles precisarem, se abraçam na tentativa de diminuir a dor e a sensação de luto desaparecer, combinam de trocar informações, se despedem e voltam para a casa onde estão hospedados. Na sua mente Lucas pensava consigo mesmo, como Bia parecia com sua mãe. Puxou a maioria dos traços de Angeline. Duas mulheres lindas, graciosas e distintas. Mas a herdeira e primogênita se foi antes dos pais. Que catástrofe. Nenhuma mãe ou pai quer isso, enterrar seus filhos primeiro. Se para ele a dor era insuportável, imagina para os pais dela. Nada conseguirá descrever.
Chegando na casa de Ryan, Lucas foi para o quarto descansar a mente. Os outros ficaram na sala vendo filme. Logo teriam que ajudar no preparo do almoço. Depois de finalizado o filme, foram fazero almoço, tomaram banho e foram comer. Depois de limpar a louça suja e organizar a cozinha, foram para os quartos dormir, os dias estavam super difíceis. Para alguns. Outros, depois que tudo isso passase, comemorariam como se não houvesse amanhã. Os dias passaram logo e o grupo que estava responsável pelas buscas, regressou à cidade. A primeira ligação feita foi para os pais da jovem, depois os dois guias, e em seguida para os amigos. Todos ficaram perplexos. Não havia sinal algum de onde ela estava. Peças de roupa rasgadas, manchas de sangue, partes do corpo, nada foi encontrado. Ela sumiu sem dar pistas. Então concluíram que ela se jogou no mar, do alto do penhasco ou foi até o mar entrou nele e esperou ser levada pelas correntezas, morrendo afogada nas águas revoltas. Algum tubarão encontrou seu corpo boiando, afastado já da ilha e o devorou. Isso acontecia muito. Era a única e evidente explicação. Ela se matou. Mas se jogou no mar e ele fez o ciclo natural da natureza, a cadeia alimentar. O mar é cheio de animais, e animais carnívoros, não há escapatória para o vivo ou o morto. O corpo não permanece por muito tempo inteiro, intacto.
Todos sabiam que ela não voltaria com vida. Nunca mais. Mas esperavam ao menos trazer seu corpo. Enterra- lá decentemente. Agora não teriam nem o corpo da filha para o sepultamento e nem para os amigos se despedirem pela última vez do corpo desfalecido, sem vida, que se foi tão cedo, da linda, admirada e amada Bia. Estava sendo um notícia pior que a outra. Todos se perguntavam quando aquele sofrimento e desgraças iria acabar. A saída era fazer um enterro memorável. Era a única alternativa. Para não passar em branco. O caixão e tudo que precisasse estaria lá, menos o corpo. Todos se recolheram cedo naquela noite. Foram dias pesados. Difíceis. Na manhã seguinte, os pais iam organizar a cerimônia para se despedirem da filha. Queriam que naquele fim de tarde mesmo, o enterro fosse realizado. Não queriam estender mais essa situação por mas tempo. Aquilo tinha que acabar. Pelo menos no mundo físico, porque no interior de muitos que gostavam demais de Bia, não ia acabar, a dor poderia adormecer, mas nunca finalizar.
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Coração Ferido
Misterio / SuspensoEla era boa, sua vida sempre foi alegre e iluminada como um lindo raio de sol, que brilha, ilumina e aquece os corações. Sempre risonha, sorriso fácil no rosto, educada, amorosa, gentil, amável. Mas isso estava prestes a mudar em sua vida, coração e...