Capítulo 01

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Notas iniciais:

• Esta fanfic foi escrita em 2013 e também foi postada em sites de fanfics interativas (ffobs e em meu blog Some Little Fanfics).

• A versão que trago para o Wattpad foi revisada e reformulada de modo que a narradora-personagem não terá seu nome revelado, possibilitando ao leitor que imagine-a como desejar. Os demais personagens foram mantidos como no esboço original.

• What Is Love (carinhosamente chamada de W.I.L.) é uma das primeiras longfics que escrevi e é minha xodó. Espero que gostem e passam dar muito amor à história.

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Não gosto de começar falando sobre o clima ou sobre as nuvens que permeavam o céu naquele início de manhã. São detalhes muito pequenos perto de todos os sentimentos que invadiram o meu corpo no momento em que eu o vi: cabisbaixo e tristonho, talvez envergonhado pelo inchaço em seus olhos depois de ter chorado tanto. Eu não sabia nada além de seu nome, e o fato de ele ser considerado meu primo só complicava as coisas. Não tínhamos o mesmo sangue, mas ele seria criado sob os mesmos costumes.

Baekhyun parecia ter receio de tudo. Desde a sua chegada ao aeroporto até os primeiros cumprimentos, seus olhos estavam sempre voltados ao chão, vez ou outra espiando nossos rostos apenas por necessidade. Ele sorria algumas vezes, mas de maneira fraca. Tão fraca que eu não sentia a mínima vontade de entender porque ele estava sendo tão recluso em seu próprio mundo. Todos nós estávamos tristes! A morte de meu avô tinha afetado a família inteira. Uma família com um histórico já repleto de tragédias.

Observei o garoto durante o trajeto para casa. Minha mãe na direção, usando os óculos escuros que disfarçavam as suas olheiras, dirigindo devagar enquanto a luz do sol brincava por entre as frestas das árvores no entorno da estrada; meu irmão mais novo, Kyungsoo, no banco do carona, apertando a tela do celular enquanto os headphones pressionavam seus ouvidos. Baekhyun e eu estávamos no banco de trás, ambos olhando para fora do automóvel, cada um em sua janela. Por vezes eu me peguei fitando-o e analisando-o, uma mania que eu tinha. Sempre fui um tanto quanto tímida, então observar os trejeitos dos outros era parte comum de meu comportamento. Era um ato que me trazia segurança e eu o fazia sem pensar duas vezes. Quando me dei conta, eu já reconhecia cada traço daquele rosto com expressão angelical e aparentemente frágil, já havia decorado o modo como ele respirava e até mesmo os gestos que fazia com as mãos. Mãos, eu tinha um fascínio imenso por mãos bonitas e Baekhyun tinha mãos grandes e delicadas. Talvez ele nunca tivesse trabalhado no pesado, a julgar pelo conjunto: era magro e tinha jeito de quem passava a maior parte do tempo trancado em casa, lendo ou jogando. Não sabia bem se essas definições eram plausíveis, já que ele morava com meu avô. As únicas informações que eu tinha sobre a sua história haviam sido contadas por minha mãe, quando perdemos nossa tia num acidente de carro há quatro anos. A mãe de Baekhyun, irmã mais nova de minha mãe, estava voltando de algum lugar quando um caminhão cortou a faixa central da estrada e acertou o veículo dela em cheio.

Depois disso, Baekhyun passou a viver com meu avô. O neto preferido dele, mesmo não tendo o sangue da família. Minha tia o adotou quando soube que ela era estéril. Muitos acharam que isso causaria um alvoroço na família, mas o garoto foi muito bem recebido e acolhido.

Na realidade, eu sentia muita pena dele por ter uma vida tão conturbada. Deveria estar se sentindo ainda mais perdido, já que se mudava mais uma vez. Agora que estava sozinho, não poderia continuar vivendo em Gwangju, uma cidade metropolitana. Mudar-se para Cheonan seria estranho no início, mas ele não demoraria a se acostumar.

Pensei se deveria puxar assunto, mas ele parecia deveras disperso. Restava à mim apenas esperar a chegada em casa, que não demorou muito para acontecer. Cheonan era uma cidade grande, mas morávamos na parte mais calma dela: um bairro quase isolado, onde as grandes áreas verdes ainda eram preservadas, sem chance de darem lugar ao concreto e ao clima acinzentado da ocupação do solo. Era calmo e oferecia o suficiente para que pudéssemos viver sem muitas preocupações. Isso ficou bem visível no caminho e, quando alcançamos o jardim em frente à nossa casa, Baekhyun me pareceu verdadeiramente admirado.

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