Capítulo 05

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O carteiro passou atrasado naquela tarde, entregando-me as correspondências. Levei tudo ao escritório como sempre fazia e dei uma olhada nas papeladas, notando que um dos envelopes estava endereçado a mim. Tratava-se dos resultados dos testes que eu havia feito há algumas semanas e isso fez meu corpo inteiro estremecer de medo. Deixei o cômodo e fui até o meu quarto, largando o envelope sobre a cama. Não queria ver aquilo tão cedo, então peguei um casaco qualquer e desci, tentando de qualquer maneira esquecer isso. Tratava-se de meu futuro, claro, mas eu ainda o enxergava com ansiedade e negatividade.

Não havia mais ninguém em casa como de costume, apenas eu e Baekhyun, que brincava no jardim com Dutch. Rumei até a porta da cozinha e saí, indo até o depósito. De lá, tirei uma coleira e uma guia que fora usada há muitos anos, quando nossa família tentou criar um animal de estimação. Não dera certo e o primeiro e único cachorro que tive acabou sendo doado à uma das famílias da vizinhança. Me virei para Baekhyun e perguntei se ele topava um passeio.

Dutch era tão comportado que, por vezes, eu questionava à Baekhyun sobre qual seria a origem daquele cachorro. Era a primeira vez que estávamos saindo com ele e isso despertou certa curiosidade em nós dois. Talvez o verdadeiro dono de Dutch estivesse na janela de alguma das casas vizinhas e o reconhecesse. Isso seria bom e triste ao mesmo tempo, vendo que já tínhamos nos apegado a ele. Ainda assim, andamos por um bom tempo pelas calçadas, admirando a beleza dos jardins e prédios alheios. A maioria deles tinha apenas dois andares e sempre apresentavam grandes aberturas e gramados bem cuidados. A calma de Cheonan era visível e viver ali naquele bairro era realmente gratificante. Ainda que os olhos curiosos da vizinhança estivessem o tempo todo conectados em nossas figuras, o passeio estava sendo para lá de agradável.

- Devíamos ter trazido um pouco de água, Dutch parece estar com sede – Baekhyun disse, abaixando-se para acariciar o pêlo do cachorro, que mantinha a língua para fora.

- Podemos voltar – eu falei, tirando o celular do bolso para ver quanto tempo havíamos levado para chegar até ali. – Só mais... Meia hora.

Assustei-me com isso, pois parecia que havíamos saído de casa há apenas alguns minutos. Baekhyun achou que era a melhor coisa a se fazer e já estávamos prestes a dar meia volta quando ouvimos a voz de uma mulher nos cumprimentando.

- Senhora Fong, boa tarde – eu respondi, curvando-me e vi Baekhyun fazer o mesmo.

Sra. Fong era uma de nossas vizinhas mais antigas e também uma das que mais nos deram apoio e ajuda quando meu pai faleceu. Morava com o marido naquela grande casa, pois seus filhos estavam estudando em Seoul para serem músicos, e vez ou outra aparecia para conversar com a minha mãe. Notei que ela olhou para Baekhyun com interesse, já que ele ainda parecia ser assunto no bairro.

E não demorou nem um pouco para que ela confirmasse isso.

- Então este é o sobrinho que sua mãe tanto mencionou – Sra. Fong disse, sorrindo. – Vejo que vocês agora têm um cachorro também...

- Ele apareceu em casa e nós... O adotamos – eu respondi e completei: – a propósito, ele está com um pouco de sede, será que a senhora se importaria...

- Ah, de forma alguma – ela me cortou, entendendo o meu pedido sem que eu precisasse finalizá-lo. – Me acompanhem.

Pedi que Baekhyun fosse à frente com Dutch e os segui até a parte de trás da casa. Também havia uma grande extensão do jardim, mas era um pouco diferente do que estávamos acostumados a ver. Senhora Fong cultivava flores e o desenho que elas faziam sobre o gramado era esplêndido. Poderia ser chamado de arte, inclusive. A mulher foi até a cozinha e voltou com uma vasilha cheia de água.

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