As flores de pétalas amarelas eram as favoritas de minha tia, independente da espécie. E foram exatamente elas que Baekhyun escolheu para deixar sobre a lápide naquela manhã. Em silêncio, ele apenas juntou as mãos em frente ao seu corpo e fechou os olhos por alguns minutos. A brisa matinal movia os fios de seu cabelo, fazendo-me recordar daquele Baekhyun tímido que enfrentou mudanças drásticas em um curto espaço de tempo. Ele abriu os olhos devagar, fitando o nome da mãe na placa de mármore e a data. Assim como eu fazia sempre que visitava o túmulo de meu pai, era impossível não pensar na rápida conta dos anos vividos e do tempo que já havia se passado desde a perda: anos que pareciam uma eternidade.
Kyungsoo olhou pra mim como se perguntasse se estava tudo bem e eu apenas assenti, enquanto tocava o ombro esquerdo de Baekhyun.
- Eu passava aqui uma vez por semana, às vezes mais – ele disse, cabisbaixo. – Ela deve ter sentido a minha falta.
- Quer ficar um pouco sozinho? – perguntei, vendo Kyungsoo começar a distanciar-se. Estava indo na direção do túmulo de meu avô.
- Não, fique aqui – Baekhyun disse, elevando sua mão para tocar a minha e logo depois baixá-las. Seus dedos entrelaçaram-se aos meus enquanto eu me aproximava o suficiente para encostar minha bochecha em seu ombro, sentindo o cheiro bom que meu primo tinha. Ele não disse mais nada, mas era como se conversasse com a lembrança de minha tia, talvez dizendo a ela que estava tudo bem.
Lembrei-me das vezes em que ela sentava-se ao meu lado para contar-me qualquer história incrível, tirando-me do vazio que às vezes me invadia sem um motivo aparente. Ela me conhecia, tanto ou mais que minha própria mãe, e perdê-la fora realmente difícil. As semanas seguintes à tragédia levaram minha família a uma espécie de luto severo, no qual a insônia chegava a me dominar, acompanhado por pequenos mal estares. E embora eu soubesse que meu primo estava sofrendo muito mais, na época, não cheguei a me importar realmente com ele. Durante o velório eu o vira sempre ao lado de meu avô, amparando-o e sendo amparado, enquanto algumas pessoas o olhavam torto por ele ser adotado.
Naquela ocasião, Baekhyun não conversou comigo, mas lembro-me de que o encontrei no escritório do sobrado em Gwangju, sentado na mesinha de madeira, em silêncio. Tinha ido até lá depois que minha mãe sentou-se para conversar com meu avô na sala de estar e meu pai fazia o mesmo com Kyungsoo no lado de fora da casa. A razão pela qual eu escolhera o escritório estava no fato de que as prateleiras de livros me eram muito atrativas.
E minha tia adorava passar horas lá dentro, escrevendo.
Tive receio quando encontrei o rapaz de olhos tristes, mas ele indicou a poltrona esverdeada com uma de suas mãos e eu me direcionei ao móvel, sentando-me. Os primeiros cinco minutos foram uma eternidade: sentia-me ligeiramente incomodada pela companhia de Baekhyun, por não conhecê-lo como deveria e por talvez não entender o que ele estava sentindo. Porém, a meia hora que passei ali praticamente voou depois disso.
Quando minha mãe nos chamou, colocando a cabeça para dentro do cômodo, certa de que estaríamos ali dentro, eu me levantei depressa e segui para a porta. A única coisa dita partira da minha boca: "Vamos, Baekhyun". O garoto respirou fundo antes de abandonar a cadeira onde estava e caminhou até mim, encarando-me.
E a partir daquele momento eu percebi que ele era parte da família, não ligado por laços físicos, mas sentimentais.
Segurei a repentina vontade de chorar e apertei a mão de Baekhyun com um pouco mais de força. Kyungsoo olhava para a cena e eu notei que ele deveria estar com vontade de ir embora. Tínhamos demorando um pouco em relação ao recado deixado à Luhan: o de que iríamos voltar em quarenta minutos.
- Vamos, Baekhyun... – eu disse e ele respirou fundo, como há quatro anos, piscando algumas vezes antes de olhar para mim como se também estivesse assistindo às mesmas memórias.
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What Is Love
Teen FictionDescobri muitas coisas depois que Baekhyun se mudou para a nossa casa: ele era um bom menino, desenhava como ninguém e podia salvar as pessoas, literalmente. Descobri também o significado do amor, mas um segredo poderia colocar todos os nossos sent...