Capítulo 12

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Baekhyun estivera desenhando enquanto conversava comigo naquela mesma tarde. Seus olhos estavam presos ao papel, mas eu sabia que seus ouvidos estavam captando o som da minha voz. Eu não falei muito, apenas expressei o que sentia com relação à senhora Fong e ao estado de saúde dela.

- Ela vai ficar bem – ele disse, pausando o lápis para fitar a paisagem pela janela. O céu estava ficando nublado e Dutch começara a se agitar: seus latidos de repente ficaram mais rápidos, talvez indicando que uma tempestade estava se aproximando.

Eu abracei um dos travesseiros da cama de meu primo, deitada sobre o edredom, assistindo enquanto ele traçava levemente o grafite sobre a folha branca, copiando o que sua mente lhe mostrava. Dessa vez não era eu ou qualquer outra pessoa. Não era Dutch e nem nenhuma paisagem. Eram apenas linhas que se pareciam com algum fenômeno celeste, talvez o céu como ele imaginava.

- O que é? – eu perguntei por curiosidade. Ele observou o desenho por um tempo e disse que não sabia explicar. – No que anda pensando? – eu indaguei, tentando ajudá-lo.

- No fato de que posso curar as pessoas – ele respondeu. – Talvez seja essa a imagem dessa transferência? A dor passando de um corpo para o outro...?

Talvez.

Os dedos de meu primo criaram sombras em algumas partes do papel e ele esfregou a ponta do indicador para esfumar outro pedaço, dando o efeito desejado. Se não era daquele jeito, ali estava uma ótima forma de se entender o que acontecia quando Baekhyun ajudava alguém.

Mesmo depois de termos passado a manhã juntos, sua expressão demonstrava um ligeiro cansaço. Ele teimava em dizer que se sentia bem, mas estava óbvio que a consequência na ajuda a Luhan estava ali. Ele não cuspira mais sangue, mas sua pele estava um pouco pálida e seus lábios levemente rachados. Baekhyun levantou-se da cadeira onde estava sentado e descansou o papel e o lápis na mesinha de cabeceira antes de subir na cama e deitar-se ao meu lado. Uma de suas mãos imediatamente correu por minha cintura e ele aconchegou-se ali, roçando o nariz em um dos meus ombros. A porta estava aberta para não levantar suspeitas: minha mãe retornou ao hospital e meu irmão estava na sala de estar, jogando.

- Eu posso salvá-la – ele disse de repente e eu me assustei com tal fala. Isso passara pela minha cabeça, mas eu jamais deixaria que ele fizesse algo do tipo. Não quando já estava enfraquecido daquela maneira.

- Eu não deixaria você fazer isso – eu disse e ele respirou fundo. – Estou falando sério, Baekhyun, você... Não pode.

- Por que não? – ele indagou. – Ela é importante pra você, eu estaria fazendo algo bom.

- Você também é importante pra mim – eu retruquei. – Seria como se eu tivesse que escolher entre um ou outro... Isso não é nem um pouco justo.

- Se eu fizer, não vou morrer.

- Como você sabe? – eu o interrompi. O que ele estava dizendo era um absurdo. – O seu poder é maravilhoso, mas você tem um limite.

- Que eu nunca testei...

- Baekhyun... – o cortei novamente, dessa vez virando-me para encará-lo. – Por favor, você tem esse dom por algum motivo que não é ficar desafiando o seu corpo. Você, melhor do que ninguém, sabe o que acontece quando cura alguém.

- Está parecendo o nosso avô falando – ele comentou e só então me passou pela cabeça que este segredo poderia ter sido guardado por mais alguém. Baekhyun vivera com meu avô por mais de quatro anos, o que implicaria no conhecimento de certos hábitos e também trejeitos.

- Vovô... Sabia sobre isso? – eu perguntei e meu primo concordou com um resmungo. – Ele descobriu ou você contou?

- Eu contei – ele respondeu, falando com tranquilidade. – Quando ele adoeceu pela primeira vez, eu meio que o curei, então tive que dizer toda a verdade.

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