Saí bem cedo, deixando um bilhete na mesa da cozinha, avisando que estava fora com Dutch, para que meu primo não achasse que todos o havíamos abandonado. Não estava tão frio, mas eu me apertei dentro de um casaco comprido de cor vinho que eu encontrara em meu armário, um pouco amarrotado por ter sido esquecido lá dentro durante tanto tempo. Fora o último presente que eu ganhara de meu pai e eu o havia usado poucas vezes. Talvez fosse por isso que Dutch insistia em cheirar a barra da blusa, estranhando.
- Você está assim porque não chamamos o Baekhyun? - eu perguntei e o cachorro fez um barulho engraçado com o focinho, como se espirrasse. - Entenderei isso como um 'sim'.
Nós fizemos o mesmo caminho de sempre, pois o meu objetivo era ir até a casa da senhora Fong para conversar. Pensei muito em como abordá-la, mas a única conclusão a que cheguei foi a de que deveria simplesmente ir direto ao ponto. Ela sabia algo sobre meu primo, talvez algo relacionado ao 'poder' que ele possuía. Do contrário não teria usado aquelas palavras na última vez em que nos viu. "Apenas cuide para que ele não faça nenhuma besteira". Eu estava ali para tirar essa dúvida.
Segurando a guia, fui com Dutch até a varanda da frente da casa da senhora Fong, notando que as janelas estavam fechadas. Toquei a campainha, mas ninguém apareceu para nos atender. Esperei um pouco, tocando a campainha mais uma vez, mas a casa estava vazia.
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- Por que não me chamou pra ir com vocês? - Baekhyun quis saber. Sentou-se na lateral de minha cama e ficou observando-me enquanto eu guardava minha caderneta colorida na gaveta.
- Você sabe, precisa descansar - eu respondi, caminhando até ele e sentando-me ao seu lado. Meu primo suspirou, logo pegando numa de minhas mãos sem cerimônia alguma.
- Já não sinto mais nada - ele disse, direcionando-me um sorriso -, mas obrigado por se preocupar.
Seu rosto estava mais corado, demonstrando, junto à sua expressão, que ele não se sentia mais tão cansado como nos dias anteriores. Baekhyun ficou me olhando durante longos segundos e eu comecei a me sentir estranha com tamanha admiração. Sem graça, desviei meu rosto dele e me levantei, indo buscar o desenho que havia deixado sobre a mesinha do computador.
- Acho engraçado o modo como você me vê - eu falei, caminhando com o papel nas mãos.
- Como assim? - ele não entendeu. Parei próxima da cama, apontando para os traços do grafite.
- Eu pareço mais bonita no desenho.
Meu primo riu e fingiu analisar a figura e à mim. Mordi o lábio, abaixando a cabeça.
- Você tem que sorrir pra que eu possa comparar - ele brincou, mas eu não queria ficar mostrando os meus dentes, já que estava começando a ficar envergonhada. Baekhyun esperou alguma reação minha, mas eu não sabia o que dizer.
Era estranho me sentir daquela forma, tão indecisa e tão idiota por dentro. Como no dia em que Minseok me puxou para dançar naquela festa do colégio e me beijou pela primeira vez. Não, na verdade, estava sendo mais forte. Fora de tudo o que as pessoas já haviam descrito quando se tratava de estar perto de alguém especial.
Não sei por quanto tempo fiquei divagando sobre esse sentimento, mas fui libertada das indagações quando senti as mãos de meu primo me puxando para perto dele. Elas pousaram em minha cintura e lá ficaram, enquanto os olhos dele chamavam pelos meus. Estava realmente desligada por não ter notado quando ele se levantou.
- Você me assustou! - eu disse e não sabia se o tocava ou se continuava com as mãos livres, gesticulando com o desenho em uma delas.
- Você estava distraída demais - ele ergueu uma das sobrancelhas. - Eu sei que estava pensando no seu namorado.
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What Is Love
Ficção AdolescenteDescobri muitas coisas depois que Baekhyun se mudou para a nossa casa: ele era um bom menino, desenhava como ninguém e podia salvar as pessoas, literalmente. Descobri também o significado do amor, mas um segredo poderia colocar todos os nossos sent...