Capítulo 13

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Fiquei sem falar com Baekhyun durante aquela tarde inteira e essa falta de comunicação duraria ainda mais tempo se ele não tivesse batido na porta do meu quarto em plena madrugada. Passava das duas da manhã quando meu silêncio autorizou a entrada dele no cômodo. Ouvi seus passos e sabia que ele estava chegando perto, então puxei o edredom até o pescoço, dando-lhe as costas. Eu estava sim um pouco brava depois do que ele havia feito, sarando o machucado em meu dedo quando eu havia pedido para que ele não o fizesse. Em parte, parecia uma birra minha, mas no fundo, eu me achava com a razão: um cortezinho como aquele poderia não causar dano algum, assim como poderia contribuir com a fraqueza que ele ainda sentia depois de ter curado o ferimento no braço de Luhan.

Esperei, achando que meu primo iria dizer alguma coisa mas, para a minha surpresa, senti que ele havia subido na cama e estava se deitando ao meu lado: o som da sua roupa em contato com o lençol me fez ter leves calafrios.

- O que está fazendo? - eu perguntei, contrariando a mim mesma, pois não queria ser a primeira a falar.

- Eu feri você com as minhas palavras - ele respondeu, ajeitando o edredom sem a minha permissão -, e você me feriu com as suas. - Senti seu braço em minha cintura e fechei os olhos com força por ele estar tão próximo. - Me desculpe.

Tentei manter aquele pensamento de que estava irritada o suficiente para ignorá-lo, mas foi impossível. Ele parecia estar querendo me curar psicologicamente, o que poderia ser ainda mais perigoso.

- Eu não quero falar sobre isso - eu disse e não me movi -, e você não deveria estar aqui a essa hora.

- Não queria que você ficasse brava assim - ele lamentou, marotamente encostando a ponta do nariz no meu ombro.

- Já passou - eu deixei escapar, sentindo vergonha por não estar olhando para ele. Não que eu fosse enxergar muita coisa por conta da escuridão que tomava o meu quarto. - Não sou uma fraca por não conseguir ficar zangada com você por mais tempo?

- É, é sim - ele riu baixinho. - Ainda bem.

Eu ri junto dele, deslizando minha mão pelo braço que ele mantinha em meu corpo, encontrando seus dedos e os entrelaçando aos meus como eu sempre gostava de fazer. Baekhyun ficou quietinho e, por um instante, achei que tinha adormecido.

- Você vai dormir aqui? - indaguei, sentindo um arrepio novo viajando dentro do meu corpo.

- Aham - ele respondeu com um resmungo.

Nem Minseok havia passado noite alguma comigo: às vezes ele ficava até mais tarde, mas acabava tendo que dormir no quarto de hóspedes, que agora pertencia a Baekhyun. Dizia ter receio da minha mãe, achando que estava faltando com respeito à ela e todas essas desculpas mais. Eu também nunca fora dormir na casa dele, o que, de repente, me pareceu estranho. Nós éramos namorados e estávamos juntos a tempo suficiente para criar essa intimidade, então por que nunca havíamos dividido uma noite de sono como um casal comum?

Se eu soubesse que era tão gostoso dormir do lado de alguém que a gente gosta... Era bem diferente de dormir ao lado de Kyungsoo, por exemplo. Com Baekhyun eu me sentia igualmente protegida, mas tinha vontade de permanecer ali para sempre.

- Tem algum problema se eu ficar? - ele quis saber e bocejou em seguida.

- Não, se você for agora, eu vou sentir falta de alguma coisa aqui na cama - eu brinquei e ele depositou um beijo demorado em meu ombro, fazendo o mesmo ao percorrer o caminho até o meu pescoço. Não era justo nós estarmos com tanto sono.

Por sorte, minha mãe não costumava vir até o meu quarto de manhã, uma vez que ela saía cedo para trabalhar, então quando abri os olhos, dando de cara com meu primo adormecido ao meu lado, senti uma tranquilidade imensa. Ele era realmente muito bonito e eu tive vontade de traçar cada linha do seu rosto com a ponta dos meus dedos, como ele fazia quando delineava os meus retratos com lápis numa folha de papel. Respirava serenamente, coberto até o peito com o edredom, o que me fez imaginar como teríamos chegado àquela posição. Sem muita pressa e sem dar a mínima para o horário, eu me movi devagar, tentando não acordá-lo, e elevei uma de minhas mãos para afagar o seu cabelo, tão macio como o esperado. Se isso não soasse tão clichê, diria que ele era um anjo que havia sido enviado para mim, porque eu não podia negar que ele estava me salvando de alguma maneira.

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