Capítulo 20

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Não sabia ao certo porque havia acordado tão cedo naquela manhã. Simplesmente não conseguira pregar os olhos novamente depois de ter acordado para ir ao banheiro, então venci a preguiça e me vesti, descendo para comer alguma coisa. Dutch estava deitado no tapete da sala e veio até mim ao notar que eu estava fazendo barulho na cozinha. Nós dividimos um lanche qualquer e eu fui até a sala de estar, jogando-me no sofá. Dutch sentou-se do meu lado, colocando a pata sobre um de meus braços.

- O que você quer? – perguntei e, como se entendesse, ele correu até a porta da cozinha e olhou para fora. Estava frio, mas Dutch estava acostumado a passar o dia no jardim, brincando com as suas coisas e esperando companhia para tais atividades. Há alguns dias, com Baekhyun no hospital, ele certamente sentia-se sozinho. – Passear?

Era como se concordasse, agitando o rabo no ar. Levantei-me e fui até ele, abrindo a porta para vê-lo correr para o lado de fora. Queria apenas sentir-se livre por um instante e logo retornou, tocando meu joelho com o focinho como se agradecesse.

- Sua casinha já está seca de novo – eu disse e apontei. A chuva não mais invadia a área coberta pela marquise. Dutch cheirou toda a área e pareceu ter gostado de voltar para o seu cantinho. Deitou-se em um dos travesseiros novos que minha mãe havia comprado para ele e eu tratei de repor sua água e o pote de ração. Feito isto, avisei que subiria para meu quarto e fiz carinho em sua cabeça de pelo branco.

Subi as escadas, mas meu destino era, na verdade, o quarto de Baekhyun. Quando retornava do hospital, deixava o livro escrito por minha tia sobre a cama de meu primo, apenas como uma desculpa para adentrar aquele cômodo da casa e obter lembranças. Ao abrir a porta, tive que ligar as luzes, pois as cortinas estavam fechadas. Dei passos curtos até a cama, porém meus olhos correram para a mesinha no outro canto, mais exatamente para o caderno de desenhos. Meus pés me guiaram até lá e eu puxei a cadeira, sentando-me nela. Apoiei os pulsos na mesa e fitei o caderno por um tempo até criar coragem para abri-lo. Era engraçado como instantaneamente eu me recordara do primeiro dia em que havia visto os seus traços, quando Baekhyun havia descido para verificar do que se tratava a euforia de Dutch e eu, mesmo sem permissão, folheei as páginas de seu caderno e me surpreendi com o dom que ele tinha em transformar riscos em formas, grafite em retratos, manchas em sombra... Os detalhes, ele os captava com uma precisão impressionante. Recordava-me da surpresa em ver um retrato meu em meio aos desenhos, depois outro e outro... A conversa com meu melhor amigo e a resposta que ele dera quando Luhan perguntara sobre o que ele gostava de esboçar.

"Tudo o que não sai da minha mente", ele dissera e quando eu decidira contar a verdade sobre ter visto o seu caderno, Baekhyun explicou que desde que havia se mudado para Cheonan sentia vontade de me desenhar. "Você é mesmo linda", ele dissera, posicionando as mãos em minha cintura para me beijar pela primeira vez. Guiando-me até que meu corpo encontrasse com a parede, permitindo-me sentir seu corpo contra o meu, encurralando-me. Uma cena que eu sabia que fora bonita, mesmo tendo-a vivido de olhos fechados.

Era incrível como, de repente, ele havia se tornado alguém tão constante e importante em minha vida, através dos gestos, do toque de nossas mãos quando ainda pensávamos que não deveríamos ter nada um com outro, dos dias passados juntos brincando e passeando com Dutch, usando isso como desculpa para que nos conhecêssemos, para que nos aproximássemos ainda mais. Meu primo me beijara pela segunda vez no mesmo dia em que eu o vira ajudar meu irmão, livrá-lo da falta de ar absurda que poderia tê-lo tirado de mim. Dividiu seu segredo conosco, acreditando que nada estava errado. Ele me assustou, mas fizera com que meu susto se transformasse em apoio.

Lembrava-me de quando havia gritado com ele ao terminar com Minseok e Baekhyun certamente não sabia se eu o estava culpando por isso ou não, mas quando pedi desculpas ele insistiu que estava preocupado comigo. "Pode curar esse tipo de ferida também?", eu havia perguntado e, mesmo esclarecendo que seu poder era apenas físico, a minha conclusão era que sim, ele havia me ajudado como podia: pedindo por meus sorrisos, cuidando de mim o tempo todo, inclusive em nossa viagem à Gwangju.

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