Capítulo 18

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O telefone estava sobre a mesa, mas eu me virei para fitar qualquer coisa que não fossem aqueles desenhos. Minha cama ainda estava desarrumada e as lágrimas continuaram a cair pesadamente ao me recordar do que tínhamos feito e das coisas que Baekhyun havia dito para mim.

"Ele está desacordado, não sabemos o que aconteceu...", parte da fala de minha mãe ecoava em minha mente e eu tinha plena certeza de que ela havia demorado um bocado em decidir se contaria isso a mim tão cedo e daquela forma. O único pensamento que crescia dentro de mim era o que dizia que Baekhyun não poderia ter feito aquilo comigo.

Minhas pernas amoleceram e me deixei cair sobre meus joelhos, usando as mãos para apoiar-me no chão, como se tivesse sido golpeada. Chorava alto, pois ninguém estava em casa para me ouvir. Queria gritar e descontar a raiva que estava sentindo em algo, mas não tinha forças nem para sair de meu quarto naquele momento. Estava ficando, inclusive, difícil de respirar.

O telefone tocou mais uma vez e eu só percebi o que era aquele som depois de um bom tempo. Sem ânimo algum eu me levantei e o peguei sobre a mesa, apertando o botão já sabendo de quem se tratava: minha mãe ficou preocupada com o meu estado e por eu ter desligado sem mais nem menos. Perguntou várias vezes se eu estava bem e eu menti dizendo que sim. Não perdi a oportunidade e avisei que estaria indo para o hospital e, mesmo contra a vontade dela, eu me despedi e corri para pegar um casaco. Descendo as escadas, liguei para um taxista e o esperei no jardim, deixando Dutch sozinho.

O caminho sempre parece mais longo quando você se sente desesperado por algum motivo e foi exatamente assim, com o tempo brincando comigo, que eu passei o trajeto até o hospital com o pensamento preso em Baekhyun. Poderia ser um clichê, eu poderia acordar e perceber que aquilo tudo era apenas um pesadelo, porém, a dor era real demais. Eu conseguia entender o que significava ter o mundo desmoronando sem meios de reagir e contê-lo.

Paguei a corrida, agradeci e depressa adentrei o hospital, procurando pela minha mãe. Ela certamente já estava esperando por mim e abriu os braços para me receber, notando o modo como eu parei antes de lhe dirigir qualquer palavra.

- Onde ele está? – eu perguntei e ela, acariciando o meu cabelo, disse que ele estava num quarto no mesmo corredor do quarto de Minseok.

Meus pés pararam em frente à primeira porta e eu sinceramente não entendi porque Minseok ainda estava acamado e desacordado. Minha mãe havia me dito que o quadro dele piorou inesperadamente e que não tinha noção sobre o que poderia ter acontecido, uma vez que Baekhyun foi encontrado caído ao lado da cama de meu ex-namorado. Ela não quis fazer referência a nenhum ataque ou coisa do tipo, uma vez que não sabia mesmo do que se tratava. E se eu tentasse dizer a ela o que sabia, com certeza ela me encaminharia à ala de psiquiatria de imediato.

Baekhyun estava exatamente no quarto ao lado, o que tornava tudo ainda mais doloroso. Entrar e vê-lo deitado, rodeado de fios e aparelhos, as mãos imóveis nas laterais de seu corpo, os olhos fechados e os cabelos úmidos... Uma cena que eu tentava destruir em minha mente.

Voltei a chorar e minha mãe ficou com receio de me deixar sozinha quando um enfermeiro a chamou. Perguntou se eu ficaria bem enquanto ela sairia por quinze minutos, no máximo, e eu concordei, ouvindo-a dar passos calmos até a porta. Eu não desgrudava os olhos de meu primo e, de repente, não queria mais sair dali.

- Baekhyun, você me prometeu – eu falei baixinho, sentindo a voz tremer com aquelas palavras. – Você disse que não ia me deixar sozinha.

Fui para perto da cama e toquei a mão esquerda dele, que estava quase fria. O som irritante dos aparelhos me dava dor de cabeça e fitá-lo desacordado daquele jeito me deixava imensamente infeliz.

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