1. Dresses and dance

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- HATHAWAY -

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- HATHAWAY -

- Quem pode me dizer como funcionavam as temporadas na era vitoriana?

Minha cabeça estava doendo. Fiquei até três horas da manhã lendo aquele maldito livro. Não, maldito não, aquele incrível livro de Arthur Conan Doyle. Sherlock Holmes pode ter sido escrito há mais de cem anos mas não deixa de ser incrível.

O que eu estava falando?

Ah okay, minha cabeça estava doendo.

Depois de passar a madrugada lendo, acabei me atrasando para a aula de hoje, saí de casa as pressas pra tentar chegar a tempo, graças aos céus eu cheguei.

Mas isso não fez minha cabeça parar de doer.

Agora estou aqui, escutando mais uma vez sobre a era vitoriana enquanto dormia sentada com a cabeça doendo, estou tão nas nuvens que não sei nem se escovei meus dentes antes de sair.

- Senhorita Clarke?

Forcei meus olhos a focarem no professor a minha frente.

- Senhor...

- Você pode me dizer como funcionavam as temporadas?

Busquei no meu cérebro o artigo que eu havia lido sobre isso e respondi de modo automático.

- As temporadas eram um período de tempo social que aconteciam entre janeiro e junho de cada ano. Eram nesses encontros sociais que as mães que tinham filhas solteiras levavam as garotas para que pudessem encontrar um marido bom. Com base na posição no reino em que os homens solteiros estavam, os mais cobiçados eram os duques, em seguida os marqueses, condes, viscondes e barões, seus irmãos também eram bem quistos pelas mulheres.

O professor assentiu sorrindo e eu soltei o ar aliviada por não ter cometido nenhuma gafe, do jeito que estou, poderia dizer que as temporadas eram conjuntos de episódios de uma série que você gosta.

Foi mal, mas estou com sono e não vivo no século XIX.

- De acordo com o que a senhorita Clarke falou, as moças solteiras buscavam um marido com um alto status social, o que isso nos fala sobre a visão do amor naquela época?

Um garoto mais no fundo da sala levantou a mão.

- Amor não era o requisito principal para encontrar um marido ou vice versa, o casal poderia sim se apaixonar, mas após um convívio dos dois já em matrimônio.

- Isso mesmo senhor Johnson, você tocou no assunto aonde eu queria chegar, abram seus livros na página 325.

Tirei o livro de literatura da bolsa e abri na página em que o professor mandou.

- Aí tem uma lista com o nome dos maiores escritores do século XIX. Quero que vocês escolham uma obra de um deles e leiam, analisem, depois vocês me trarão um trabalho escrito sobre a visão de amor que esse escritor passa em suas palavras. Deixe que suas mentes trabalhem, não quero nada superficial, eu quero profundidade!

Acordei de vez depois do que o professor falou, eu esperava por um trabalho assim há anos, algo que eu pudesse colocar minhas idéias e opiniões no papel, eu queria ser eu mesma, eu queria escrever.

Mesmo que fosse sobre a obra de outra pessoa.

Mas isso não me preocupava, eu já tinha o livro perfeito pra resenhar, o Sr. Kim era um exemplo de romancista naquela época, capaz de fazer até o homem mais libertino acreditar na existência do amor. Ler suas palavras e encontrar o amor próprio dos personagens nas entrelinhas foi algo que sempre gostei de fazer com seus livros.

Agora eu poderia finalmente externar tudo isso.

Peguei meu exemplar de "As margens do Tâmisa" e saí da sala sem nem esperar a aula acabar, eu precisava me reabastecer de palavras profundas, passar a madrugada vivendo a vida de um detetive me fez sair um pouco do mundo romancista.

Sentei ao pé da minha árvore preferida de todos os dias e abri o livro, ele estava cheio de marcações e adesivos e com a lombada já um pouco surrada do tanto que o usava.

Esse livro andava comigo pra todos os lugares.

Fiz minha rotina de todos os dias e li a dedicatória impressa na última página, eu já sabia aquelas palavras decoradas.

"Dedico esse livro em memória do próprio autor dele, meu melhor amigo e querido irmão Kim Namjoon. Você transformou corações enquanto vivo com sua presença e jeito de agir, agora transformará corações na posteridade com suas palavras.

Com todo o amor que você me ensinou a sentir...

Kim Taehyung, 1901"

Fico besta toda vez que leio, com tamanha consideração que o irmão do Sr. Kim tinha por ele, passei a mão pelas folhas e depois segui para a primeira página, eu costumava apenas ler os parágrafos que havia sublinhado, já que são meus preferidos, mas hoje iria iniciar a leitura do livro todo.

Pela décima quarta vez.

"É possível ver os vestidos das belas moças balançando ao som da música, a sociedade londrina está em festa pelo novo ano que se inicia, mas o visconde Hughes não estava com a mente centrada nos acontecimentos daquela noite. Depois de refazer as contas do valor dos bens de sua família diversas vezes ele se deu conta de algo em que evitou pensar por um bom tempo.

Ele estava falindo.

Precisava arrumar uma esposa urgente, uma moça bela de status elevado que poderia ajuda-lo a sair da miséria, o problema era que ele não queria abandonar sua vida libertina.

Casar, para o visconde Hughes, era como o próprio inferno..."

- Lendo isso de novo Emilly? - Meu melhor amigo se sentou ao meu lado na grama e puxou o livro de minhas mãos.

- Me devolve Jungkook!

- Nah! - Ele bufou enquanto colocava o livro dentro da minha mochila. - Você vive com a cara enfiada nos livros desse cara, acorda pra vida e vem tomar alguma coisa com a gente, Hoseok tá esperando lá no prédio de biológicas.

Me levantei contra vontade e segui com Jungkook pelo campus da universidade. Eu os conheci quando se mudaram pra cá pra Londres, Jungkook e Hoseok vieram pra fazer faculdade de artes e medicina, respectivamente. Os dois moram no mesmo quarteirão que eu, e como toda a vizinhança se conhece então não foi difícil descobrir que eles existiam.

Ainda mais com suas características asiáticas tão evidentes.

- Acredita que ela estava lendo aquele livro de novo? - Jungkook falou para Hoseok assim que nos encontramos.

- Deixa a garota ser feliz! Ela faz faculdade de literatura, é óbvio que você a encontraria lendo.

- Alguém aqui me entende! - Respondi enquanto nós três andávamos juntos até a cafeteria da esquina, o chocolate quente de lá era divino.

- Vai passar lá em casa hoje Emilly? A Madison quer te ver.

Revirei os olhos para Hoseok. Madison era uma garota incrível, mas ela não batia muito bem da cabeça.

- Vou pensar, sabe que ela já assistiu filmes de ficção demais não é? Não sou muito fã da teorias malucas dela e dos seus planos de conspiração contra o universo.

- Não vou negar que a garota é meio pirada, mas ela é legal Emilly, com excessão da parte em que ela jura que viajou no tempo.

- Nem me fale dessa viagem no tempo dela. - Respondi pra Jungkook no momento em que entramos na cafeteria.

Fizemos nosso pedido, enquanto Jungkook e Hoseok conversavam sobre os planos pra essa noite, abri o livro escondido no meu colo e voltei a ler.

Kim Namjoon era uma mente que eu estava disposta a desvendar.

Sr. Kim - Kim NamjoonOnde histórias criam vida. Descubra agora