Capítulo: 02

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Allyson POV


- Mãe? - A chamei novamente. Ela virou, ficando de costas para mim.

- Sim querida. - sua voz estava um pouco rouca, eu a conhecia suficientemente bem para saber que ela estava tentando prender o choro.

- Porque não sinto minhas pernas?
- Perguntei tentando manter a calma. Ela virou-se para mim, seus olhos já cheios de lágrimas.

- Deve ser o efeito da anestesia que ainda não passou. - Ela falou.

- Mãe eu sei que não é isso. Eu...
- Minha voz foi cortada por alguns soluços.

- Querida, eu sinto muito, não pode ser evitado.

- Eu vou ficar presa em cima de uma cadeira de rodas pelo resto de minha vida? - Disparei de uma vez. Minha garganta estava se fechando, meus olhos ardiam por conta das inúmeras lágrimas que caiam de deles.

- Querida, tente ao menos pensar no lado positivo...

- Me diz mãe? Me diz qual o lado positivo? Eu ter perdido o homem que eu amava? Eu ter ficado em cima de uma cadeira de rodas?
- Eu disparei minha garganta fechando-se.

- Ao menos você esta viva. - Ela disse sua face mostrando seu cansaço.

- Preferia ter morrido. - Virei o rosto deixando que minha lagrimas caíssem de uma vez.


Dinah POV


- O garoto infelizmente morreu, e a garota ficou paraplégica. - Meu pai suspirou.

- Que tragédia, imagino como aquela garota deve estar se sentindo. - Eu disse.

- Ela perdeu o namorado e ainda ficou em cima de uma cadeira de rodas. - Meu pai balançou a cabeça, inconformado.

Eu também estava, e não ajudava em nada o fato de meu carro ter vestígios da tragédia.

- E o cara que bateu no meu carro? - Eu perguntei.

- Ele também morreu. Ao que parece ele bateu com a cabeça contra o volante, a pancada foi fatal.

- Eu sinto-me mal, porque para todos agora eu sou a única culpada. - Passei a mão em meus cabelos.

- Mas você sabe que não é. Foi uma fatalidade.

- Pai... Você acha que eu serei julgada? - Perguntei um pouco nervosa.

- Talvez, mas não se preocupe o posto de gasolina com toda certeza tem câmeras de segurança e filmou tudo, seu carro também é prova. - Ele falou.

É verdade, meu carro ficou bem danificado, graças a Deus eu sai ilesa de tudo, apenas alguns arranhões no braço.

- Sinceramente não sei com sai do carro andando, o cara me atingiu em cheio. - Balancei a cabeça.

Ao que parece, o motorista estava bêbado, atravessou o sinal vermelho e bateu com tudo no meu carro, o impacto foi tanto que meu volvo deslizou e acabou acertando o garoto e a garota.

- Deus é capaz de tudo minha filha. Mas não se preocupe você não tem culpa de nada, apenas concentre-se em sua faculdade, não terá de pagar pelos erros dos outros.
- Ele colocou um braço sobre meu ombro, olhei e seus sábios olhos e assenti.

- Tudo bem, como a mamãe está?
- Perguntei mudando de assunto.

- Preocupada, daqui a pouco esta chegando aqui, não adiantou dizer que você estava perfeitamente bem, sabe como ela é. - Ele sorriu meio que de lado.

- Sim, dona blanca é super protetora.

- Mas nem precisava disso, daqui a pouco poderemos ir para casa. Irei assinar alguns prontuários, eu já volto. - Ele saiu do quarto.

Como aquela garota estaria?



FLASHBACK ON:

Suspirei olhando a estrada, teria que parar logo para abastecer o carro, se não quisesse que ele morresse a qualquer momento.

Por sorte, eu sabia que a menos de dois quilômetros de onde estava havia um posto de gasolina.

Eu encheria o tanque, pegaria outra via voltaria para casa.

Às vezes era bom sair sem ter um lugar certo, só dirigir e conhecer novos horizontes... Novas pessoas.

Foi rápido, não pude fazer nada para impedir, em uma fração de segundo meu rumo foi alterado.

Em um minuto eu estava prestes a fazer uma curva e entrar no posto de gasolina, em outro meu carro estava sendo atingido na lataria por outro carro, só pude notar o rosto assustado de uma garota.

FLASHBACK OFF:



Três batidas na porta e em seguida uma enfermeira entro em meu quarto. Entregou-me dois comprimidos em um copo de água.

Após ela sair, levantei-me da maca que eu estava e olhei pela janela do quarto onde eu estava.

Não olhava nenhum ponto específico, apenas não queria ficar encarando a mesma parede branca por mais tempo.

- filha? - Me virei ao ouvir a voz de meu pai.

- Podemos ir? - Perguntei.

- Sim, como você não sofreu nada esta liberada, mas teremos que ir ate a delegacia, você terá que prestar depoimento, e eu já chamei nosso advogado, ele deve estar chegando.

- Advogado? Mas pai...

- É apenas para me sentir mais seguro, sei que você não tem culpa de nada, mas é muito bom ter uma pessoa especializada nisso por perto, mal não vai fazer. - Assenti e saímos do quarto, quando fechei a porta fui surpreendida por dois pequenos braços que me rodearam.

- Ah, minha filha fiquei tão preocupada. - Minha mãe chorava com o rosto enterrado em meu pescoço, afaguei seus cabelos com uma das mãos enquanto a outra segurava sua cintura.

- Esta tudo bem mãe, não há nada com o que se preocupar. - Falei baixinho.

Ficamos alguns minutos assim até que ela se acalmou um pouco, limpei as lágrimas que molhava seu rosto.

- Vamos resolver logo isso, iremos na delegacia, você dará seu depoimento e iremos embora. - Meu pai falou, ele já estava com um braço ao redor da cintura Da minha mãe.

- Pai... - O chamei meio insegura.

- Sim filha?

- Será que eu poderia ver a garota do acidente? - Perguntei.

- Você quer ver a garota? - Ele perguntou surpreso, a expressão de minha mãe estava do mesmo jeito.

- Sim, talvez falar com ela... - Eu dei de ombros.

-Hum, irei ver se ela pode receber visitas. - Ele disse e partiu em direção a recepção. Fiquei esperando com minha mãe.

- Bom, a recepcionista disse que ela pode sim receber visitas, apesar de tudo ela esta bem, a não ser pelas pernas. - Ele disse quando voltou. Pegamos o elevador, parando no andar onde ela estava.

Bati na porta do quarto.

Uma mulher com expressão cansada abriu a porta.

- Desejam algo? - ela perguntou, parecia fazer força, como se tentasse lembrar de quem nos éramos.

Após explicar tudo, e algumas frases de insegurança dela, que descobri ser mãe da garota que chama-se Allyson.

Meus pais e a mãe de Allyson ficaram do lado de fora, respirei fundo e entrei no quarto.

 •Di̾n̾a̾l̾l̾y̾• √ L͟o͟v͟e͟  B͟y͟  A͟c͟c͟i͟d͟e͟n͟t͟ (ᵍⁱⁱᵖ)Onde histórias criam vida. Descubra agora