Já havia alguns meses que eu estava em alto mar, sem pisar em terra firme. Eu gostava dessa vida desapegada. Era sempre só eu, meu barco e o mar aberto. Era meu lugar no mundo, nunca tive vontade de fincar raízes, nem criar vínculos afetivos. Meu objetivo de vida nos últimos três anos tem sido viver um dia de cada vez, sem realmente saber como ou onde eu estaria no dia de amanhã.
Os peixes que eu havia pescado algum tempo atrás estavam frescos, dentro da caixa térmica, eu os venderia para conseguir algum dinheiro sem precisar retirar da minha conta. Não queria movimentá-la por hora.
Aportei no cais da ilha Ahmet, um pequeno lugar movimentado e bonito. Era uma ilha aconchegante pelo que pude perceber nas duas vezes que passei por ali rapidamente. Após todo o procedimento no barco, peguei a caixa térmica e desci no porto belo do local. Entrei no mercado singelo que era um dos comércios que compunham aquela região e fui direto no local de sempre.
- Can! - a voz de Metin soou calorosa ao me ver. - Quanto tempo não pisa aqui, irmão. Cinco meses?
- Ou seis. - dei de ombros, sorrindo. - Pesquei alguns bons. Quer comprar?
- É claro. - ele assentiu.
Era um simpático dono de uma loja do mercado que vendia peixes e ervas. Ele foi com minha cara assim que me viu vendendo peixes pela primeira vez ali, eu gostava dele. Apesar de não querer criar laços com ninguém, era bom ver um rosto conhecido e ter um sorriso amigável vez ou outra. Metin contou e pesou o que eu havia pescado, fez os cálculos e por fim me deu o dinheiro, enquanto falava de sua mulher e filhos.
- Não quer jantar conosco esta noite? - perguntou por fim.
Ponderei... Seria bom comer algo diferente para variar, eu sempre só passava por aquele porto e Metin sempre me convidava, na mesma medida que eu recusava.
- Pode ser! - falei por fim e vi o sorriso crescer.
- Allah, Can! Vou avisar a minha esposa. Vai ser um prazer te ter conosco.
- O prazer será todo meu. - lhe sorri. - Vou procurar algo para comer agora.
- Quando sair daqui passo em seu barco para irmos juntos.
- Combinado. - eu confirmei.
Nos despedimos após ele me pagar com algumas notas os peixes que deixei ali. Sorri porque daria para comprar bons mantimentos e ficar bem até a minha próxima parada. Saí do mercado e segui pelo porto até onde eu sabia que havia uma barraca de comida.
Foi quando aconteceu.
Em frente a uma pequena e rústica lanchonete, com uma bonita cesta, estava ela. Sorrindo e oferecendo as flores das mais variadas cores que enchiam o recipiente de palha.
Nunca acreditei em amor ou paixão a primeira vista, essas coisas surgiam com o tempo. Mas quando ela virou a cabeça e os cabelos esvoaçaram, meu coração acelerou e então seus olhos estavam em mim.
Foi naquele olhar, exatamente naquele brilho, que eu me encontrei, na mesma medida em que me perdi.
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Quando te vi
FanfictionUm forasteiro, uma nativa e uma pequena ilha que é palco para uma veloz atração e ardente paixão. Sanem Aydin cresceu e se criou na pequena ilha Ahmet, próxima a cidade turística Fethiye. Vivendo sozinha em sua pequena casa com um enorme jardim e um...