CAPÍTULO 1

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O barulho de algo de vidro quebrando a fez sobressaltar e olhar para a outra garota a sua frente, que estava tão assustada quanto ela. Sentiu o peito praticamente saltar na região em que seu coração batia acelerado de uma maneira que não era capaz de descrever, assim como a angustia que crescia em seu estômago, amargando sua boca.

— Ele vai matá-la. – sussurrou para a menina que era dois anos mais velha que ela.
— Não vai. – o sussurro em resposta veio do outro lado. – É assim sempre. – o complemento soou fazendo sua traqueia fechar.

Apesar da feição assustada, a menina parecia acostumada àquele tipo de coisa. Sobressaltaram em uníssono novamente quando ouviram um grito fino e um murmuro de dor logo em seguida, após o doloroso barulho de peles de chocando. Ela sentiu-se enojada e queria estar em um pesadelo, contudo estava sendo apresentada a sua nova e mais amarga realidade.

— Não! – notei que estava suando e com a garganta dolorosamente seca quando abri os olhos. – Ok... Tudo bem. – me ouvi sussurrando para eu mesma, a medida que respirava fundo para tentar fazer meu coração bater em ritmo calmo.

Engoli sentindo a saliva rasgar minha garganta e soltei uma ruidosa lufada de ar, sentando-me na cama e tentando mostrar ao meu cérebro que só havia sido um sonho ruim, que eu estava segura e bem. Respirei fundo mais uma vez e algum tempo depois estava mais calma.

Eu detestava sonhar com o passado. Detestava que os sonhos ruins se enraizassem em minha cabeça e me confundissem durante todo o dia. Não era algo frequente, graças a Allah. Contudo eu tinha que confessar: sempre que acontecia, me afetava de uma forma caótica.

Levantei decidida a deixar àquelas lembranças no lugar que deveriam estar: para trás e fui começar a minha rotina. Era pouco mais de cinco da manhã e se eu não corresse, iria me atrasar.

Tomei meu banho, vesti uma roupa leve e me dirigi a cozinha, tomando um café rápido e fácil. Sendo naturalmente atrapalhada, cozinhar não era meu forte, então o que fosse mais prático, certamente era o que eu sempre estava comendo. Entretanto o chá era algo indispensável e quiçá viesse a ser a única coisa que eu fazia muito bem na cozinha.

Após lavar a pouca louça usada, corri para fora da minha pequena residência e sorri ao pisar no meu lindo jardim. Eu amava flores e as cultivava ali com extrema precisão. Havia flores e rosas de todos os tipos, elas eram as minhas melhores amigas e companheiras.

— Bom dia, lindezas. – eu falei com um sorriso estampado no rosto.

O sol começava a brilhar forte e eu precisava aguá-las o mais rápido possível assim o fiz, falando com todas elas. As pessoas achavam que eu era maluca, mas tudo era cuidado. Se você poda, rega, retira as ervas daninhas, dar amor, carinho e atenção, as flores crescem da maneira mais bela possível. As minhas eram dessa forma, exuberantes, como uma cliente americana me falara na semana passada, ela ficara impressionada e eu não poderia culpá-la. Minhas meninas eram mesmo de tirar o fôlego.

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