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- Posso ir com você? – Agatha me pergunta quando saímos do aeroporto

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- Posso ir com você? – Agatha me pergunta quando saímos do aeroporto.

- Tem certeza? – pergunto. – Eu posso ir sozinho.

- Acho que me sentiria melhor se eu mesma explicasse. – ela diz e eu concordo.

- Tudo bem então.       

Ligo para Bruno, que ainda estava com Felipe e peço para eles nos encontrarem num barzinho que sempre costumávamos ir. Talvez em um ambiente menos sério, a conversa fosse menos pesada. Agatha e eu chegamos primeiro, mas Bruno não demorou a chegar junto com Felipe, Mariana e Yanna.

- E as crianças? – pergunto ao ver os quatro ali sem nenhum filho.

- Ficaram com os pais da Yanna. – Felipe me responde.

Quando eles se sentam, Agatha não demora a começar a se explicar. Então ela volta para o início de tudo. Ela explica sobre a melhor amiga; do seu noivado que foi rompido às vésperas do casamento; do seu encontro com Daniel e Marcela e a descoberta de que agora estavam juntos; o momento em que eu apareci e ela pediu minha ajuda; e a forma como seus pais souberam do namoro, nos levando até este momento.

- Eu não consegui dizer que tudo era mentira. Me acovardei quando a ouvi tão feliz no telefone. E Rodrigo foi um anjo por ter aceitado participar disso tudo.

- Sinto muito por seu noivado. – Mariana diz solidária, segurando na mão de Agatha. – Deve ter sido muito difícil.

- Na época, sim. – Agatha confirma. – Às vezes ainda machuca. Mas aos poucos vai deixando de doer.

- Nada como o tempo. – Felipe completa.

- E como vocês vão fazer agora? – Yanna pergunta, olhando para nós dois.

- Vou começar a preparar o terreno, até dizer para a minha mãe que terminamos de uma forma amigável.

Yanna apenas assente, compreensiva. Mas conheço o olhar que ela me dá. Aquele que diz que no lugar de Agatha, ela contaria a verdade. Mas assim como eu, ela sabia como era difícil e que Agatha deveria saber o que era melhor pra ela.

- Desculpe se parecemos estranhos no restaurante, mas é que fomos pegos de surpresa. – Bruno fala.

- Imagina! Eu quem peço desculpas por envolve-los nessa situação.

- Até que foi divertido. – Felipe diz, surpreendendo-nos. Ele e Bruno trocam um olhar cúmplice, e eu sabia que quando isso acontecia, sobrava pra mim.

- Confesso que eu quase ri na frente dos seus pais quando ouvi eles dizerem que o Rodrigo era médico. – Bruno diz, olhando para Agatha. – Quando ele era pequeno, mal podia ver sangue.

E então eu virei a piada da noite. Bruno e Felipe começaram a relembrar episódios da nossa infância que envolviam sangue e eu passando mal. Todos riam, até mesmo Agatha. E eu só deixei que meus irmãos continuassem porque ela estava se divertindo. Toda a tensão da situação foi esquecida, e aproveitamos a noite numa boa conversa com meus irmãos e cunhadas. E quando deixo Agatha em seu prédio, já é um pouco tarde.

- Seus irmãos foram incríveis, Rodrigo. – Agatha diz, tirando o cinto e se virando para ficar de frente pra mim. – E as suas cunhadas também.

- Eles são ótimos mesmo. – concordo e sorrimos. – Bom, acho que está terminado não é?

- Sim. – ela suspira. – Eu acho que nunca vou te agradecer o suficiente. – ela diz, segurando na minha mão. – Sei que não é confortável pra você mentir, mas mesmo assim você fez de tudo pra me ajudar. Acho que você foi o melhor namorado que já tive. – seus dedos se entrelaçam nos meus e a sensação é muito boa. – E eu não esqueci que estou te devendo. Pode contar comigo pro que precisar!

- Vou me lembrar disso e pensar em uma forma de você me compensar. – digo.

- Faça isso. – ela me responde de volta. – Boa noite.

- Boa noite, Agatha.

Vejo-a sair do carro e só dou partida quando vejo que ela já entrou no prédio em segurança. Volto pra casa relembrando a loucura que havia sido aquele fim de semana. Mas apesar dos sufocos e da mentira, foi divertido estar com Agatha e a família dela. Acabei não falando isso pra ela, mas oportunidade não faltaria.

Mas a semana foi corrida e eu mal tive chance de vê-la. Com o meu pai ainda fora da cidade com a minha mãe, seus compromissos na construtora recaíram sobre mim e meus irmãos. Apenas na sexta consegui um tempo e almoçamos juntos, algo que só percebi naquele momento, mas que senti falta.

- A minha mãe rasgou elogios pra você. – ela me contou enquanto esperávamos os pratos que escolhemos. – Você dificultou a minha vida, Rodrigo. – ela me acusou e eu ri. – Passei a semana toda tentando preparar o terreno e ela mal me deixou falar.

- Tudo bem, Agatha. – a tranquilizo. – Só se passou uma semana. Não teríamos problemas no nosso paraíso em um espaço tão curto de tempo, teríamos?

- Bom, não. Mas uma hora ela vai precisar me deixar falar. – ela disse rindo.

O tópico do nosso namoro não foi prolongado em nossa conversa. Logo estávamos conversando sobre trabalho e dividindo nossos planos para o fim de semana. Agatha era uma ótima companhia e era natural conversar com ela sobre qualquer coisa. Quando nosso intervalo de almoço terminou, voltamos para a construtora e eu não a vi mais. Eu ainda tinha muito trabalho e era tarde quando saí da construtora, atrasado para o jantar em família. Meus pais tinham chegado durante à tarde e queriam todos os filhos, noras e netos reunidos à noite.

Não foi novidade chegar e já encontrar todos juntos à minha espera. Abracei meus pais e quis saber sobre a viagem de comemoração antecipada do aniversário de casamento deles. Haveria uma festa dali a poucos dias, mas eles deram um jeito de ter uma comemoração particular. Cumprimentei Yanna e Mariana e apenas acenei para os meus irmãos, já os que tinha visto até a pouco.

- Onde estão os mini furacões? – pergunto, estranhando o silêncio que se fazia.

- Estão vendo desenho na sala de tv. – Mariana me responde. – Mas vou chama-los, só estávamos esperando você pra jantar.

Em poucos minutos eles apareceram e correram em minha direção como sempre faziam. Eu adorava ser o tio legal e que era recepcionado com alegria por eles. Abracei Maria e Madalena, deixando Joaquim por último.

- Tio Rod, você trouxe sua namorada pra jantar? – meu sobrinho me pergunta e eu não posso evitar minha cara de pânico.

- Namorada? – meus pais perguntam ao mesmo tempo e me encaram curiosos.

- Seu tio não tem namorada, filho. – Felipe tenta desviar o assunto, mas Joaquim não se cala.

- Tem sim, pai. Aquela do restaurante, você não lembra? – Joaquim encara o pai, quase repreendendo-o por ter esquecido tal coisa. – Ele beijou ela, eu vi!

Como ele sabia de tudo isso se ele ficou mais tempo brincando com Maria e Madalena no espaço para crianças no restaurante do que conosco na mesa? Fui inocente demais. Maria e Madalena ainda não compreendiam essas coisas, mas esqueci que Joaquim já tinha idade o suficiente para se questionar. ESSE MENINO ERA UM PERIGO.

- Por que não nos contou que estava namorando, filho? – meu pai pergunta e eu encaro meus irmãos, procurando por ajuda. Mas nenhum deles se manifesta.

Traidores.

- É recente pai, e não é namoro. – respondo, me vendo sem muita saída.

- Mas se você a apresentou para os seus irmãos, está ficando sério, ou alguma importância ela tem.

- E quem é a moça? – minha mãe insiste.

- Agatha. – eu digo e vejo meu pai tentando ligar os pontos. – Ela mesma, pai. A arquiteta que o senhor contratou. – e quando tiro sua dúvida, um enorme sorriso surge em seu rosto.

E lá vamos nós de novo...

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