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Eu não pude resistir

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Eu não pude resistir.

A música, a proximidade, o perfume dela...

ELA.

Tudo veio muito forte e não consegui refrear o impulso de beijá-la. Um beijo de verdade, diferente dos outros que já havíamos dado. Esse não tinha sido para fingir nada e nem para que alguém visse. Pelo contrário. Enquanto a beijava, parecia que não existia mais nada e nem ninguém ao nosso redor. Agatha tinha os lábios mais incríveis que os meus já haviam tocado, e beijá-la fez tudo aquecer dentro de mim, algo que jamais senti de forma tão intensa como agora. Mas não queria me ater a isso, pelo menos não naquele momento.

Por isso estava até agora, várias músicas depois, da mesma forma. Com Agatha em meus braços, dançando juntos, aproveitando a paz que eu sentia em meio a um turbilhão dentro de mim. Isso fazia sentido?

- Boa noite a todos. – a música parou, dando lugar à voz do meu pai. – Ana e eu gostaríamos de agradecer a todos vocês, queridos familiares e amigos, por estarem conosco nesta noite tão especial, celebrando o amor. Todos os que estão presentes aqui são muito especiais.

Ao fim das palavras do meu pai, os aplausos tomaram conta do jardim. Agatha me encara sorrindo e eu não posso deixar de sorrir de volta.

- Agora gostaríamos de chamar os nossos três maiores tesouros para virem até aqui. Nossos filhos queridos. – a voz da minha mãe cessa os aplausos. – E também minhas noras e netos. Por favor, venham.

Levo alguns segundos para reagir, porque sei que dessa vez eu não caminharia até o pequeno palco montado sozinho. Os meus pais esperavam que eu levasse Agatha junto. Porque para eles ela já era a sua nora. Eu a encaro e embora veja que ela está tão desconfortável com a situação quanto eu, sua mão se unindo à minha é o que me faz me mover e caminhar junto dela até os meus pais. Somos recepcionados com abraços e sorrisos carinhosos, e logo meus irmãos, cunhadas e sobrinhos juntam-se à nós.

- Seu pai e eu sempre falamos que vocês três são o melhor que nos aconteceu. Vocês nos tornaram pais e são filhos incríveis. E só desejamos que a vida de vocês com as mulheres que escolheram para amar seja tão feliz quanto a nossa é. – minha mãe fala enquanto nos encara emocionada. – Que o casamento e a vida em família seja sempre baseado no amor e na compreensão. – minha mãe deseja, enquanto olha para meus irmãos e cunhadas. – E você, querido... – ela então se dirige para mim e meu coração acelera em expectativa por suas palavras. – Que você e Agatha possam construir uma linda história juntos, e que seja só o começo da felicidade de vocês.

O nó na garganta era inevitável. Ouvir meus pais falarem isso de forma tão sincera enquanto eu mentia para eles, não era nada confortável. Mas ainda assim sorri, porque eu os amava e saber o quanto eles desejavam a minha felicidade e a dos meus irmãos sempre me tocava.

Agatha aperta minha mão e eu a encaro. Em seu olhar, vejo o entendimento. Ela se sente como eu, estamos nisso juntos. Aperto sua mão de volta e então me sinto ser empurrado. É então que percebo que estamos prestes a fazer parte de um abraço coletivo. Somos uma mistura de braços enquanto ouvimos os aplausos e gritos de todos ali.

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